Postado por - Heitor Montes

Após morte de torcedor do Bahia, Ministério Público estuda torcida única nos Ba-Vis

Da alegria da inovação pelo retorno da torcida mista para a preocupação de vetar a ida de uma torcida para os estádios. Depois do assassinato do adolescente Carlos Henrique Santos de Deus cerca de uma hora após o Ba-Vi do último domingo, o Ministério Público da Bahia pode solicitar a utilização de torcida única nos próximos clássicos. Em entrevista à TV Bahia, o promotor Olímpio Campinho afirmou que a medida poderá ser tomada a depender da posição dos clubes e da Polícia Militar em relação à segurança dos torcedores.

- Se Bahia, Vitória, Federação (Federação Bahiana de Futebol), Polícia Militar, não disser: “O que aconteceu no jogo, eu não posso garantir”. Então pronto. Se vocês não podem garantir, vamos trabalhar com uma outra ideia: torcida única - afirmou.

Mais quatro clássicos estão confirmados para este ano. Bahia e Vitória se enfrentam na semifinal da Copa do Nordeste e também irão duelar no Campeonato Brasileiro. Além disso, as duas equipes podem disputar o título do Campeonato Baiano, caso tenham sucesso na semifinal do estadual.

No fim da tarde desta segunda-feira, a Polícia Civil informou que Pietro Henrique Ferreira Caribé Pereira, apontado como um dos cinco envolvidos no homicídio, foi detido por volta das 14h, na casa onde morava com a mãe, no bairro do Garcia, em Salvador. Ele nega participação no crime, mas confirmou que fazia parte da principal torcida organizada do Vitória, mas que deixou o grupo em fevereiro deste ano. O acusado foi reconhecido por um sobrevivente do ataque.

Segundo a delegada Patrícia Brito, Pietro é estudante de Direito, trabalha como motorista do Uber e segurança de uma universidade de Salvador. Ele acumula passagens na polícia por furto de veículos e briga generalizada. Pietro chegou a ficar 10 dias preso em fevereiro desse ano após se envolver em uma briga com torcedores do Bahia. A delegada afirmou que ele foi indiciado na época por roubo e agressão, já que uma das vítimas teve materiais pessoais roubados.

Pietro seria apresentado à imprensa, mas o advogado dele, Antônio Glorisman, impediu, para preservar a imagem do suspeito, segundo a delegada. Gloirisman contou que Pietro foi ver o jogo com a namorada e com o cunhado.

- Ele saiu do estádio às 18h40 e chegou em casa às 19h10. Foi direto e não se envolveu em confusão nenhuma.

A polícia diz que a vítima não foi um alvo marcado, já que não houve nenhuma desavença entre Pietro e Carlos Henrique, e que o crime foi cometido após uma briga entre torcedores do Bahia e do Vitória, no final do clássico. Em depoimento, Pietro afirmou que foi para a casa da mãe após o jogo e que não se envolveu em confusão.

BA-VI DA PAZ?

O corpo de Carlos Henrique, que tinha 17 anos, foi sepultado na tarde desta segunda-feira, no cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. O pai da vítima, o segurança José Carlos Espírito Santo de Deus, de 51 anos, afirmou, em entrevista para a TV Bahia, que o filho não fazia parte de torcida organizada, hipótese levantada após o crime. Ele também questionou a segurança nos jogos de futebol.

- Tive um pressentimento, falei para ele não ir. Ele disse que já tinha comprado o ingresso. Ba-Vi da paz? Cadê a paz? Meu filho nem bebe, quem dirás fazer parte de torcida organizada. Infelizmente meu filho foi mais uma vítima da violência de Salvador. O que estou sentindo hoje, amanhã qualquer um pode sentir da mesma forma – declarou.

De acordo com um tio da vítima, ele foi surpreendido pelos agressores.

- Passou esse carro, saltou e já foi dando tiro, aquele corre-corre. Um menino tranquilo, ficou sem saber onde correr. Tomou um tiro na perna e outro no abdômen – relatou o tio da vítima, Jorge Conceição dos Santos, 53 anos.

Fonte: Globo Esporte