Postado por - Newton Duarte

Anjo e príncipe: Charles escreve nova história no Bahia

Anjo e príncipe: à beira do campo, Charles escreve nova história no Bahia

Auxiliar técnico e ídolo tricolor, Charles Fabian conversa com exclusividade com o GloboEsporte.com, relembra histórias do passado e momento atual do clube

Voltemos no tempo. O ano era 1988. 27 de novembro de 1988. O Bahia lutava para chegar à fase final do Campeonato Brasileiro e tinha pela frente o Corinthians, na velha Fonte Nova. Adversário duro, jogo difícil. O ponteiro do relógio corria, o tempo passava e o placar insistia em não sair do zero. Nas arquibancadas, milhares de torcedores se espremiam apreensivos à espera de um anjo salvador que empurrasse a bola para as redes. Ele apareceu. O jovem Charles, 20 anos, baiano de Itapetinga, entrou em campo no 2º tempo e sofreu a falta que originou o gol de Parreira, aos 29 minutos. Só que a glória estava guardada para mais tarde. Aos 45, recebeu bola na área, dominou com extrema categoria e finalizou com perfeição. Aos 45, o primeiro gol como profissional. Charles Fabian, o "Anjo 45", ídolo que eternizou com gols sua história no Esporte Clube Bahia.

O final desse enredo qualquer tricolor que se preze conhece. Os gols de Charles, a genialidade de Bobô, a habilidade de Zé Carlos e a segurança de Ronaldo foram alguns dos pilares do título conquistado em 88. Depois de boa campanha na fase classificatória, o time comandado por Evaristo de Macedo alcançou a glória ao eliminar Sport (dois empates), Fluminense (empate e vitória) e Internacional (vitória e empate). O jogo do título, o troféu levantado no Beira-Rio lotado de colorados, é lembrado com orgulho pelos personagens envolvidos na conquista.

Charles Fabian marcou seu primeiro gol no profissional contra o Corinthians, em 88

Charles é um desses personagens. Para falar sobre ele, porém, é preciso voltar ainda mais no tempo. A trajetória do ex-jogador no futebol começou nas divisões de base do Bahia, passando pelas equipes infantil, juvenil e de juniores. Nessa época, a camisa que vestia não era a 9, típica dos atacantes que conhecem como ninguém a pequena área. Charles jogava como meia. Mas o faro de gol sempre o acompanhou, tanto que despontava como artilheiro nas competições que disputava pela base. O talento nato para romper defesas e correr para as redes não passou despercebido. Na hora de subir para o time profissional, uma orientação de “Titio” Fantoni, técnico com passagens marcantes pelo Fazendão nas décadas de 70 e 80: “você vai virar atacante”.

Charles Fabian seguiu a ordem, mas não antes de protagonizar um imbróglio curioso que, anos depois, aparece em forma de uma história deliciosa. Para virar profissional, ele queria que o Bahia lhe pagasse dois salários mínimos. O Bahia queria pagar apenas um. A solução? Fazer as malas, “abandonar” o futebol e ir trabalhar com o pai em Itapetinga.

- O começo dessa história toda se passou um pouco antes. Quando eu estava para fazer o meu primeiro contrato de profissional, foi no início do Brasileiro de 88, eu queria dois salários mínimos, e o Bahia só queria me dar um. Aí, eu me revoltei e fui embora. Muitas pessoas não se recordam disso. Eu passei um mês no meu interior. Meu pai não queria que eu jogasse mais, porque achava que era falta de consideração com minha história na base, de conquistas, títulos, artilharia em todos os campeonatos que eu disputava. Meu pai disse: “Venha para cá que você vai trabalhar comigo”. Fiquei um mês em Itapetinga. Só que aí o pessoal começou a dar falta. A torcida começou a perguntar: “Cadê Charles?”. Aí foi quando eu retornei. Fiz o meu primeiro contrato com dois salários mínimos. Fiz um contrato de seis meses – revela Charles.

Por sorte, o período longe dos gramados durou pouco. Charles voltou ao Fazendão, treinou por cerca de 15, 20 dias e foi para o banco de reservas em uma partida do Brasileiro. Qual partida? Bahia x Corinthians. Aquele mesmo Bahia x Corinthians do início do texto. Um dia inesquecível para o futuro ídolo do Tricolor.

- Não lembro do meu primeiro jogo como profissional, porque joguei muitos amistosos. Eu era da base, mas treinava com o profissional, fazia alguns jogos. Quando eu comecei a me firmar, o jogo inesquecível para mim foi contra o Corinthians, pelo Brasileiro. Foi o meu primeiro gol como profissional. Primeiro jogo que eu joguei em 88. Eu entrei no decorrer do jogo, estava 0 a 0. Eu sofri a falta que Pereira bateu. Depois, fiz o gol. Ganhamos de 2 a 0, e eu participei diretamente dos dois gols. Aquele jogo é o que vem na minha memória como estreia no profissional. Mas, antes, eu fiz outros jogos [...] Aquele jogo contra o Corinthians foi o que mais me marcou no começo da minha carreira. Foi naquele gol [que surgiu o apelido Anjo 45]. Tem a música do Caetano que chama "Anjo 45". Como eu fiz o gol no final, as pessoas começaram a fazer essa relação. Depois, teve outros jogos que eu fiz gol aos 45. As pessoas fizeram essa ligação – relembra.

CHARLES VENCE RESISTÊNCIA DE EVARISTO

“Oba, oba, oba Charles, anjo 45”. Embalado no sucesso interpretado por Caetano Veloso, composição de Jorge Ben Jor, o Anjo 45 não decepcionou. Jogo após jogo, desbravou defesas, anotou gols importantes e caiu de vez nas graças da torcida. Na partida seguinte à do Corinthians, entrou novamente na segunda etapa e marcou o tento da vitória por 1 a 0 contra o Criciúma. Também deixou a marca dele na goleada por 5 a 1 sobre o Santos. Nas quartas de final, marcou o gol do empate em 1 a 1 contra o Sport, na Ilha do Retiro.<b><i></i></b>

O banco de reservas ficou pequeno para Charles. Decisivo, amado pelos tricolores, não houve outra opção para Evaristo de Macedo que não fosse lançar mão da mais nova joia do Fazendão. Sobrou para o atacante Renato, até então titular da posição. 26 anos após a conquista daquele título, Charles lembra com satisfação de alguns episódios de bastidores, um deles envolvendo o então treinador do Bahia e o ex-companheiro de time e amigo João Marcelo. Evaristo, revela Charles Fabian, não era chegado à ideia de trabalhar com jogadores jovens.

- A realidade é que ele não gostava muito de trabalhar com jogadores mais jovens. Ele gostava de trabalhar com jogadores mais experientes. Ele tinha algumas restrições, porque não sabia como o jogador ia reagir. Então, ele era meio cético quanto a essa situação de promover atleta. Ele gostava de jogadores mais prontos. Eu, tentando me firmar... Às vezes, ele me colocava no time titular, às vezes no reserva. Eu comecei a fazer gol no treino, e o João Marcelo me marcando. Ele: “Peraê! Peraê!”. Parou o treino e deu esporro em João Marcelo, achando que João Marcelo estava deixando eu fazer gol para me botar no time de cima. Essa foi uma situação. Evaristo contava muitas histórias da época de jogador. Treinador que sempre interagiu muito bem com os atletas - diverte-se Charles.

SELEÇÃO BRASILEIRA: VAIAS E OVADAS

Charles, Seleção Brasileira, Fonte Nova, vaias, ovada. Impossível falar do ex-jogador e não fazer essa relação. Com o título brasileiro recém-conquistado, Charles ganhou destaque no cenário nacional e não demorou a vestir a Amarelinha. Logo em sua estreia, no ano de 89, marcou dois gols na goleada por 4 a 1 sobre o Peru, em Fortaleza.  No jogo seguinte, contra Portugal, no Maracanã, deixou o dele na goleada brasileira por 4 a 0.

O início de trajetória promissor na Seleção não foi suficiente para que o técnico Sebastião Lazaroni convocasse o atacante do Bahia para a Copa América de 89, sediada no Brasil. Até aí, tudo bem. O problema é que Salvador foi a cidade-sede da escrete canarinho na primeira fase da competição. Bastante contrariada com a ausência de Charles, a torcida baiana vaiou a Seleção em todas as partidas realizadas na Fonte Nova. Uma situação constrangedora.

O imbróglio ganhou contornos mais dramáticos quando alguns jogadores resolveram demonstrar insatisfação com a situação. Bebeto reclamou, Renato Gaúcho chamou a Bahia de “Terra de índios”. A resposta ao atacante não foi nada agradável: Renato foi atingido na cabeça por um ovo na saída dos vestiários. Nos dias de hoje, os episódios ganharam tom folclórico. Para Charles, ainda é desagradável lembrá-los.

- Existem duas situações aí. Para mim, foi um momento de muita alegria ver o torcedor pedindo por mim, pedindo a minha presença na Seleção, no estado nosso, em Salvador, um lugar que eu amo, onde fiz minha história no Bahia. Foi o clube que abriu as portas para mim e para o mundo. Naquele momento que eu vi não só a torcida do Bahia, mas toda a torcida baiana pedindo por mim, foi muito comovente, muito gratificante as pessoas estarem reconhecendo o seu trabalho, o seu potencial, aquilo que você mais gosta de fazer. Isso é muito gratificante. Por outro lado, foi ruim ver a bandeira do seu país sendo queimada, as pessoas vaiando a seleção, jogando ovos nos atletas que não tinham nada a ver com aquela situação. Atletas que estavam ali para jogar futebol e não eram culpados daquela situação – afirma.

E quem era o culpado então?

- Quem era o culpado... Culpado, assim, quem foi infeliz nas opções foi o técnico e sua comissão. Ela não a teve habilidade necessária, o feeling necessário para ter me colocado no grupo. Naquela época, eu estava competindo com Bebeto e Romário. Isso era indiscutível. Os dois estavam jogando bem, não é à toa que foram campeões da Copa América de 89, campeões do mundo em 94. Então, isso não se discute. Mas, os outros atletas que vinham, tinha Renato Gaúcho, tinha Muller e tinha o outro atacante que foi o Baltazar. O Baltazar estava fora do Brasil, ninguém lembrava dele aqui. Eu estava numa fase maravilhosa, e o Baltazar numa fase normal lá no Atlético de Madrid. Eu poderia ter ido no lugar e Baltazar. Ele botou o Baltazar e não me colocou. Baltazar estava em um momento normal, nada de excepcional. A torcida se revoltou. Tinha 23 no grupo, concentrados no hotel, mas só podia inscrever 20. Ele me cortou. Isso causou a revolta, porque o torcedor sabia que eu estava na seleção, mas não tinha sido inscrito. Ficou parecendo que foi uma situação que foi criada só para das satisfação ao torcedor – desabafou.

MARADONA SE RENDE A CHARLES

Nos três anos em que passou no Bahia, o Anjo 45 deu lugar ao Príncipe Charles, nova alcunha que recebeu da torcida tricolor. Com a camisa azul, vermelho e branca, alcançou um feito e tanto: Charles foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1990, o único a alcançar a marca jogando por um clube do Norte/Nordeste. O Bahia terminou aquela edição da Série A na 4ª colocação, saindo nas semifinais para o Corinthians, que viria a ser campeão logo em seguida.

O talento de Charles chamou a atenção de outros grandes clubes do futebol brasileiro, o primeiro deles o Cruzeiro. Em 91, o ex-jogador foi adquirido pelo clube mineiro, onde viveu grande momento e foi campeão da Super Copa dos Campeões da Libertadores da América, torneio que reunia apenas os campeões da Libertadores. Pelo Grêmio, foi vice-campeão da Copa do Brasil, em 93. Pelo Flamengo, foi artilheiro da edição de 94 do Campeonato Carioca.

Só que, durante esse período, nada é tão marcante como a história que liga o ex-atacante a Maradona, um dos maiores craques da história do futebol. Em um torneio disputado na Argentina, o Cruzeiro de Charles encarou o Boca Juniors. Na plateia, estava Diego Armando. E, naquele dia, o argentino descobriu o que o baiano de Itapetinga tinha. A equipe celeste foi derrotada, mas Charles jogou tão bem que teve o passe comprado e depois repassado ao Boca por Maradona.

Charles conta como foi à casa de Maradona

- Ele me levou para jogar no Boca. Isso foi em 92, quando eu jogava pelo Cruzeiro. Nosso time foi disputar um torneio na Argentina contra Boca, Racing e Olimpia-PAR. Ganhamos do Olimpia, do Racing e fomos para a final com o Boca. Na final, Maradona estava assistindo. Eu joguei muito nesse jogo. O Boca nos ganhou por 2 a 1. Depois do jogo, eu estava no hotel, e um dos diretores, o Benecy Queiroz, que está lá até hoje, me ligou no quarto: “Desça aí porque o Cruzeiro está acertando sua venda para Maradona e você precisa acertar sua parte”. Eu achei que era brincadeira, desliguei o telefone e fiquei no quarto com meu companheiro, o Zé Carlos, goleiro que jogou no Flamengo. Falei com ele: “Benecy está me ligando aí dizendo que o pessoal de Maradona quer me comprar”. Passaram uns dez minutos, ele ligou de novo: “Charles, cadê você?”. “Eu estou no quarto”. “Você não vai descer? O pessoal de Maradona está aqui”. “Não é brincadeira?”. “Não. O Cruzeiro já acertou tudo”. Aí eu desci. Nisso, quando eles estavam conversando, viram que eu não estava acreditando muito e disseram: “Você não está acreditando?”. Eu falei: “Eu não, velho”. “Você quer ir lá na casa do Maradona?”. “Eu vou, mas só se o diretor do Cruzeiro for comigo”. Fomos no carro os dois advogados dele, eu, o diretor e o supervisor do Cruzeiro. Chegando no prédio, um prédio simples, mais ou menos, um prédio feio. Eu disse: “Pô, esse cara mora aqui?”. Para subir no elevador, era aquele elevador de grande. Quando subimos, abrimos a porta e já demos no apartamento dele. “Está acreditando agora?”. “Agora eu acredito porque estou vendo o homem aí”. Nós conversamos, depois voltamos no hotel e foi dessa forma que ele me comprou e me colocou no Boca. Joguei seis meses no Boca, ganhei o título, fomos campeões argentino em 92. Joguei poucas partidas, mas fui campeão – relembra.

DE VOLTA À BASE

Após encerrar a carreira como jogador, Charles voltou ao Bahia em 2006, na condição de auxiliar técnico. Um período delicado. O Tricolor havia sido rebaixado para a Série C no ano anterior e, aos trancos e barrancos, tentava se reerguer. A missão era difícil, o time não engrenava e o ídolo assumiu o cargo de treinador após a demissão de Mauro Fernandes. Só que a efetivação não resistiu a uma sequência de três resultados negativos no octogonal final. Charles demitido e Bahia fadado a disputar a Terceira Divisão por mais uma temporada.

Da base para a base. Depois de um período como secretário de Esportes de Itapetinga, Charles voltou ao Bahia para assumir o comando do time sub-20. Hoje, ninguém melhor do que ele para falar sobre a divisão de base tricolor, da qual, além de treinar por mais de um ano, também surgiu como jogador. E ele solta o verbo. Ao falar sobre os jovens jogadores que surgem no país, as diferenças que existem de 20 anos para cá, ele faz duras críticas à supervalorização que existe em torno das novas joias.

Charles Fabian, auxiliar técnico do Bahia (Foto: Reprodução)

Charles fala com propriedade sobre as divisões de base do Bahia

- Em todos os sentidos, a diferença é absurda. É muito grande. Naquela época, o jogador era preso ao clube, não tinha a questão da Lei Pelé. Os jogadores tinham um foco muito maior, eles não eram supervalorizados como são hoje. Em excesso. Eu não acho isso correto. Mas, a diferença do foco do atleta, do profissionalismo, naqueles tempos para hoje, é uma diferença muita grande. Os jogadores hoje, na base, já fazem uma certa independência. Nesse aspecto, a evolução no futebol foi maravilhosa. O futebol tem que evoluir. Mas tem que evoluir de uma forma um pouco mais equilibrada. Os jogadores, hoje, você tira pelo Bahia e também por outros clubes grades, tem jogadores com salários... Se o cara quiser parar, pode criar alguma situação de ter uma certa independência. Então, isso tira um pouco o brio, a vontade de ser um jogador de ponta, por essa maturação chegar muito cedo. Isso é importante? Claro. Porque o jogador tem potencial e o clube tem que valorizar. Mas hoje, para você conversar com o atleta, para você cuidar do atleta, tem que ter um cuidado muito grande justamente por essa questão de ele ser valorizado, muitas vezes, pelo próprio clube, pela imprensa, pela torcida. E, às vezes, você tem que ter um jogo de cintura muito grande para lidar com o atleta – diz.

NAS GRAÇAS DOS TRICOLORES

O ano de 2014 tem sido inesquecível para Charles Fabian. Mais de 20 anos depois, o ex-jogador voltou a ser aclamado e sentir o calor da torcida. Tudo começou quando Marquinhos Santos, após uma sequência ruim de resultados, foi demitido em julho deste ano. Charles foi convocado a assumir a equipe principal e deu conta do recado: em três partidas sob o seu comando, o Bahia venceu duas vezes e empatou outra.

O bom retrospecto do técnico interino colocou em xeque a decisão da diretoria de contratar outro profissional. Ao ver o time com outra postura, os resultados aparecendo dentro de campo, os tricolores se mostraram a favor da efetivação de Charles. A alta cúpula tricolor, no entanto, optou pela contratação de Gilson Kleina.

A posição de Charles sobre o assunto sempre foi clara: a decisão era da diretoria, mas ele estava pronto para assumir o time caso fosse essa a decisão. Dois meses após a contratação de Kleina, o Bahia deu uma boa resposta dentro de campo e, hoje, é um dos melhores clubes do returno do Campeonato Brasileiro. Para Charles, a melhora é reflexo da chegada do novo treinador, com quem aprendeu bastante durante esse período. Seja nos jogos, seja nos treinos, a parceria entre Charles Fabian e Gilson Kleina se faz notável e rende bons frutos ao Tricolor.

Charles comandou o Bahia após a saída de Marquinhos Santos

- Hoje, eu me sinto mais preparado do que antes de o Kleina chegar. Com certeza. Sempre me senti preparado, independentemente de qualquer situação. Quando se criou aquela situação de se contratar um treinador ou não para a vaga de Marquinhos, naquela sequência que eu tive de três ou quatro bons resultados, as pessoas sempre colocavam em cheque: “Efetiva Charles ou não?”. Foram feitas pesquisas e deu 91% de aprovação. Isso me deixou muito feliz. É um reconhecimento do trabalho. Se o Bahia tivesse me efetivado, teria feito o meu trabalho com coragem e competência. Os resultados que iriam dizer se eu ia continuar ou não. A gente vive de resultado, essa que é a verdade. Eu fico feliz pelo profissional que o Bahia trouxe, que é o professor Kleina. Se você colocar os profissionais de ponta no Brasil, com certeza você vai ter que colocar o nome de Gilson Kleina. Não só pela qualidade do trabalho dele, pelo profissionalismo, mas pela pessoa que ele é, pelo homem, pelo caráter, a forma que ele lida com os atletas, a forma como ele conduz o grupo de atletas. Tenho aprendido muito. Isso tem me ajudado muito. Gilson e a sua comissão têm ajudado muito o Bahia, e eu tenho aprendido muito. Eu estou muito feliz com esse momento. O Bahia foi muito feliz em ter trazido o Gilson Kleina. Foi a melhor coisa que o Bahia conseguiu fazer. Foi uma coisa de clube grande o Bahia ter trazido essa comissão. Se o Bahia não acerta no treinador, você pode ter certeza que hoje não estaria nessa situação. O Bahia está nessa situação hoje porque trouxe o Gilson Kleina. Hoje, se você pegar do presidente ao faxineiro, todos estão satisfeitos pelo trabalho dele, pela forma como ele trata as pessoas, pelo respeito que os jogadores têm por ele e pela comissão. Futebol, hoje em dia, os jogadores gostam de treinador que olhe no olho. A partir do momento que o treinador fala alguma e ele não sente firmeza, tenha certeza que isso fragiliza o treinador. Nas situações que se apresentaram aqui para o Gilson Kleina, as atitudes dele, seja no lado positivo, seja no lado negativo, sempre foram atitudes equilibradas. As tomadas de decisões sempre foram equilibradas e justas. Isso é importante. O jogador saber que há justiça, que há um parâmetro, que não são dois pesos e duas medidas – diz.

No livro do Esporte Clube Bahia, o capítulo de Charles ainda está em construção. De 2014 para trás, é uma bela história escrita com gols, títulos e profunda identificação com clube e torcida. Daqui para frente, o tempo há de se encarregar dos pontos de seguimento e final. Certo mesmo é que ela já começou a ser contada com cara de final feliz.