Postado por - Newton Duarte

Arenas caras e vazias, fantasias do tabelismo, etc.: sete temas e um gol de honra

Eterno 7 a 1 (1ª Edição)

Arenas caras e vazias, fantasias do tabelismo, etc.: sete temas e um gol de honra - Reprodução

1.

A grita estrangeira grita mais entre nós – efeito talvez do parco apreço por nós mesmos. Quando a deixa é boa, entretanto, não resta escapatória. Há dois dias, a BBC publicouuma reportagem descrevendo a sobra da Copa (falar em “legado”, a esta altura, é ofensa). Entre os destaques, o ocaso das arenas de Manaus, Cuiabá e Brasília, e também os problemas em Salvador, Natal e Rio de Janeiro. Descontemos por ora os gastos de emirado para a construção desses estádios: quase um ano depois, não há uma solução nacional para a ocupação destas e de outras arenas concedidas. De federação a governo federal, de concedente a concessionária, de promotor de evento a promovido com o evento, a posteridade julgará todas as ~esferas~ neste ponto. Um país apaixonado por futebol não sabe o que fazer com seus estádios caríssimos – é isso que ficará, e não os considerandos.

2.

A OAS fez o esperado, e colocou à vendaas participações na Fonte Nova (50% do negócio) e na Arena das Dunas (100% do negócio). Diz a nota do Globoesporte:

A construção da Arena das Dunas custou R$ 423 milhões, com R$ 100 milhões investidos pela OAS e o restante financiado pelo Governo do Rio Grande do Norte através do BNDES - o que vai resultar no total de R$ 1,2 bilhão.

Que grande PPP. O público entra com o filé; o privado, só com as fritas – o suficiente para levar a prataria junto.

Brasileirão regionalizado seria ainda mais nacional (Foto: Felipe Oilveira/Divulgação/EC Bahia)

3.

Leio aqui e ali engenhosos a aventarem o retorno do Torneio Rio-São Paulo e da Copa Sul-Minas. A inspiração é o sucesso continuado da Copa do Nordeste, e a relativa míngua dos estaduais entre paulistas e fluminenses. Deve haver apelo comercial, mas e o inchaço de datas, como fica? Já passou da hora de atacar o principal, o campeonato brasileiro. Não faz mais sentido integrar ao espírito do Brasileirão o que vem dando certo na Copa do Nordeste?

Tornei-me um monomaníaco das fórmulas, um fanático por tabelas tomado por uma ideia só, e essa ideia é a da divisão do Brasileirão em conferências, tema tratado aqui uma vez. Agora, e se as conferências mantivessem a divisão dos torneios regionais, criando assim uma Conferência Rio-São Paulo, uma Conferência Sul-Minas, uma Conferência Nordeste e uma Conferência Verde?

Divago:

Rio-São Paulo (9 times): Botafogo, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Ponte Preta, Santos, São Paulo e Vasco da Gama.

Sul-Minas (10 times): Atlético-MG, Atlético-PR, Avaí, Chapecoense, Coritiba, Cruzeiro, Figueirense, Grêmio, Internacional e Joinville.

Nordeste (9 times): ABC, Bahia, Sport Recife, CRB, Ceará, Náutico, Sampaio Corrêa, Santa Cruz e Vitória.

Verde (4 times): Atlético-GO, Goiás, Luverdense e Paysandu.

32 times, todos hoje nas séries A e B. Turno único (pontuando dentro da conferências) + Rodada extra de clássicos + Playoffs em ida-e-volta (líderes de conferência + quatro melhores colocados no geral) + Final em jogo único, em arena pré-definida = 37 datas.

Em cada ano, seriam rebaixados os últimos de cada conferência, a serem substituídos pelos líderes de conferência vindos da Série B. De cinco em cinco anos, o número de vagas por conferência seria realocado de acordo com o desempenho médio dos anos anteriores, nunca reduzindo o número de postos abaixo de quatro ou explodindo acima de dez.

Como disse no ano passado, existem muitos desenhos possíveis. A chave, entretanto, permanece: somos um país continental, apaixonado pelo jogo de norte a sul, e precisamos de soluções continentais, capazes de espalhar o jogo.

4.

E também: estaduais menores e ligas microrregionais para garantir mais Brasil x Pelotas. Ninguém quer saber de Itaperuna x Bangu, mas se interessa, e muito, pelo drama de um Americano x Goytacaz.

5.

Para quem lê inglês, o Guardian dá ocaminho das pedraspara burlar a nova regulação do mercado de transferências de jogadores, particularmente de atletas mais jovens. A peneira já parte com rombo.

6.

Um patch de FM15 promete trazer de voltaos 1980s para o futebol. O cenário não dá chance ao Flamengo de levar de novo a Libertadores – não há Brasil ainda entre as ligas colocadas na máquina do tempo.

7.

Um mitoquatro gols, uma sugestão de faixa:

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Gol de honra

Copa e Olimpíadas são fáceis de sediar. Difícil mesmo para o Rio de Janeiro é sediar uma cidade.