Postado por - Newton Duarte

Beijoca, Osni e Charles: a resenha do confronto

Beijoca, Osni e Charles lembram suas passagens por Bahia e Flamengo e preveem jogo equilibrado

Na resenha cheia de recordações, os craques evitaram apontar um favorito. Eles estiveram, juntos, na Arena Fonte Nova


No gramado da Arena Fonte Nova, muitas histórias se encontraram em uma prévia do jogo de hoje, às 21h50, entre Bahia e Flamengo. Charles, Osni e Beijoca, ex-jogadores dos dois clubes, se reuniram no estádio onde brilharam durante anos. Na resenha cheia de recordações, os craques evitaram apontar um favorito. Em tom de brincadeira, Beijoca cravou: “Se nós tivéssemos em campo, pelo menos não estava assim, estaria melhor”.

O primeiro a jogar por um dos clubes foi o atacante Beijoca, que estreou aos 15 anos no = profissional do Bahia. Um ano depois, em 1971, na inauguração do anel superior da antiga Fonte Nova, o ainda adolescente, nascido em Salvador, estava em campo exatamente contra o Flamengo. Orgulhoso por ter participado daquele jogo, ele lembrou do tumulto gerado por boatos de que a Fonte Nova estava caindo -  de fato, duas pessoas morreram naquele dia.

“A preocupação era grande porque minha família estava aqui, mas foi muito gratificante porque, aos 16 anos de idade, com a camisa do Bahia, vencemos por 1x0, gol de Zé Eduardo”, contou Beijoca que, em três passagens pelo Bahia, marcou 106 gols e ganhou seis títulos estaduais.

Hoje com 59 anos, o agora comentarista esportivo relembrou um dos momentos em que Osni, dois anos mais velho, e ele se enfrentaram: na final do Campeonato Baiano de 1976. Osni atuava pelo Vitória e perdeu um pênalti. O rubro-negro vencia o jogo por 1x0 e o lance gerou um contra-ataque rápido.

Andrada, goleiro do Vitória, não conseguiu defender o chute de  Douglas que empatou o jogo. Na prorrogação, Beijoca marcou e garantiu o título do Bahia. Naquele mesmo ano, o habilidoso Osni foi contratado pelo Flamengo. Paulista de Osasco, começou no Santos, mas foi contratado pelo Vitória com apenas 19 anos.

Saudoso, o baixinho (1,56m) Osni contou que, ainda no Vitória, sempre fazia muitos gols e que frequentemente aparecia no Fantástico. “Sempre passava meus gols, pois todo domingo eu marcava”. A frequência de gols despertou o interesse do Flamengo. Por conta de uma lesão no menisco, ele teve que adiar sua estreia, prevista para uma partida contra o tricolor baiano.  “Joguei com Rondinelli, Zico, Júnior, Adílio, Tita, Claudio Adão, Merica... Só tinha craque”, lembrou Osni.

Na volta à Bahia, em 1978, o jogador de dribles rápidos encontrou o atacante famoso pelas farras e gols em momentos decisivos. Osni e Beijoca conquistaram juntos o título baiano pelo Bahia. A torcida tricolor abraçou o ex-jogador do rival. Osni ganhou mais três títulos estaduais e tornou-se o 5º maior goleador da história do Bahia com 138 gols.

Jogador de bola 

A parceria com Beijoca não durou porque, ainda em 1978, o bom desempenho do artilheiro no Bahia, somado a dois gols numa virada contra o Flamengo por 3x2, em um jogo onde ele marcou duas vezes, motivou o convite para defender o clube carioca. “Depois desse jogo, Zico me abraçou e disse ‘em 15 dias no máximo você vai estar no Rio’. E, em uma semana de negociação, eu viajei”, contou Beijoca.

A história do baiano no rubro-negro carioca não teve final feliz. Após um ano, poucos jogos e só um gol, Beijoca provocou uma confusão no Maracanã ao dar uma cotovelada no jogador Mococa, do Palmeiras, logo após entrar em campo.

Foi expulso do jogo e, sem clima para permanecer, deixou o clube, no que ele considera o seu maior erro  profissionalmente. “Tem uns que nasceram para ser profissionais e outros para serem jogadores de bola. Eu nasci para ser jogador de bola. Pouco estava me importando”, filosofou. O artilheiro voltou para o Bahia, que segundo ele, sofria com a carência de bons atacantes.

Tímido ao lado dos mais velhos no encontro na Fonte Nova, Charles,  45 anos, contou que estava orgulhoso de estar ao lado de Beijoca. “Ele era um centroavante nato. Pelo fato da posição dele ser a mesma que a minha, eu sempre fui fã”, disse o campeão brasileiro de 1988, baiano de Itapetinga. Charles ficou no Bahia até 1991 - foi artilheiro do Brasileiro de 1990 e duas vezes no estadual.

Em 1994, foi contratado pelo Flamengo após passagens por Cruzeiro e Boca Juniors. “Meu nome também está marcado na histórca do clube porque cheguei e fui logo artilheiro do Carioca”, contou o  atacante que ganhou o apelido de Anjo 45 - em referência à música Charles Anjo 45 do rubro-negro Jorge Ben Jor.  No Rio, Charles fez 18 gols em 49 jogos pelo Flamengo em 1994, mas deixou o clube no fim do ano.

Gabriel - Inevitavelmente, na reunião no gramado da Fonte Nova, surgiram outras histórias de outros craques que se consagraram por lá. Ao relembrar seus melhores momentos no Bahia, Charles citou Bobô,  outro tricolor que também jogou no Flamengo. “Ele tinha facilidade em cabecear, fazer gols e cavar pênaltis. Bobô cavava vários pênaltis”, disse Charles, que ressaltou a importância de Paulo Rodrigues e Zé Carlos para o título brasileiro. “Foram os jogadores mais regulares”, recordou o atacante, que chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira em 1989.

Na viagem no tempo pelas passagens por Bahia e Flamengo, Beijoca, Osni e Charles chegaram em Gabriel, destaque do Bahia no ano passado, contratado pelo Flamengo, no começo da temporada, e que hoje à noite enfrenta pela primeira vez o time que o revelou.

Para Charles, o talento de Gabriel é um caso à parte. “Isso são casos que você vai achar dois ou três. Ele não teve trabalho de base, é um talento nato”, diz o ex-atacante que teve experiência como treinador assim que pendurou a chuteira. Foi também secretário de Esportes de sua Itapetinga e agora treina as divisões de base do Bahia. Os antigos craques discutiram se Gabriel deveria ou não comemorar caso marcasse  contra o Bahia, em respeito à torcida.  Beijoca encerrrou a conversa: “É melhor que ele não faça nada, muito menos gol!”.


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Fonte: Lucas Coutinho e Miriane Oliveira - IBahia.com

Foto: Arisson Marinho – Correio*