Postado por - Newton Duarte

Barça x Real: Rosell e Pérez 'ajudaram' Qatar a comprar Copa-22, diz revista francesa

Revista diz que Rosell e Florentino ajudaram Catar a 'comprar' Copa-22

'Todos os caminhos levam à Espanha

Rosell com representante da Qatar Foundation, em dezembro de 2010

A Copa do Mundo de 2022, a ser disputada no Catar, é o assunto mais polêmico da Fifa atualmente. A entidade encontra-se em meio a investigações sobre compras de votos para eleger o país, e a situação pode ficar ainda pior nesta semana - em plena disputa da Copa no Brasil.

A revista francesa France Football publica em sua edição desta semana um amplo dossiê que coloca novas personagens na história. A reportagem tem dez páginas, quatro delas dedicadas à ligação entre os articuladores da candidatura do Catar e figuras importantes do futebol espanhol: nada menos que o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, e o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell.

Segundo a France Football, os dois dirigentes - junto da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) - aliaram-se aos cataris para a escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022, que aconteceu em dezembro de 2010.

Os espanhóis pleiteavam o Mundial de 2018, em candidatura conjunta com Portugal, mas foram derrotados pela Rússia. O Catar foi o candidato vencedor do torneio de quatro anos mais tarde, graças, segundo a France Football a um emaranhado de acordos ilegais.

Entre estes acordos estaria a troca de votos entre espanhóis e cataris, que teria sido acertada, segundo a revista, em um jantar. O restaurante, diz a publicação, foi o Puerta 57, que fica no estádio Santiago Bernabéu. À mesa estavam Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, e Ángel Maria Villar, mandatário da RFEF.

Capa da France Football chama a Copa de 2022 de 'impossível'

Capa da France Football chama a Copa de 2022 de 'impossível'

O interesse de Florentino Pérez na questão seria, sempre de acordo com a France Football, de âmbito pessoal, sem relação com o Real Madrid. O presidente do clube é sócio-majoritário da holding Actividades de Construcción y Servicios (ACS), que controla a Hochtief, empresa que tem feito obras gigantescas no Catar, e que tem o governo do emirado como uma de suas sócias. A equação, aí, é simples: Copa no Catar, mais obras no Catar, mais dinheiro para as empresas.

O nome de Sandro Rosell também é citado e, neste caso, a história respinga também no Barcelona, clube presidido por ele entre julho de 2010 e janeiro deste ano, quando renunciou em meio às denúncias de sonegação fiscal no ‘Caso Neymar'.

O agora ex-presidente do clube catalão tinha, assim como Florentino Pérez, interesses em construir uma boa relação com os cataris. A France Football publica um contrato de 2,7 bilhões de euros (cerca de R$ 9 bilhões), assinado em Doha, em 2008. entre a Bonus Sports Marketing (BSM), empresa de Rosell, e a Aspire Academy.

'Todos os caminhos levam à Espanha': foto do Camp Nou

'Todos os caminhos levam à Espanha': foto do Camp Nou

A Aspire se apresenta no contrato como uma fundação pública catari. Um dos objetivos da academia é ajudar na formação dos jogadores da seleção do país. O plano era ambicioso: descobrir jovens talentos em todo o mundo, não apenas no Catar, visando à seleção nacional que disputaria a Copa do Mundo de 2022, caso o país conquistasse o direito de recebe-la.

No contrato, está prevista a criação de filiais da Aspire Academy em dez países. Entre eles estavam Costa do Marfim, Camarões e Nigéria - três integrantes africanos do Comitê Executivo de 22 membros que elegeria a sede da Copa de 2022. Estava prevista, também, uma filial no Paraguai, país do cartola sul-americano mais influente, Nicolás Leoz, então presidente da Federação Paraguaia e da Conmebol.

Na prática, além da busca por talentos nestes países, o contrato da empresa de Rosell com um órgão oficial do governo do Catar, e a construção de escolas de futebol ao redor do mundo criaria um corredor legal de dinheiro estatal catari para estes países.

Em 2010, dois anos depois da assinatura do contrato entre BSM e Aspire, e já na presidência do Barcelona, Rosell voltou a assinar um acordo conhecido com os cataris: o de patrocínio na camisa do Barcelona, com a Qatar Foundation.

O acordo, de cinco anos e valor estimado em R$ 500 milhões, foi cercado de polêmica deste o início, sobretudo por vincular a imagem do clube catalão a uma associação que estava ligada ao xeque Yusuf al-Qaradawi, conhecido por declarações antissemitas e por incitar o uso de homens-bomba.

Depois de duas temporadas usando o nome da Qatar Foundation em suas camisetas, o Barcelona passou - na temporada 2013-14 - a estampar a marca da Qatar Airways. A mudança era uma parte do acordo prévio com os cataris.


Fonte: ESPN

Foto: Getty e Reprodução