O Bahia tem estudado com muito cuidado as opções para o novo técnico da equipe, que substitui Guto Ferreira, demitido no último domingo (3). Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (4), o presidente Guilherme Bellintani e o diretor de futebol Diego Cerri declararam que o Tricolor busca definir um perfil de profissional para, a partir daí, buscar um nome para comandar a equipe. Não existe um prazo para definir este nome. Enquanto isso, a equipe será comandada interinamente pelo auxiliar Cláudio Prates.
A diretoria do Bahia tem como referência o ano passado. Em junho de 2017, o Tricolor também buscava um novo treinador após a saída de Guto Ferreira. Porém, naquela vez, não por opção do clube. O treinador havia aceitado uma proposta do Internacional e resolveu deixar Salvador. Seu substituto foi Jorginho, que acabou demitido em pouco tempo. Na sequência, o interino Preto Casagrande foi efetivado, mas também durou pouco. Quem encerrou o ano com a equipe foi Paulo César Carpegiani, que acabou não ficando para 2018.
A busca pelo estudo de um perfil é para evitar esta constante troca de profissionais, como aconteceu no ano passado. Os dirigentes do Bahia pretendem acertar com um treinador que faça um trabalho a longo prazo. Guilherme Bellintani falou sobre a busca por um perfil:
Primeiro, a gente tem que salientar que, dentro do clube, é uma unanimidade que a troca de treinador muito frequente não é benéfica ao clube. Acho que não é benéfica ao futebol, mas tem momentos que você analisa isso. Não é um fato isolado, mas um acúmulo de situações que acaba gerando um certo desgaste, que você precisa oxigenar e trazer uma pessoa que venha com um olhar diferente, que possa trazer novas ideias e acrescentar. O nosso anseio é que a gente consiga no mercado identificar uma pessoa e que a gente trazendo esse treinador ele possa durar bastante tempo no comando o Bahia. Existe no futebol aquela história de trazer treinador tiro curto, que se desgasta rápido, mas que extrai tudo do jogador naquele momento. Não é o que a gente pensa. Conversamos com o elenco hoje, a gente se encontra em uma situação difícil no campeonato, não podemos deixar o tempo passar mais. Mas a gente tem que se dedicar mais. Não vamos trazer um treinador que venha apagar o incêndio, não é esse o objetivo
O site Globo Esporte traçou o perfil dos treinadores que trabalharam no Tricolor na última temporada e os especulados como alvos da equipe.
Emergente
Em 2017, Jorginho foi contratado pelo Bahia como substituto de Guto Ferreira. Treinador desde 2010, o ex-jogador campeão mundial em 1994 vinha tendo marcas relevantes. Em 2012, ganhou a Copa Nabisco e a Copa Suruga comandando o Kashima Antlers, do Japão. Em 2013, foi finalista da Copa Sul-Americana pela Ponte Preta. Em 2016, ganhou o Campeonato Carioca invicto e subiu para a Série A com o Vasco.
Apesar deste histórico, muitos ainda consideravam Jorginho como um técnico em ascensão. Porém, no Bahia, ele durou apenas dois meses no cargo até ser demitido. Em 14 jogos, o treinador teve quatro triunfos, quatro empates e seis derrotas, em um aproveitamento de apenas 38,1%.
Um dos principais especulados para substituir Guto Ferreira neste ano também é um técnico emergente com passagem recente pelo Vasco: Zé Ricardo. O treinador iniciou sua carreira em 2016, pelo Flamengo e ainda não tem dois anos como técnico.
Neste último final de semana, Zé Ricardo pediu demissão do Vasco em um momento ruim da equipe no ano. Em nove meses na equipe carioca, o treinador fez 50 jogos, com 22 triunfos, 13 empates e 15 derrotas, com aproveitamento de 52,7%.
Outro técnico emergente especulado no Tricolor é o baiano Marcelo Chamusca. O profissional iniciou a carreira como técnico em 2012, no Vitória da Conquista. Comandando o Ceará, ele estreou como técnico na Série A neste ano. Recém-demitido pelo alvinegro cearense, o profissional fez 64 partidas pela equipe, com 34 triunfos, 17 empates e 13 derrotas, aproveitamento de 62%. Do ano passado para cá, ele conquistou um acesso para a Série A, um título cearense e classificou o Vozão para as semifinais da Copa do Nordeste.
Boleiro
Após Jorginho ser demitido, o Bahia apostou então em Preto Casagrande. Ídolo tricolor como jogador, ele era auxiliar técnico fixo do clube e assumiu interinamente. Respaldado pelo elenco, que o elogiava nas coletivas por falar a "mesma língua" dos jogadores, Preto foi efetivado após um período de testes. Até agora, esta foi a sua única experiência como treinador.
Porém, Preto Casagrande não conseguiu estabelecer um padrão tático na equipe e acabou deixando o cargo de técnico, voltando a ser auxiliar após apenas quatro partidas como técnico efetivo. Ele acabou deixando o clube no final da temporada passada. Entre interino e efetivo, Preto durou nove partidas no comando do Bahia, com 44,4% de aproveitamento em três triunfos, três empates e três derrotas.
Veterano
Após a saída de Preto Casagrande, o Bahia apostou em um técnico veterano: Paulo César Carpegiani. O ex-jogador iniciou a sua carreira como treinador no início da década de 1980, pelo Flamengo. Em quase 40 anos de carreira, o técnico passou por clubes no Brasil, Arábia Saudita, Paraguai e Equador, além de ter comandado a seleção paraguaia na Copa do Mundo de 1998.
Carpegiani encerrou 2017 no comando do Bahia, mas seu contrato não foi renovado. No início de 2018, ele comandou o Flamengo, mas foi demitido em março. Pelo Tricolor, no ano passado, o técnico disputou 12 jogos, com cinco triunfos, quatro empates e três derrotas, aproveitamento de 52%. Carpegiani é um dos favoritos da torcida tricolor ao cargo, já que ele foi o treinador que tirou o Bahia da briga contra o rebaixamento e fez com que a equipe chegasse perto de uma vaga na Libertadores.
Outros técnicos experientes vêm sendo especulados no Bahia. Um deles é Nelsinho Baptista, que tem mais de 30 anos de carreira e já treinou equipes do Brasil, Chile, Colômbia e Japão.
Em 2018, Nelsinho comandou o Sport, clube pelo qual é ídolo por ter sido campeão da Copa do Brasil em 2008. Porém, esta nova passagem não foi bem sucedida. Em quatro meses, o rubro-negro pernambucano foi eliminado pelo Ferroviário-CE em plena Ilha do Retiro na segunda fase da Copa do Brasil e pelo Central na semifinal do Campeonato Pernambucano. O treinador pediu demissão em abril após um mau início no Campeonato Brasileiro, que causou instabilidade política no clube pernambucano.
Outro veterano especulado no Bahia é Dorival Júnior. Técnico há mais de 15 anos, o treinador já passou por Cruzeiro, Coritiba, Vasco, Internacional, Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Santos. Seu último trabalho foi no São Paulo, quando conseguiu evitar o rebaixamento do tricolor paulista no Brasileirão de 2017. Porém, acabou sendo demitido no início desta temporada por conta da fraca campanha no estadual, quando teve cinco derrotas em 11 jogos.
Entre 2017 e 2018, Dorival fez 40 jogos pelo São Paulo, com 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas, comaproveitamento de 51,6%.