Postado por - Newton Duarte

Ávine revela que filho foi o grande responsável por sua volta

Amor de pai: Ávine revela que filho foi o grande responsável por sua volta

Lateral decidiu continuar com sonho de voltar a jogar depois de pedido de filho de cinco anos

O amor de um pai pelo filho é difícil de mensurar. E foi justamente a paixão pelo filho mais novo que fez com que Ávine tomasse uma decisão: voltar a jogar futebol, custe o que custar. Há dois anos, quando ainda tratava o joelho na sala de casa, ele foi abordado pelo seu caçula que, cabisbaixo, fez uma pergunta difícil de responder. “Uma vez, meu filho virou para mim, do nada, e falou: ‘Pai, quando eu vou poder te ver jogar de novo? Quando vou voltar ao estádio com você?’. Aquilo mexeu  muito comigo. A partir daquele dia, eu prometi a mim mesmo que nada no mundo me impediria de voltar a jogar”, lembra o lateral, com emoção.

Ávine Filho é a cara do pai e  hoje tem 5 anos. Quando o pai precisou se afastar dos gramados, em agosto de 2012, tinha apenas 2 anos. Ele não tinha lembranças do pai em campo. “Meu filho me deu muita força para poder voltar. Se eu voltei, ele tem uma participação muito grande nisso. Eu coloquei na cabeça que precisava voltar para que meu filho me visse em campo”.

Filho de Ávine realizou o sonho de ver o pai jogar (Foto: Arisson Marinho/Correio)

O grande dia demorou, mas chegou. O retorno de Ávine aconteceu na quarta-feira, quando o Bahia enfrentou o Paysandu, em Pituaçu. Até o momento do jogo, pai e filho eram pura ansiedade. Em casa, o caçula acordou cedo, pediu para faltar aula com medo de perder o horário do jogo e não conseguiu nem comer. “Ele estava mais ansioso que eu e não conseguiu fazer nada o dia todo além de me ligar. Meu filho estava radiante”, sorri Ávine, ao lembrar-se do pequeno.

O atleta até tentou controlar a ansiedade do filho, mas teve dificuldade de driblar o próprio nervosismo antes de entrar em campo, como se fosse pela primeira vez. “Quando descobri que ia jogar, a ansiedade bateu. Eu estava há muito tempo parado e isso mexeu com o emocional. Foi muito difícil”, lembra.

Quando entrou em campo, ele já estava tranquilo, mas sofreu para conter a emoção. “Segurei as lágrimas do primeiro ao último minuto. Quando o apito final veio, as lágrimas caíram”, revela. O choro não era de tristeza, embora o Bahia tenha sido eliminado da Copa do Brasil. Era de alívio. “Muitos médicos olharam para mim e disseram que eu não voltaria mais a jogar, mas eu sabia que tinha capacidade e condição para voltar”, desabafa.

Ávine não apenas voltou a jogar, como teve uma boa atuação e conseguiu se manter em campo durante toda a partida. “E não senti nada no joelho. Eu estou de volta, estou bem”, avisa. Resta saber se ele será titular novamente amanhã, contra o líder Botafogo, às 16h30, na Fonte Nova. Marlon, que não jogou quarta porque já havia participado da Copa do Brasil pelo Paysandu, está à disposição do técnico Sérgio Soares, que definirá o time em um treino secreto hoje pela manhã, no Fazendão. O meia Eduardo também volta.

Esposa de Ávine há seis anos, Karla engrossa o discurso do marido. “Eu tremia quando via ele em campo. Foi uma emoção que nunca senti. Só fazia chorar e tremer. Sei a luta que passamos juntos e o quanto foi difícil ouvir as pessoas perguntando se ele ainda jogaria”, conta.

Ávine relembra dificuldades e diz que superou tudo pelo filho (Foto: Arisson Marinho/Correio)

Recepção

Quando deixou o estádio, o lateral foi direto para casa e foi só alegria. Recepcionado pela esposa, pelo filho e pela enteada (Karla, Ávine Filho e Jéssica,  22 anos), ele fez a festa com a família, mas admite que, assim que pôde, saiu correndo para a cozinha. “Comi tudo que tinha direito. Frango, arroz, feijão, macarrão, salada. Precisava repor as energias, estava morto”.

De barriga cheia, hora de retribuir a quem, um dia, o fez voltar aos gramados. Feliz da vida, Ávine pegou o filho nos braços e ajudou o caçula a fazer o dever da escola. “Estava exausto, mas fiz questão de ajudar meu filho”, lembra. Em seguida, Ávine dormiu. Desta vez, tranquilo, como há muito tempo não fazia.