Guto Ferreira destaca função tática realizada pelo Brocador e afirma que torcida poderá cobrar quando toda a equipe estiver em jejum: “Ele vem se cobrando muito”
O Bahia conquistou um importante triunfo na noite deste domingo, pela 30ª rodada da Série B: na Arena Fonte Nova, goleou o Tupi-MG por 4 a 0, três deles marcados ainda no primeiro tempo. No entanto, apesar do placar elástico e boa atuação diante do time mineiro, era possível ouvir da arquibancada alguns gritos de crítica a um dos principais atletas do Tricolor: o atacante Hernane.
O Brocador fez a assistência para o primeiro gol do Esquadrão, marcado por Renato Cajá, e fez um corta-luz que ajudou no último tento, de Régis. Ainda assim, teve substituição pedida por parte da torcida. Tudo porque a última vez em que ele balançou as redes adversárias foi contra o Goiás, em 17 de setembro. Após a partida, o técnico Guto Ferreira saiu em defesa de seu jogador e destacou a função tática exercida por ele, além do trabalho duro que vem fazendo nos treinamentos.
Mais do que nunca, a torcida gritando para tirar o Hernane. Nós estamos ganhando de 4 a 0, você está preocupado com o Hernane? Os gols estão saindo. Ele não está fazendo, mas uma hora ele vai fazer. Será que ele merece toda essa pressão? Vamos parar um pouco e vamos ver até onde estamos nos ajudando. Você acha que ele não tem consciência, que não se cobra, que ele está no dia a dia roubando? O cara está trabalhando pra caramba. E volto a falar: a função dele não se resume a guardar e fazer o gol. Toda essa marcação sob pressão que fizemos, tanto ele quanto o Cajá, marcaram muito. E graças a essa pressão que começou com ele, Edigar Junio, Wesley, é que conseguimos fazer os três gols. Wesley antecipou o zagueiro solto, porque os dois zagueiros correram em cima de quem no levantamento? Uma série de coisas aconteceram. O Hernane, querendo ou não, é referência, e aí a zaga vai preocupada com ele, e o time se aproveita e os outros fazem os gols. Então a gente segue marcando. Não adianta. Quanto tiver a equipe toda em jejum, você começa a cobrar dele. A equipe não está em jejum. Só ele. E ele vem se cobrando muito
Nada surpreende. Mas entramos com estratégia de poder conseguir, através da pressão, fazer um gol que nos desse tranquilidade. Bom é que fizemos o primeiro; não paramos de pressionar, fizemos o segundo; não paramos de pressionar; fizemos o terceiro. Aí começamos a administrar. Porque a intensidade foi tão grande nos 25 minutos, que alguns jogadores começaram a dar uma folgadinha, que é normal. Nós seguramos, mantivemos a posse, para passar do risco, de estar arriscando o tempo todo, para um jogo mais equilibrado. Depois do terceiro gol, o Tupi também não tinha mais nada a perder, então começou a se jogar. Aí começamos a administrar para manter o jogo numa segurança. Aí conseguimos, fizemos um jogo mais seguro. No segundo tempo, mantivemos a posse, fizemos um jogo seguro. Demos uma relaxada nos últimos cinco, 10 minutos do jogo. O mais importante é o triunfo, com um placar bom, o que dá moral. Agora é vida que segue. Acabou. Saímos da Fonte Nova, acabou, passou o Tupi. Para nós, não define nada na competição até aqui. O que tem que somar é no G-4. Para isso, temos que repetir muitas vezes o que aconteceu aqui, mesmo que seja por 1 a 0. Ganhar uma de 4 e não ganhar outras três não me soma nada. Precisa ganhar 4 de 1. Faltam hoje oito jogos. Vamos trabalhar para ganhar o máximo possível e, no dia 26, poder bater no peito e falar que o Bahia está na Primeira Divisão
Com o resultado, o Bahia foi a 46 pontos, apenas dois abaixo do primeiro time no G-4, o Avaí. O Tricolor volta a campo na próxima sexta-feira, quando vai enfrentar o Brasil de Pelotas na Arena Fonte Nova, pela 31ª rodada da Série B.
Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Guto Ferreira.
CRITICADO, TINGA VAI BEM NA ESQUERDA
Um erro que ele teve generalizou uma conduta dele. Contra o CRB, ele teve um erro crucial. A conduta dele não foi ruim. Às vezes, a gente pega um gancho e transforma numa forca e enforca o cara, quando esse gancho poderia servir pra levantar o moral do jogador. Quando a gente tem essa atenção na hora de ter seus comentários... O Tinga entrou na partida contra o Paysandu, no segundo tempo, e quase empatou o jogo.
WESLEY NATÃ: DA PRESSÃO AOS APLAUSOS
Wesley vinha treinando muito bem. Depois, o que aconteceu no segundo tempo... Achamos que o Jean entraria no segundo tempo. Com ele, a estatura estaria baixa contra o Tupi. Inclusive, fomos com o Victor Rangel e não Allano ou Misael justamente para continuar no jogo aéreo, elevar estatura da equipe. Na segunda ou terceira bola no pé do Wesley, ele perdeu a bola fácil, estava nervoso, início de jogo. Aí todo mundo fez aquele “ooohh”... Eu pensei: “Será que vai tomar de novo?”. Depois veio uma boa jogada dele, aplausos... E aí um golaço. Taticamente, ele saiu desgastado, porque fez um trabalho tático muito importante, não foi só o gol. Deu velocidade, intensidade. A gente não está botando qualquer um dentro do campo.
Fonte: Globo Esporte