Postado por - Newton Duarte

As principais ideias de Fernando Schimidt

O candidato: as principais ideias de Fernando Schmidt para gerir o Bahia

Em entrevista ao GE.COM, candidato à presidência do Tricolor responde a cinco perguntas estratégicas sobre seus projetos

Professor, advogado, vereador e até mesmo ministro. Multifuncional, Fernando Schmidt, 69 anos, é o mais velho dos concorrentes ao mandato-tampão do Bahia. Foi o último a oficializar a candidatura à presidência do clube baiano, apesar de rumores sobre a sua participação no processo eleitoral existirem desde que o interventor Carlos Rátis anunciou a mudança de estatuto para eleger um novo presidente.

Schmidt já foi vereador de Salvador e ministro interino do Trabalho e Emprego

Sempre simpático, Schmidt conserva a fala mansa e sem pressa. Instantes antes do debate realizado na última terça-feira, o candidato concedeu entrevista ao GLOBOESPORTE.COM. Antes da conversa, tentou descontrair, brincando com o jeito como o torcedor costuma chamar o Bahia.

- Fui assinar o nome da minha chapa e me disseram que não era para escrever Bahia, mas sim Bahêa – contou aos risos o candidato tricolor.

Schmidt possui uma história de títulos e avanço patrimonial dentro do Bahia. Entre 1975 e 1979, ele presidiu o Tricolor, era que ficou marcada pela conquista do heptacampeonato baiano. Foi também no mandato de Schmidt que o Fazendão foi construído. Ironicamente, se eleito, o candidato assumirá o clube justamente no momento em que o Tricolor deixa o antigo centro de treinamento em direção à Cidade Tricolor, em Dias D’Ávila.

Fernando Schmidt foi o último a oficializar a candidatura

Ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Schmidt passou as últimas décadas no mundo político. Em 1984, foi eleito vereador de Salvador. Entre 1993 e 1996, ocupou o posto de secretário de governo da prefeitura da capital baiana. Em 2003, chegou ao cargo de chefe de gabinete do Ministério do Trabalho e Emprego em 2003. No mesmo ano, entre 31 de julho e 6 de agosto de 2003, foi ministro interino da pasta.

No ano de 2006, tornou-se assessor especial do Ministro para Assuntos Internacionais da Secretaria de Relações Internacionais da Presidência da República e também diretor presidente da Companhia das Docas da Bahia (Codeba). Assumiu a chefia do gabinete do governador Jaques Wagner no ano seguinte. Em 2011, virou secretário para Assuntos Internacionais e da Agenda Bahia.

Contido, Schmidt quase não altera o tom de voz ao falar dos planos para o Bahia. Com pouco tempo para 'arrumar a casa', o candidato espera, se eleito, conseguir preparar o terreno para o próximo presidente tricolor. Melhorar as finanças e qualificar o time de futebol estão nos planos de Schmidt, que sonha em reeditar o mesmo sucesso que teve quando presidiu o clube no final da década de 1970.

Confira abaixo a entrevista com o candidato Fernando Schmidt

Caso eleito presidente, qual sua primeira ação?

Fernando Schmidt: Não será um ato só. Acho que nós temos que trabalhar em duas frentes: uma administrativa financeira, outra social e, sobretudo, na estabilidade do futebol. A situação do Bahia é muito séria, muito grave. Nós temos uma dívida até o final deste ano de R$ 20 milhões, incluindo as folhas de pagamento. E com muito pouco dinheiro em caixa.

Vamos ter que planejar as despesas, reduzi-las no que for possível e desejado, combater os desperdícios e gerar novas receitas. Buscar novas receitas, capazes, inclusive, de convergir tudo isso para a locomotiva do nosso clube, que é o time de futebol. Queremos um time de futebol estável, como ele hoje se encontra, mas também reconhecendo que ele precisa de reforços para continuar no Brasileiro e quando for iniciada a competição internacional, a Sul-Americana.

Eu já fui presidente do Bahia, presidente vitorioso na gestão e nos ganhos em campo" -  Fernando Schmidt

Qual sua relação com o clube?

Minha relação com o clube é antiga. Eu já fui presidente do Bahia, presidente vitorioso na gestão e nos ganhos em campo. Claro que não fui eu sozinho, foi com uma equipe que me acompanhou. Fui tetracampeão. E o que eu acho mais importante: nós construímos e entregamos pronta a primeira parte do Fazendão. Sem o Fazendão, o Bahia estaria hoje, seguramente, em uma situação de muita dificuldade para treinar o time de profissional e a divisão de base.

O que deve nortear o próximo presidente?

Estamos em um mandato de transição. Quem for eleito vai ser eleito para um mandato de um ano e quatro meses. O que temos de fazer é preparar o campo, limpar as coisas mal feitas, erradas, que a auditoria está apontando, buscar novas receitas através de um departamento criativo de marketing, restaurar a credibilidade do clube – esse é um dos grandes problemas que o Esporte Clube Bahia tem, [não tem credibilidade] nem com os jogadores, nem com a sociedade. Isso para poder ter um plano mais estruturante para 2014 e entregar, passar o bastão em janeiro de 2015, àquele que venha a ser eleito presidente.

Como resolver os problemas do Bahia, principalmente os financeiros, em um ano e meio, já que não poderá ter a reeleição?

Acho que se nós não temos a pretensão de executar um planejamento estratégico que mude completamente a situação do Esporte Clube Bahia, como ele hoje se apresenta, nós temos condições neste período de lançar as bases de um planejamento estratégico que vai mudar as bases o clube, deixando com as mesmas condições que nasceu: um time vencedor, um clube vencedor.

Pretende manter o atual quadro do futebol?

Nós vamos examinar, assim que chegarmos, com a preocupação primeira de garantir a estabilidade desse elenco que lá está, que, apesar de todas as dificuldades encontradas, no meu modo de ver, vem se comportando de forma bastante satisfatória dentro do possível. Claro que tem uma série de novas aquisições que precisam ser feitas, não necessariamente para substituir jogadores ou comissão técnica, mas que tenha condições de disputar esse Campeonato Brasileiro e a Sul-Americana, que exigem um grande plantel, sem nenhuma preocupação de substituições ou de furos aqui ou ali quando surgem suspensões ou contusões.

Fernando Schmidt relembrou o passado na presidência do Bahia

Você tinha relação com o presidente afastado?

Nenhuma relação. Tive contato com ele por várias vezes quando ia à Fonte Nova. Nos cumprimentávamos. Mas relação pessoal ou profissional ou funcional, em termos de dirigente do Esporte Clube Bahia, nenhuma.


Fonte: Thiago Pereira e Raphael Carneiro – GE.COM

Fotos: Egi Santana/G1