Postado por - Newton Duarte

CBF se defende; STJD critica ações de torcedores na Justiça

CBF se defende e divulga causas ganhas pela entidade na Justiça


Em comunicado, confederação lista 12 processos de torcedores que foram extintos e não vê incompatibilidade entre os artigos 35 do Estatuto do Torcedor e 133 do CBJD


Antes de ser informada da decisão favorável à Portuguesa na Justiça comum, a Confederação Brasileira de Futebol se pronunciou no início da noite desta sexta-feira, dia em que torcedores de Flamengo e Lusa conseguiram liminares obrigando a entidade que comanda o futebol nacional a devolver os pontos tirados das equipes no último Campeonato Brasileiro, por terem escalados jogadores de forma irregular na última rodada - as liminares não promoveram mudanças na tabela de classificação pois são passíveis de cassação. Em seu site oficial, a CBF divulgou 12 processos movidos por torcedores em que foi réu e as causas acabaram extintas, segundo a nota, por "indeferimento da inicial, ilegitimidade ativa da parte autora e por falta de interesse processual".

No mesmo comunicado, a CBF questiona o argumento de que o caso fere o artigo 35 do Estatuto do Torcedor, que determina a divulgação das decisões antes de entrarem em vigor. Citando ainda a Lei Pelé, a entidade não vê incompatibilidade nem hierarquia com o artigo 133 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em efeitos imediatos assim que proclamado o resultado de um julgamento. Como embasamento, a confederação usa como exemplo a decisão da Justiça num dos 12 processos em que foi réu, que diz: "Em tese, o Estatuto do Torcedor e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva regulam relações jurídicas diversas. Com efeito, o primeiro disciplina os direitos do torcedor e o segundo regula a Justiça Desportiva e os procedimentos a ela inerentes. Não há portanto, em princípio, hierarquia entre estas duas normas que justifique a declaração de ilegalidade da segunda com fundamento na primeira".

Entenda o caso

Imbróglio judicial levou vários torcedores para o STJD nos julgamentos em dezembro

A Justiça de São Paulo concedeu antecipação de tutela para suspender os efeitos da decisão do STJD, restabelecendo os quatro pontos que foram tirados de Portuguesa e Flamengo. Com a decisão, quem passaria a ser o rebaixado à Série B é o Fluminense. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, o juiz Marcello do Amaral Perino entendeu que nos dois casos, a decisão da Justiça desportiva desrespeitou o artigo 35, “caput”, e parágrafo 2º do Estatuto do Torcedor.

Héverton foi suspenso em julgamento na sexta-feira, dia 6/12, e escalado no fim de semana seguinte (entrou aos 32 minutos do segundo tempo contra o Grêmio), o que acarretou uma notícia de infração feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao tribunal. A Lusa foi denunciada no artigo 214 (Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou equivalente) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), com previsão de perda de três pontos, mais o que foi conquistado na partida em questão, no caso, um ponto, somando quatro pontos.

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André Santos foi suspenso em julgamento na mesma sexta-feira, dia 6/12, pela expulsão contra o Atlético-PR pela final da Copa do Brasil, e escalado no fim de semana contra o Cruzeiro, o que acarretou uma notícia de infração feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao tribunal. O Flamengo foi denunciado no artigo 214 ("incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou equivalente") do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

STJD critica ações de torcedores na Justiça: 'Desserviço ao futebol'

Órgão emite nota oficial depois de liminar obrigar a CBF a devolver pontos ao Flamengo: 'Pode gerar insegurança e instabilidade, causando sérios prejuízos'

STJD retirou quatro pontos de Portuguesa e Flamengo

Horas depois de a Justiça conceder liminar obrigando a CBF a devolver ao Flamengo os quatro pontos retirados pela escalação de André Santos na partida contra o Cruzeiro, válida pela última rodada do Brasileirão, o STJD emitiu na tarde desta sexta-feira uma nota oficial condenando as ações de torcedores do Rubro-Negro carioca, da Portuguesa e do Vasco na Justiça Comum. De acordo com a nota do STJD, as ações configuram um "desserviço ao futebol brasileiro".

A ação que causou a liminar da 42ª Vara Cível de São Paulo, nesta sexta, foi movida pelo advogado Luiz Paulo Pieruccetti Marques, sócio do Flamengo. Marques já defendeu o clube em caso envolvendo o jogador Felipe Melo, em 2008. O fundamento é o mesmo das ações de torcedores da Portuguesa e do inquérito aberto pelo Ministério Público de São Paulo: desrespeito ao Estatuto do Torcedor, que obriga a CBF e o STJD a publicar suas decisões - como a suspensão de atletas.

Na prática, a decisão desta sexta não afeta a classificação do Campeonato Brasileiro. Mas abre um precedente para que a Portuguesa também recupere os quatro pontos tirados pelo STJD. Aí, sim, poderia haver alguma mudança na classificação. Em tese, o Fluminense seria o maior prejudicado por essas decisões.

Confira a íntegra da nota oficial do STJD:

"A propositura de ações pulverizadas na Justiça Comum, questionando decisões unânimes tomadas pelo Pleno do STJD no dia 27/12/2013, é um desserviço ao futebol brasileiro. Pode gerar insegurança e instabilidade para a organização de competições, causando sérios prejuízos aos clubes e, sobretudo, aos milhões de torcedores, sem contar os efeitos negativos para a credibilidade do Brasil, às vésperas de sediar uma Copa do Mundo.

Ao punir atletas e clubes que cometeram infrações previstas no Código Brasileiro de Justiça Desportiva, o STJD apenas cumpriu a lei, exercendo seu papel assegurado pela Constituição Federal.

Durante o Campeonato Brasileiro de 2013, em todas as suas séries, os clubes respeitaram as decisões do STJD, particularmente não escalando jogadores suspensos. Portanto, dar interpretação diversa à prevista na lei, para beneficiar alguns poucos clubes que escalaram irregularmente jogadores na rodada final da Série A, seria desequilibrar o campeonato, prejudicando a grande maioria, que agiu com lisura e respeitou as regras pré-estabelecidas por consenso.

Quanto a eventuais decisões judiciais, compete à CBF, entidade nacional de administração do futebol, organizadora das competições, cumpri-las ou recorrer delas."


Fonte: GE.COM

Foto: Edgard Maciel de Sá e Thales Soares