Postado por - Newton Duarte

Com 'braço direito' Charles, Kleina é apresentado aos jogadores

Kleina elege Charles como braço direito e abre portas para Romagnoli

Novo treinador do Bahia pretende reforçar trabalho de recuperação do elenco e também corrigir erros. Kleina tem contrato com o clube até dezembro deste ano

Foi uma novela de incontáveis capítulos. Candidato a novo técnico do Bahia desde antes da demissão oficial de Marquinhos Santos, Gilson Kleina assumiu de fato nesta quinta-feira o comando do Tricolor. Na última quarta, ele esteve no Fazendão, mas não comandou o treino e sequer deu entrevistas. Nesta tarde foi diferente. Com contrato assinado até dezembro deste ano, o treinador foi apresentado pelo presidente Fernando Schmidt, que logo de cara tentou descartar o fato de que a contratação do técnico se arrastou por dias a fio e criou expectativa digna de obras da teledramaturgia.

Ao lado do presidente do Bahia, Gilson Kleina é apresentado no Fazendão

- Não se tratou de uma novela. Se existe uma coisa que sabemos no Bahia é tomar decisões. Pensar bem e decidir no tempo certo. Aqui não se tomam decisões na base da precipitação ou do vai e vem. Nada disso. As negociações precisam ser feitas para chegar a um bom termo e para que seja o mais proveitoso possível para o clube. Estamos trazendo um treinador vencedor, que tem todas as condições de assumir o comando da comissão técnica. Estamos anunciando também a promoção de Charles, na medida em que deixa as divisões de base, com toda a experiência que adquiriu, e passa a ser auxiliar técnico dentro desse novo conjunto que se formou sob o comando do Kleina. Vai seguramente ser um aperfeiçoamento, para que isso seja útil para ele e para o Bahia, sobretudo para o Bahia. (...) Estamos no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, faltam cinco jogos para terminar o turno, evidente que estamos trabalhando com risco. Mas estamos tentando minimizar os riscos. Não é por outra razão que a presença de Kleina no comando se torna um motivo de tranquilidade para todos nós - disse Schmidt, antes de passar a palavra para Kleina.

Principal protagonista da novela que se transformou a contratação de um técnico, Kleina prometeu ter Charles Fabian como um braço direito. O treinador destacou que pretende ouvir o auxiliar permanente do clube e manter o que foi planejado para o jogo contra o Corinthians, marcado para sábado, às 21h (horário de Brasília), em São Paulo.

- Tratando sobre o Charles, é peça fundamental nesse projeto de quatro meses. Ele é quem mais vou ouvir. Conhece o elenco, os caminhos dentro do Bahia. Eu trouxe profissionais qualificados, mas o Charles vai participar. Estou chegando perto de um jogo, tenho que respeitar a estratégia que ele montou para o jogo contra o Corinthians. Se esse foi o encaixe melhor, a equipe ficou mais leve, teve menos sustos. Temos que avaliar tudo isso junto com o Charles. Ele tem carisma e história vencedora dentro do Bahia. Os atletas precisam de referência. Quer referência maior do que um campeão brasileiro pelo clube? - afirmou Kleina.

O novo treinador tricolor também abriu as portas para o meia argentino Leandro Romagnoli. O atleta assinou pré-contrato com o Bahia no início da temporada e deveria se apresentar em Salvador no início de julho. Contudo, ele permaneceu na Argentina para a disputa da final da Copa Libertadores da América, competição da qual foi campeão. O Bahia prometeu acionar a Fifa para que o atleta fosse obrigado a pagar a multa pela quebra de contrato. Contudo, Kleina está propenso a contar com o meia, caso seja possível, já que a janela de transferências internacionais está encerrada.

- Conversei com a diretoria, e o que sei é que ele assinou um pré-contrato e teria uma data para se apresentar. A equipe dele [San Lorenzo] foi campeã da Libertadores, ele estava envolvido na competição, tem que respeitar o que aconteceu na vida do atleta. Todos os esforços estão sendo feitos para que ele possa vir. Claro que tem que ver em que situação está o contrato. Vou fugir um pouco da pergunta, porque não sei da condição disso tudo. Mas se o Romagnoli chegar, será recebido de braços abertos - declarou o novo técnico tricolor.

Após a apresentação, Kleina foi apresentado ao elenco em uma reunião no auditório do Fazendão.

Gilson Kleina é apresentado aos jogadores em auditório do Fazendão

EXPERIÊNCIA

Kleina possui experiência em assumir clubes me momentos conturbados. Em 2012, ele chegou ao Palmeiras para tentar impedir o rebaixamento da equipe paulista. Não conseguiu. Mas no Bahia ele quer construir uma história diferente.

Gilson Kleina chegou ao Fazendão na última quarta

- São dois momentos distintos. No Palmeiras, tínhamos 12 jogos para fazer um percentual maior. As coisas não aconteceram. Mas tive o privilégio de trazer o Palmeiras para a Primeira Divisão no ano seguinte. O percentual nosso daqui do Bahia também exige atenção. Vamos passar isso para os atletas. Mas já houve uma reação. A equipe está jogando diferente. As coisas encaixaram de outra forma com o Charles. Temos condições de conviver com outra realidade, mas estamos na 15ª rodada, na zona de rebaixamento, e precisamos viver um jogo por vez - avaliou Kleina.

O treinador não falou em nomes para a montagem do time ou em predileção por esquemas táticos. Kleina só comentou que irá respeitar as características do elenco para tirar o máximo de proveito do potencial dos atletas que tem à mão.

- A gente trabalha respeitando a característica do elenco. A equipe jogava com transição de três atacantes. Agora ela mudou. Joga criando ocupação de espaços no meio de campo, dando liberdade para alguns jogadores. Gosto de trabalhar no que temos de melhor, mas analisando o adversário. O legado que tiramos da Copa do Mundo é isso. Jogadores que variam de função dentro de campo. Vamos ver se podemos encontrar isso aqui - disse o técnico.

Por enquanto, o treinador foca apenas na conversa com os jogadores. Ele quer seguir com o trabalho de reforçar a autoconfiança dos jogadores e, aos poucos, corrigir as falhas que o time apresenta nos jogos.

- Estamos tirando a pressão dos jogadores. Vamos tentar jogar com mais alegria, dinamismo, mas com seriedade. Não podemos abrir mão de uma marcação alta. Mas, com a bola, tem que ter ousadia. Dar a liberdade para os jogadores terem criatividade, finalizar de média e longa distância. Ver o motivo pelo qual o Bahia não arremata. Vou analisar isso no dia a dia - concluiu o treinador.


Fonte: Thiago Pereira - GE.COM

Fotos: Felipe Oliveira - Divulgação/EC Bahia