Postado por - Newton Duarte

Bahia - Eleição 2014: João Marcelo

João Marcelo, candidato à presidência do Bahia

O Bahia Notícias, dando continuidade a série de entrevistas com pré-candidatos à presidência do Bahia, ouviu nesta semana o ex-jogador e campeão brasileiro de 1988, João Marcelo. O ídolo da torcida tricolor, durante a conversa, falou sobre suas principais propostas da campanha e discurso de união entre as partes, independente do resultado da eleição. Ele, além de apontar erros da atual gestão, falou da relação do clube com à Arena Fonte Nova e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Bahia Notícias: João Marcelo ser pré-candidato, o que te fez tomar essa decisão?

João Marcelo: Eu acredito que o Bahia vive um momento de união, de consenso entre todos, evitando o clima de disputa para o torcedor. Virgilio (Elísio), por problemas pessoais, não vai para disputa então decidi anunciar minha pré-candidatura, já que ele era um cara que buscava isso. Por isso, pelo que aconteceu com ele, além de querer unir todos pelo bem do Bahia, me posicionei.

BN: Você buscou aliados antes de decidir ser pré-candidato?

João: Conversei com todos, mas cada tem suas vaidades e intenções. Como eu também tenho as minhas. Acredito que todos querem ajudar, mas cada uma na sua a partir de agora. Ainda assim, eu acredito que união seria o melhor para o Bahia.

BN: Unir, hoje, não foge da ideia de democracia, do fato de ter vários candidatos?

João: Democracia deve existir, sim,  mas o momento do Bahia exige união. Momento é de unir, dentro da democracia, no qual lutei e faço parte. Apoiei, me associei, mas vejo que todos podem se unir pelo bem do Bahia. Pegar o plano de gestão, tirar o melhor de cada e colocar à frente da instituição. Bahia está dividido faz tempo.  Com todos juntos, mesmo sem resultados em campo, todos estarão comprometidos com a causa e ninguém vai criticar o outro por isso.

BN: Qual principal erro da atual gestão?

João: Na realidade, hoje, podemos dizer que o erro foi escolher Fernando Schmidt, com todo respeito que tenho por ele. Não tinha saúde para gerir o Bahia na transição que está. A escolha da chapa, lá atrás, não foi boa. Ele foi campeão enquanto presidente, é uma pessoa honesta, bem vista por todos, mas um pouco debilitado para comandar o Bahia com essa idade.

BN: E os erros técnicos?

João: Contratar William, trazer gestores ruins, outros atletas mais caros, elevar a folha salarial. Se fizer contas, hoje, o Bahia recebe cerca de 3 milhões entre TV aberto, PFC e Arena Fonte Nova, excluindo o patrocínio.  Gasta quase 3 milhões e por isso perdeu jogadores, tem dificuldade para pagar salários, já perdeu atletas por FGTS.

BN: Faltou experiência ou competência?

João: Naquele momento foi falta de competência, desconhecer o futebol, mas acredito que pela falta de experiência dos responsáveis. O Bahia não pode ter jogadores, com todos respeito a todos eles, que ganhem muito e não rendam para o clube, em campo ou comercialmente falando.

BN: Suas principais propostas. Quais são?

João: Minha gestão será baseada em 5 tópicos. Relação com torcedor, já que temos muita desvantagem com relacao aos clubes do sul, criando motivo para que o cara se torne sócio além do futebol. Gerir a marca do Bahia muito bem,  ter governância corporativa, gerência do espetáculo que envolve base e futebol profissional, além da captação permanente de recursos. Precisa ter clareza na gestão, balanço mensal, transparência, e deixar o torcedor ciente de tudo que entra ou sai. É necessário financeiramente abrir o clube, demonstrar organização para atrair empresas e novos sócios. O Bahia precisa ter selo internacional como empresa, atrair empresários de fora e voltar a crescer.

BN: O torcedor, hoje, é pouco explorado?

João: Precisamos transformar o torcedor em fã. Ele merece mais que desconto em ingressos ou camisa. Qualquer patrocinador, diante de um amplo quadro de sócios, vai entrar no clube e alcançar um público muito grande, todos vão querer aliar a marca dele ao time vencedor.

BN: O fato de jogar pelo Bahia te traz vantagens nesta eleição?

João: Eu saio na frente dos outros candidatos, não tenho como negar. Não posso, hoje, apagar tudo que ganhei no clube e um lindo título como aquele.

BN: Mas, por outro lado, ser ex-jogador também não atrapalha? Não falta conhecimento?

João: Não. Tem gente capacitada que é ex-atleta. Emerson, se estivesse no Bahia, com certeza já teria deixado o clube em outro patamar. Ele, por exemplo, é um cara que abriria mão e tem o sonho de presidir o Bahia. No meu caso, eu estudei muito. Fiz um curso de análise sobre o futebol, passei 1 ano na Espanha, França e Inglaterra acompanhando o futebol de perto. Durante esse tempo, eu abri minha cabeça e fui saber como funciona o futebol de lá. É impressionante a quantidade de pessoas nas lojas, frenquentando as dependências do clube, é outra visão que temos ao voltar de lá.

BN: O que vai fazer com os dois CT's?

João: Preciso estar no clube primeiro. Tem que dar parabéns para essa diretoria que conseguiu, neste caso dos dois CT's, deixar um legado. Mas, como carro chefe é o futebol, vão ser lembrados pelas coisas não deram certo. Se o futebol tivesse alcançado resultados com certeza elegeriam o candidato deles. Administrativamente falando, pelo que ouvimos, ainda mais pegando o assunto dos CT's, fizeram um bom trabalho e merecem receber os parabéns.

BN: Os péssimos resultados do futebol afetam o 'momento de democracia' do clube?

João: Infelizmente, nesta gestão, isto foi ruim para todo mundo. Foi uma coisa ruim para todos os tricolores. A democracia conquistada, fugindo de um clube que estava amarrado, vive essa situação de sofrimento, diretores indo e vindo, jogadores falando em bagunça. No geral não foi bom para ninguém.

BN: Com você, caso eleito, a gestão profissional seria diferente?

João: Jogador é jogador. Reunião dentro de campo? Isso é exposição ao clube. Bahia, com tanto espaço no clube, poderia ter em outro lugar um encontro entre atletas. Falar que o Bahia é bagunça é falta de respeito. Mas, para cobrar isso, você precisa impor respeito. Quando não houve isso, deixando atrasar salários e premiações, abre espaço. Eles (dois jogadores) falaram de bagunça sem citar nomes ou setor, o que pra mim soa como desrespeito ao clube. O Bahia é muito forte, grande, para que um ou outro fale dele esse tipo de coisa. Isso não pode ser aceito, independente de quem seja o atleta. É preciso deixar bem claro, desde o início, quem manda no clube em todos os momentos.

BN: E a relação entre Bahia e CBF?

João: Como clube, na minha visão, devemos apoiar o Bom Senso FC. Acho que essa briga com a CBF você pode discordar, sentados em uma conversa, e também argumentar diante deles. Você não precisa brigar, já que no sufoco, por ser a maior entidade, vai ter que apelar para eles. Concordo que se deve discordar, mas sem comprar uma briga com eles que é a maior entidade, e possuem muito poder.

BN: Já tem ideia dos seus primeiros passos?

João: Eleito, ao entrar no clube, farei uma auditoria para saber como está o clube. É necessário conhecer o quadro do paciente, que dizem estar com tais sintomas, mas é preciso saber o verdadeiro relatório médico. Depois é divulgar a diretoria e contratar pessoas capacitadas para sanar os atuais problemas. Precisamos tomar conhecimento dos contratos, o que tem a ser pago, e depois por em prática o plano de gestão. Sentar com todos os candidatos e conversar com eles, tirar o melhor da ideia deles também, tudo isso comandado por mim. Meu plano é democrático, mas liderado por mim.

BN: Charles, pela boa relação com você, seria o treinador em 2015?

João: Eu, por ter uma diretoria ao meu lado, preciso conversar e decidir. Não vou garantir Charles, já que isso atropelaria a democracia. Charles é meu amigo, irmão, competente

BN: Como vê a relação com à Arena Fonte Nova?

João: Precisamos sentar, conversar e tomar conhecimento de todos os detalhes do acordo. Falam em valores, mas se for 9 milhões, é muito pouco. O Náutico, por exemplo, recebe mais que isso lá. É um estádio que só recebe jogos do Bahia, mas não podemos tirar o Bahia de lá e sabemos disso. O torcedor, lá, está confortável, bem localizado, mas não podemos também aceitar tudo. Temos que conversar, analisar e sem brigar buscar o melhor para os dois lados.

BN: Sem Nike em 2015, o Bahia está perto de fechar com a Penalty. O que acha?

João: Poderia ter empurrado este acordo lá pra frente, não poderia ter sido fechado agora. Exisite uma chance de cair, sabemos disso, e por isso eles devem ter fechado antes do fim do Brasileirão. Mas, pelo menos, poderiam ter chamado alguns pré-candidatos para apresentar a situação. Deveria ter segurado um pouco mais para selar um contrato.

BN: Qual palavra você deixa para o torcedor do Bahia?

João: Voz, raça e cor no Bahia. Essa é minha palavra, frase que puxa minha campanha.