Postado por - Newton Duarte

Cadê o torcedor?

Cadê o torcedor?

Comentarista da TV Bahia e colunista do Correio*, Darino Sena destaca boa campanha dos times e diz que torcida pode mais


Em sua coluna na edição do jornal Correio* desta terça-feira (30), Darino Sena, também comentarista da TV Bahia, destacam a boa campanha dos clubes baianos no Brasileirão, mas reclama da presença da torcida no Barradão e na Arena Fonte Nova. "é uma decepção". Levando em conta apenas os jogos de Bahia e Vitória em Salvador, a média de público seria, respectivamente, a sétima e a nona no ranking do Brasileirão. "Podemos mais", escreve Darino Sena.

No texto, ele destaca que a Arena Fonte Nova reduziu o preço de arquibancada de R$ 70 para R$ 50. "Mas, na prática, o preço subiu pra maioria dos torcedores. Antes, o Ministério Público não fiscalizava a apresentação da carteira de estudante na compra da meia-entrada. Todo mundo pagava R$ 35. Agora, com a vigilância mais rigorosa, a maioria paga R$ 50". No Barradão, houve aumento de R$ 20 para R$ 30 em relação ao ano passado. Mas a série também mudou. Agora o Vitória está na primeira divisão.

"Bahia e Vitória nunca estiveram tão bem juntos em um Campeonato Brasileiro. Nas últimas Séries A com ambos, nos acostumamos a ver um no meio e outro lá embaixo ou os dois no fim da tabela. Este ano tem sido bem diferente. A melhor posição da dupla foi com o Vitória, segundo colocado na terceira, quinta e sétima rodadas. O Bahia começou em 17º, mas já foi terceiro e hoje é o quinto – um jogo e uma posição a mais que o Leão. A diferença do rubro-negro pro líder é de apenas três pontos. A do tricolor, é de dois. Vamos pra 10ª rodada.

As campanhas são espetaculares. A presença do torcedor é uma decepção. Se levarmos em conta os jogos de mando de campo apenas em Salvador, o Vitória tem média de 17.178 pessoas por partida. O Bahia, 14.016. Seriam, respectivamente, a sétima e a nona no ranking do Brasileirão. Podemos mais.

A Fonte Nova reduziu o preço da arquibancada inteira nos jogos de menor apelo, de R$ 70 pra R$ 50. Mas, na prática, o preço subiu pra maioria dos torcedores. Antes, o Ministério Público não fiscalizava a apresentação da carteira de estudante na compra da meia-entrada. Todo mundo pagava R$ 35. Agora, com a vigilância mais rigorosa, a maioria paga R$ 50. São R$ 20 a mais do que o torcedor tricolor desembolsava pra ver o time no ano passado, na mesma competição. Aumento de 67%. Pesa muito. Vale lembrar que o Vitória mandou dois dos quatro jogos em Salvador na Fonte Nova, contra o Inter – ainda a R$ 35 – e o Ba-Vi, já com o “reajuste”.

Resultado? A Fonte, que já abrigou 110 mil e onde hoje cabem 50 mil, ainda não encheu no Brasileiro. Nem no clássico. Para ir duas vezes no mês ao estádio, de buzu, sem consumir nada lá dentro, com o filho guri, quem ganha salário mínimo compromete aproximadamente  25% da renda mensal. Segundo o IBGE, 60% dos brasileiros vivem de salário mínimo. Quem aguenta?

No último dia 6 de maio, escrevi aqui no CORREIO que “pra quem pode pouco, o futebol vale muito mais. São eles quem mais compram jornal, se associam aos clubes, dão audiência à TV, fomentam as discussões nas portarias dos prédios, nos bares, nas ruas e nos corredores. São eles que formam os futuros torcedores/consumidores. São a alma do futebol... O futebol só pra quem tem mais pode até funcionar onde a desigualdade social é menor. Aqui, a lógica é outra e tem que ser respeitada. É uma questão cultural. Não quero estádios modernos exclusivos pro povão. Mas ele tem que ter a oportunidade de desfrutar também. Urge trazê-lo de volta”. Não mudei de opinião.

No Barradão, onde não se cobra carteirinha de estudante, o valor do ingresso também subiu em relação a 2012. Era R$ 20 e agora é R$ 30. Aumento de 50%. Mas os jogos este ano são de Série A, ressalte-se. Ainda assim, mais barato que na Fonte. Mas o Manoel Barradas também não lota. Nos dois jogos lá até agora, 11.535 pessoas contra o Vasco e 11.227 contra o São Paulo. Ano passado, com o time brigando pra não cair, pagando os mesmos R$ 30 pra ir a Pituaçu, o torcedor tricolor teve média de quase 19 mil pessoas. O Vitória este ano tem brigado pela ponta e ganhou os dois jogos no Barradão. Mas cadê o torcedor? Lugar de leão não é na toca? Ao menos, deveria ser.

Pode melhorar  Wilson é o goleiro que mais defendeu bolas neste Brasileirão: 38. Gabriel Paulista é o jogador que mais as rebateu: 100. Os números, levantados pelo Footstats, são méritos da dupla, é óbvio, mas revelam o quanto o goleiro e os zagueiros do Vitória ficam expostos. Sintomas da vulnerabilidade do sistema defensivo. Trocando em miúdos, a marcação do Vitória podia ser mais consistente. Maxi não ajuda e nem deveria mesmo. Cajá recompõe mal. Quando Nino joga, abre uma avenida às costas dele. No meio, Cáceres e Michel cercam mais que roubam. Magal podia ter mais chances. Contra o Coxa, Alex teve espaço demais na intermediária – onde os volantes não deveriam deixá-lo tão solto. Wilson e a trave salvaram. À exceção do jogo com o Náutico, nas outras vezes em que o Vitória jogou fora neste Brasileiro, quando tem que se defender mais, o time sofreu. Nos últimos três jogos longe de Salvador, duas derrotas e um empate. Falta pegada."


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Fonte: Darino Sena – Correio* - Via IBahia.com

Fotos: Divulgação ECB e ECV