Não pagar salários pode gerar perdas de pontos no Brasileiro de 2015
Aranha foi um dos jogadores que deixaram o Santos no fim de 2014 por atrasos - Friedemann Vogel/Getty Images
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os clubes e alguns deputados se reuniram nesta segunda na sede da entidade, no Rio de Janeiro, para o conselho técnico do Brasileirão. Entre as decisões mais importantes está a decisão de incluir uma regra que prevê punição até de perda de pontos para os clubes que não pagarem salários de jogadores. Mas a medida ainda não entrou no regulamento, e houve controvérsia entre cartolas sobre o formato e a aplicação ainda neste Nacional.
"Para evitar que se cometa exageros em salários de jogadores e técnicos. Para acabar com o negócio de que finge que paga e finge que joga", contou Eurico Miranda, presidente do Vasco, um dos cartolas presentes na reunião.
A ideia aprovada na reunião é aplicar forma idêntica ao que se pratica atualmente no Campeonato Paulista. Neste caso, os jogadores precisam denunciar seus empregadores. A partir daí, o caso iria para o tribunal esportivo, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), para possível punição do clube.
Mas, segundo cartolas, os detalhes de qual tipo de atraso irá configurar uma punição, e se haverá um escalonamento de penas, ainda precisa ser detalhado para entrar de fato no regulamento. As regras do Brasileiro têm que ser aprovadas até dois meses antes do Nacional, que começa em 10 de maio, e depois podem sofrer revisões.
"Foi aprovada a ideia que será igual ao do Paulista. Mas ainda não está no regulamento. Todos os clubes têm que dar aval em nova reunião que a CBF vai marcar", contou o presidente do Grêmio, Romildo Bozzan. Outros dirigentes, como o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares Pinho, disseram que ainda não era certo que a medida valeria para este ano de 2015, pois haverá uma série de procedimentos a serem seguidos.
A maioria dos dirigentes, no entanto, afirmou que a regra já seria imposta em 2015. "Foi aprovado que vai existir o fair play financeiro. Somos favoráveis", analisou o vice-presidente do Corinthians, Jorge Kalil. "É válido para este ano", confirmou o presidente do Santos, Modesto Roma Jr.
Em São Paulo a medida não tem funcionado porque nenhum jogador quer denunciar o próprio clube. Apesar disso, os cartolas defenderam a medida. "Se eles não reclamarem é porque não sofreram nenhum mal", simplificou Eurico.
A adoção da regra faz parte da negociação com deputados para que a renegociação das dívidas fiscais dos clubes saia do papel. A ideia é que os deputados votem o projeto de lei que trata do tema já na próxima semana, e que iria prever punições em caso atrasos nos pagamentos de débitos fiscais. Até por isso, parlamentares como Rodrigo Maia (DEM-RJ) estiveram presentes na reunião da CBF.