X da questão: Bahia e Vitória iniciam temporada 2015 com apostas no gol
No início do ano passado, Lomba e Wilson eram titulares absolutos da dupla Ba-Vi. Doze meses depois, equipe colocam Omar e Gustavo à prova para início do Baianão
Dia 22 de janeiro de 2014. Em início de temporada, Bahia e Vitória se movimentavam em busca de reforços para vários setores. O gol era uma das raras exceções. Com boas defesas no Campeonato Brasileiro do ano anterior, Marcelo Lomba e Wilson eram tratados como titulares absolutos nos dois clubes. Nada ameaçava o prestígio da dupla, exceto o tempo, que costuma ser cruel em suas diligências.
Após doze meses, Lomba e Wilson perderam o status de unanimidade embaixo das traves. O goleiro tricolor sequer permanece no Fazendão – foi emprestado para a Ponte Preta -, enquanto Wilson se recupera de uma cirurgia no ombro. Roberto Fernández, que tinha grandes chances de começar a temporada como titular do Vitória, precisou operar o joelho e também desfalca o Rubro-Negro. Rebaixados para a Série B, Bahia e Vitória entram em 2015 sem um camisa 1 incontestável e com acirrada disputa pela titularidade.
No Bahia, Omar e Douglas Pires são os candidatos a assumir o posto de substituto de Lomba. Gustavo e Fernando Miguel duelam no Rubro-Negro pela vaga de Wilson. Confrontos que podem criar novas unanimidades ou provocar saudades. Tudo depende dos caprichos do tempo e, claro, de suas diligências.
BAHIA EM VANTAGEM
Para o comentarista da TV Bahia, Jorge Allan, o Bahia começa o ano com vantagem sobre o Vitória embaixo das traves. Ele avalia que, no início desta temporada, o Tricolor tem dois goleiros experimentados e talentosos, enquanto o Rubro-Negro tem uma jovem aposta e um ponto de interrogação na disputa pela camisa 1.
Para Jorge Allan, Omar está pronto para assumir a titularidade do Bahia (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)
- Acho que o Wilson fará mais falta que o Lomba. Os substitutos de Lomba já provaram que são bons goleiros, enquanto no Vitória o Gustavo é jovem e o Fernando Miguel é uma incógnita. O Gatito está machucado, mas já jogou e vimos que o Wilson é melhor do que ele – afirmou.
Jorge Allan também avalia que a saída de Lomba foi benéfica para o Bahia, já que o goleiro estava desgastado com os erros cometidos na última temporada. Na opinião do comentarista, Wilson ainda é o titular do Vitória e reassumirá o posto assim que estiver à disposição de Ricardo Drubscky.
- Lomba estava desgastado no Bahia. Foi ídolo da torcida, mas ano passado teve muito desgaste, falhou muito. Já não era o xodó como nos anos anteriores. A saída foi boa para ele e para o Bahia. A questão de Wilson é que está machucado. Depois volta. Quando voltar, será titular. É mais goleiro que Gustavo e Fernando Miguel, que, se fosse bom, já teria surgido uma oportunidade. Está há três anos no clube e não teve uma chance. Douglas Pires foi muito bem nas pouquíssimas chances que teve. Contra o Sport, entrou na fogueira e foi bem. Omar já provou que é um bom goleiro. Era só uma questão de oportunidade – disse Jorge Allan.
SEMELHANÇA ENTRE RIVAIS
A titularidade no início deste ano não é a única semelhança entre Gustavo e Omar. Mesmo considerados goleiros de futuro promissor, os dois possuem uma trajetória marcada pela falta de oportunidades reais dentro de seus clubes.
Omar chegou ao Bahia em 2009, mas só teve a primeira sequência em 2010, durante a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Renê havia sido flagrado no exame antidoping por uso de substância proibida e estava suspenso, enquanto Fernando tinha se machucado. A titularidade caiu no colo do jovem goleiro, que não decepcionou. Com atuações seguras, encerrou o ano com o acesso para a elite do futebol nacional e a promessa de seguir com a camisa 1 na temporada seguinte.
O juramento, no entanto, não foi cumprido. No início de 2011, a diretoria do Bahia contratou Tiago junto ao Vasco. No fim do Campeonato Baiano, foi a vez de Lomba ser contratado junto ao Flamengo e por quatro anos ser o titular absoluto do Tricolor. Omar não voltou a ter longa sequência de jogos, o que fez com que o goleiro pensasse em deixar o Fazendão.
- Sim, tive propostas. Mas não se concretizaram. Felizmente estou aqui, clube que me projetou para o futebol, que tem meu carinho, respeito e meu amor. Sei que a recíproca é verdadeira. Vejo na torcida, nos funcionários, que me respeitam. Tenho certeza que isso pesou para que eu não saísse – disse Omar, que tem 68 jogos pelo Bahia e, em seis anos de clube, finalmente terá a chance de jogar com frequência.
Gustavo é considerado uma grande aposta dentro da Toca do Leão. Com passagem pelas categorias de base da Seleção Brasileira, o goleiro foi promovido ao elenco profissional do Vitória em 2010, quando tinha 17 anos. Em quatro temporadas, ele teve poucas chances. A última partida como profissional foi em fevereiro do ano passado, contra o América-RN, pela Copa do Nordeste.
O presidente rubro-negro, Carlos Falcão, não esconde a preferência por Gustavo para a camisa 1 do Vitória neste início de temporada. Durante o lançamento do Campeonato Baiano, o dirigente descartou contratar um goleiro e destacou o passado de Seleção Brasileira do jovem formado nas categorias de base do clube.
- Não [vai contratar outro goleiro]. Gustavo ou Fernando vão ter a oportunidade. Acho até que o Gustavo, que tem mais tempo no clube, e já jogou pela Seleção, por isso acho que seja esse o seu momento de ter oportunidade. E, a princípio, não traremos nenhum outro goleiro – afirmou.
EM BUSCA DO RECOMEÇO
Novos titulares, Omar e Gustavo são personagens de uma tentativa de recomeço para Bahia e Vitória. Rebaixados para a Série B, os dois clubes tentam sanar antigos problemas para ter sucesso nesta temporada.
No ano passado, Marcelo Lomba falhou em jogos decisivos, mas, apesar das críticas, seguiu intocável no time. Sem o peso da idolatria do antigo camisa 1, a expectativa é de que Omar tenha tranquilidade para se firmar e ganhar de vez a confiança da torcida e da comissão técnica. Em seu favor, o goleiro tem vantagens que se sobrepõem a Lomba. Com 1,95m, ele é reconhecidamente um bom pegador de pênaltis, atributo que faltava ao antigo titular, que defendeu apenas duas penalidades em quatro anos no Bahia.
Gustavo tem a primeira chance de corresponder às expectativas criadas pelo sucesso que teve quando era atleta das divisões de base. O goleiro rubro-negro terá pouco tempo para mostrar serviço. Até março, período previsto para recuperação de Roberto Fernández, o jovem atleta terá oito jogos. A esperança da diretoria e comissão técnica é de que ele consiga suprir a ausência de Wilson e Roberto Fernández e comece a provar que, após um hiato na revelação de grandes goleiros como Dida, o Rubro-Negro redescobriu o caminho e vocação para formar um grande camisa 1.
