Postado por - Newton Duarte

Após polêmica entrevista, Diretoria e funcionários contestam versão de Ávine

Declarações de Ávine repercutem mal com diretoria tricolor

Sem papas na língua, Ávine falou sobre o fracasso do time tricolor na luta para voltar à elite - Foto: Adilton Venegeroles | Ag. A TARDE

Sem papas na língua, Ávine falou sobre o fracasso do time tricolor na luta para voltar à elite - Adilton Venegeroles | Ag. A Tarde

As declarações do lateral esquerdo Ávine em entrevista ao repórter Sérgio Pinheiro, da TV Bahia, na manhã de quinta-feira, 26, não foram muito bem recebidas pelo elenco e pela diretoria do Tricolor.

A principal acusação dos funcionários é de que o atleta mentiu ao dizer que a diretoria teria procurado alguns atletas antes de nomear Charles Fabian como comandante da reta final da Série B, a fim de saber se a efetivação seria bem aceita pelo elenco.

Segundo o vice-presidente, Pedro Henriques, e o gerente de futebol, Éder Ferrari, nunca houve qualquer consulta aos jogadores. "Ávine sonhou com isso e falou na TV. Não teve conversa nenhuma, com jogador nenhum. A efetivação de Charles sempre foi uma ideia que a gente desenvolveu em caso de sair o treinador. Todo o trabalho feito com Charles durante a temporada foi para isso", rebateu Ferrari.

Ávine afirmou que os jogadores consultados teriam informado à diretoria de que preferiam um treinador 'de ponta', e que, na opinião do elenco, Charles não tinha pulso suficiente para comandar o time na reta final. Por conta disso, teriam surgido problemas de relacionamento. O próprio lateral disse não entender porque não foi escalado pelo técnico na derrota por 2 a 1 para o Santa Cruz, na Fonte Nova, quando era o único o único jogador da posição disponível no elenco profissional. O comandante preferiu lançar Juninho, do sub-20.

Um funcionário do clube, que não quis se identificar, disse que as declarações soaram como uma traição: "Todo mundo está chateado com Ávine aqui. Ele falou mal de Charles, dos colegas e do presidente. Ele foi ingrato. Foi Charles quem subiu ele para o profissional em 2006, com 17 anos. E agora ele fala mal do cara, dizendo que lançou Juninho na fogueira. Tinha fogueira maior que lançar um garoto na Série C?", disse.

Na mesma entrevista, o lateral disse que o presidente Marcelo Sant'Ana é imaturo, que isso teria atrapalhado em algumas decisões ao longo do ano, e que faltou ao time boa dose de técnica e de atitude de um time vencedor. O jogador não quis falar com a imprensa após a entrevista.

"Decepção"

"Quando Marcelo Sant'Ana assumiu, Ávine tinha vários meses de salário e imagem atrasados, e tudo foi regularizado. Ávine estava fora do mercado. O Bahia o botou para jogar de novo. O coach (Lulinha Tavares) o ajudou no retorno. Ele ficou três anos no clube, recebendo, mas sem atuar. A palavra que resume o sentimento de todos aqui após essa entrevista é 'decepção'", disparou o funcionário que não quis se identificar.

"A gente não pode dizer o que passa pela cabeça do ser humano. Ávine é um cara de maior, que já tem certa idade, e não sei com qual intenção ele falou isso. Não conversei nada com ele. Ele não falou isso através do Bahia, mas de sua assessoria particular, então cada um que se responsabilize pelos seus atos e declarações. O sentimento de todos é de decepção por tudo o que a gente fez por ele", disse o gerente de futebol, Éder Ferrari.

Ávine ainda tem contrato com o Bahia até fevereiro de 2016, e disse que quer ficar no clube por mais tempo. "Teoricamente, por conta do contrato, ele teria que se apresentar dia 4 de janeiro aqui. Mas depois dessa entrevista, como vai olhar na cara de todos?", questionou o funcionário.

Ferrari não confirmou, mas deu a entender que as chances do Bahia renovar o contrato com o lateral são muito pequenas. "A questão da gente querer renovar com ele, ou não, não passa por essas declarações, mas por conta do rendimento dele em campo. O custo-benefício dele é ruim para o clube", disse.