Clubes se dividem sobre MP: uns abraçam, outros ainda analisam
Flamengo e Atlético-MG, por exemplo, já se decidiram. Corinthians e Inter são alguns dos que estudam o refinanciamento para ver se compensa
Reunião de clubes na CBF (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
Diante da projeção do valor das parcelas a serem pagas à União no refinanciamento das dívidas, os clubes estão avaliando qual será a postura diante da Medida Provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff. O motivo é que, para alguns, a parcela mensal nos primeiros 36 meses pode ser maior do que a prestação dos acordos atuais. Para outros, como é o caso do Flamengo, o refinanciamento vai permitir uma diminuição do impacto do acerto de contas.
Segundo o Fla, o valor mensal que vai para o governo é de cerca de R$ 1,25 milhão, um pouco menos que a projeção do colunista do L!Bizz Amir Somoggi. Mas a visão, compartilhada com Atlético-MG e Fluminense, é que o futuro será recompensador. Somoggi diz que o Galo teria que pagar R$ 1,1 milhão/mês.
– Não temos problema com o parcelamento. A ressalva é com outros pontos da lei. Nossa parcela atual é de R$ 900 mil. Ela vai começar alta e cairá significativamente no futuro – afirmou Daniel Nepomuceno, presidente do Galo.
Corinthians, Inter, Botafogo e Grêmio estão no grupo dos que ainda avaliam a necessidade de aderir ao refinanciamento do Profut. Pela projeção, o Timão arcaria com cerca de R$ 1 milhão/mês.
– Fizemos ano passado um parcelamento com a União e estamos pagando. O valor atual é inferior à projeção: cerca de R$ 800 mil. Estamos com os tributos em dia – explica Emerson Piovesan, diretor financeiro do Timão.
Na mesma linha, o Colorado diz que a parcela atual é de R$ 500 mil e precisa avaliar se entraria no parcelamento para bancar R$ 922 mil. No Botafogo, a diretoria tem dificuldades de apontar qual o real valor devido ao governo. A projeção mensal é de R$ 771 mil.
- Eu não tenho nem esse valor. Estamos estudando a legislação, considerando uma série de variáveis, se favores pagos foram compensados pela Fazenda Nacional. Não é um cálculo tão imediato. Isso tem que ser visto com calma. O clube vai apurar mais. Não é simplesmente ver o balanço, tem que ir mais a fundo. Não quero pender nem para um lado nem para o outro. Estamos analisando – afirmou o presidente Carlos Eduardo Pereira.
COM A PALAVRA - AMIR SOMOGGI
Colunista do L!Bizz e consultor de gestão esportiva
Para os clubes que estão em dia no parcelamento, vai ser um bom negócio. O Flamengo, por exemplo, hoje gasta mais por mês do que se entrar no parcelamento. O Corinthians foi autuado pelo rombo e conseguiu esse parcelamento. Mas os clubes têm que levar em conta que esse valor é para corrigir anos de dívidas. Vai doer no bolso mesmo. De fato, é preciso uma análise financeira sobre essa discussão de peso no orçamento. Ou o clube paga, aderindo ao parcelamento, ou vai sentir a preção do governo, com o direito de credor, executando as dívidas.
O s clubes estão desesperados. É uma situação complexa. E esse valor da projeção é próximo da realidade, mas pode ser mais, porque tem contas que o governo não revelou.
Com essa lei, a ordem muda. Primeiro, os clubes vão ter que pagar o governo antes de pagar jogadores. É uma mudança. Por isso as contrapartidas esportivas são fundamentais. Antes, montavam-se elencos e não pagavam os impostos com a certeza de que nada aconteceria, o clube não seria rebaixado. Agora mudou.
PARCELA NOS PRIMEIROS 36 MESES DE REFINANCIAMENTO
Flamengo - R$ 1.364.440
Atlético-MG - R$ 1.139.315
Corinthians - R$ 1.053.410
Internacional - R$ 922.311
Vasco - R$ 798.520
Botafogo - R$771.815
Grêmio - R$ 640.883
Santos - R$ 634.250
Fluminese - R$ 623.800
São Paulo - R$ 607.853
Bahia - R$ 372.000
Coritiba - R$ 322.326
Cruzeiro - R$ 313.114
Palmeiras - R$ 301.935
Náutico - R$ 240.525
Atlético-PR - R$ 170.417
Vitória - R$ 108.502
Goiás - R$ 92.450
Sport - R$ 85.713
Ponte Preta - R$ 75.973