Postado por - Heitor Montes

Apesar de derrota, Jorginho elogia o Bahia e promete maior pontuação dos pontos corridos

Na noite deste domingo, o Bahia voltou a conhecer a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. A equipe passou boa parte da partida contra o Flamengo, na Arena Fonte Nova, com um a menos em campo, mas soube fazer frente ao adversário. Poderia, inclusive, ter conquistado os três pontos, mas viu o Fla levar a melhor em chute de Berrío no segundo tempo.

Após o jogo, o técnico Jorginho avaliou a partida e lamentou que o triunfo não tenha chegado. Ele destacou que o Bahia tem tido boas atuações, mas não tem conseguido balançar as redes adversárias.

- Depois daquilo que a gente viu, a gente está jogando muito bem, mas precisamos vencer os jogos. Precisamos sair dessa situação. Fica bem mais simples comentar o que acontece. Nossa equipe está desenvolvendo, criando oportunidades, com uma movimentação muito boa. É a realidade. A equipe joga muito bem, mas não está conseguindo... É importante, no futebol, colocar a bola para dentro. Precisamos trabalhar isso. Tenho falado algumas vezes, porque, desde que cheguei, a gente tem jogado segunda e quinta ou domingo e quarta. Agora teremos um tempo maior para trabalhar. A diretoria também está atenta em relação às necessidades – afirmou o treinador.

Confiante no desempenho de seus jogadores, Jorginho ressaltou que é importante manter a convicção no trabalho que tem sido realizado. Ele destacou que tudo tem sido bem feito e prometeu fechar o ano com a melhor pontuação da equipe baiana na era dos pontos corridos do Campeonato Brasileiro.

- A gente sabe que temos todas condições e capacidade de ter uma pontuação e uma colocação diferente, que não tem acontecido. Mas é evidente que o Bahia tem feito bons jogos. Não temos conseguido traduzir em gols e triunfos. Eu acho que a gente tem que ter um equilíbrio emocional grande nesse momento, convicção naquilo que estamos fazendo. Ouvi o Diego Cerri nos dizer que total convicção de que as coisas são bem feitas aqui. Se analisar como o Bahia tem jogado, tem sido protagonista nos jogos, mas não tem conseguido traduzir em gols. Tem que fazer acontecer o mais rápido possível, porque senão aperta. Temos que virar o turno numa colocação melhor. Tendo respaldo da diretoria, os jogadores acreditando no potencial deles, que eles têm realmente... Eles vão fazer um grande campeonato, vão surpreender muita gente em colocação, vai ser a melhor pontuação do Bahia nesse período de pontos corridos, apesar desse momento difícil - afirmou.

Com dez pontos, o Bahia é o 17º colocado da tabela e vai enfrentar o Vitória no próximo domingo, no Barradão. O técnico Jorginho ainda comentou sobre lances da arbitragem, aos quais não poupou críticas, e defendeu o zagueiro Rodrigo Becão. Confira abaixo os outros trechos da entrevista coletiva do treinador.

A partida, a expulsão e a arbitragem
- Chateado com o gol que tomamos. Por causa dessa atitude, eu fui expulso. A situação do Lucas Fonseca, que infelizmente deixou o pé. A gente depois vendo com calma... Acho que o primeiro cartão foi desnecessário, o árbitro foi muito enérgico o tempo todo, tanto ele como o quarto árbitro, que nunca ficava no banco do Flamengo, sempre no nosso, o tempo todo falando com os nossos jogadores, os do banco, a comissão técnica. O tempo todo. Fui expulso basicamente por ele. Fizemos um bom jogo, apesar da expulsão do Lucas. A equipe se comportou bem. Teve mais chances que o Flamengo, chances claras de gol. Mesmo com um a menos. Eles tiveram muita dificuldade de entrar na nossa área. A gente consegui fazer duas linhas de quatro com o Edigar na frente, depois o Mendoza. Depois acabei colocando o Régis Souza para fazer a dobradinha, porque o Allione estava cansado, dois homens na lateral principalmente no segundo tempo. O time estava cansado, precisava de um jogador mais descansado. A gente sente muito a derrota, porque a gente não merecia. A gente sabe que não é merecimento o futebol, tem que botar a bola lá dentro, e isso não tem acontecido. Tem que ter calma, trabalhar essa semana. É a primeira vez que vou ter uma semana para trabalhar com a equipe. Depois tem um clássico local importante, que a gente precisa sair da zona de rebaixamento.

Dificuldade de finalização: a diretoria está ciente?
- A gente está atento. Eu e Diego Cerri [diretor de futebol] conversamos constantemente. Mas não quero de forma nenhuma... Esta responsabilidade é minha como treinador. A gente vai melhorar. A qualquer momento, vai fazer os gols que a gente precisa. Não podemos depender apenas de um atleta para fazer os gols. A gente tem que ter um conjunto de forma que todos os jogadores que estão ali, principalmente os de meio para frente, têm toda capacidade. Eles tiveram oportunidades hoje. Não conseguimos botar para dentro. Vamos trabalhar muito durante essa semana para que aconteça.

Régis no banco de reserva e o árbitro trapalhão
- Infelizmente, com a expulsão, a gente não pôde fazer as substituições como eu gostaria. Não pude colocar o Régis, que eu queria. Seria uma irresponsabilidade grande com o Régis, porque poderemos trabalhar muito bem essa semana para que ele possa até começar [o jogo] na próxima semana. Ele não tinha condições, nessa semana, de iniciar uma partida, por ainda não estar completamente solto, e ele é um jogador extremamente importante para a equipe. Nessas horas, a gente precisa daquela força lá de dentro. Não desistir. Olhar olho no olho. Tenho orgulho deles pelo que fizeram. O gol deles [do Flamengo] foi o acaso. O árbitro nos atrapalhou nessa situação, porque tomou a frente do Régis, ele estava mal colocado, e o Régis poderia bloquear chute de Éverton Ribeiro. O árbitro foi infeliz no posicionamento dele.

Críticas a Rodrigo Becão
- A responsabilidade não é do Becão. É minha. O Becão é mais rodado, mais jogado. Eu não posso ver o que aconteceu antes, mas comigo ele tem entrado. Teve, em apenas um gol, realmente culpa, no lance do escorregão, uma coisa que acontece. Ele estava com chuteira alta, de tarraxa, e acabou escorregando. É um zagueiro formado na base, como Éder, mas tenho total confiança nele. Entendo o torcedor. Se você olhar simples para a situação, vai culpa-lo. Mas não é assim. Ele fez boas partidas. Claro que nós perdemos esses jogos. E o torcedor pode culpá-lo. Mas a culpa é minha, como treinador, porque eu escalei.

 Como salvar o Bahia diante de equipes com maior poder de investimento
- A gente não tem como comparar questão de investimento e plantel. Não podemos debater, porque é claro e evidente que o poder aquisitivo é maior dessas equipes chamadas de grandes do futebol brasileiro. A gente tem que ter equilíbrio. Compreendo claramente que haja uma insatisfação minha, por exemplo, mas do torcedor... [...] Fizemos grandes partidas. Sofremos gol contra o Grêmio num jogo equilibradíssimo. Não é fácil jogar lá, e fizemos um jogo de igual para igual, e tomamos um gol de bola parada. Temos tido infelicidades... Os árbitros têm sido infelizes contra a gente. Os dois primeiros gols do Palmeiras foram decisivos para a partida. Não foi falta do Becão, ele ganhou a bola, conseguiu recuperar. Futebol é jogo de contato. Tivemos uma infelicidade.

Como virar a maré - e, novamente, a arbitragem
- Uma conversa constante que precisa ter. O Lucas mesmo, no vestiário. No segundo lance, não no primeiro, ele reconheceu, pediu desculpa, porque acabou nos prejudicando. Precisamos ter equilíbrio. Peço desculpas aos atletas, porque chutei, chateado com a situação, não com a questão do árbitro. Pelo momento. A gente não pode fazer nada. Hoje a arbitragem, você não pode mais conversar com ele. Antes a gente batia papo. Hoje não pode mais. Ele é autoridade suprema. Quando ele erra num cartão, ele não é punido por isso, e nós somos sempre punidos.

Melhor qualidade no último passe
- Nosso passe final, início nosso é muito bom, poucas equipes conseguiram marcar. Conseguimos jogar hoje com dez jogadores, fizemos uma virada rápida, envolvemos até certo ponto o Flamengo. A equipe melhorou na posse de bola. Contra o Corinthians, tivemos mais posse de bola. Nosso passe final está deixando a desejar. E a conclusão. A gente tem chutado, os goleiros defendem. A gente não consegue traduzir essa posse de bola em gols.

Fonte: Globo Esporte