Postado por - Newton Duarte

Com histórico de dificuldades, Zagueiro pode ajudar o Bahia em 2016

Zagueiro capixaba do Bahia já foi garçom e lavrador: "Era até maneiro"

Carismático, Robson, de apenas 21 anos, ganhou a simpatia dos torcedores com o discurso sempre autêntico e demonstrando muita força de vontade

Robson, zagueiro capixaba do Bahia (Foto: Felipe Oliveira)

A realidade é de conforto, saúde financeira, contrato firmado e reconhecimento. Mas na adolescência a vida não foi nem de perto dessa forma. O passado foi complicado, de restrições e histórias de superação. Se para 2016 o torcedor do Bahia quer ver em campo um setor defensivo guerreiro, pode-se dizer que, se depender do zagueiro capixaba Robson, o time também terá um elenco cheio de trabalhadores. Ao pé da letra.

Até antes de ser contratado para defender as cores do time baiano, Robson passou por situações complicadas. E não faz muito tempo. Há apenas seis anos, ele vivia em uma casa pequena em Itaguaçu, Região Noroeste do Espírito Santo, com o pai, a mãe e os dois irmãos, com quem trocava e dividia as roupas.

O que poucos sabem, no entanto, é que o jovem zagueiro quase não se tornou jogador profissional por conta dos trabalhos de garçom e lavrador na cidade onde nasceu. A habilidade dentro de campo nem de longe lembra o tempo de quando ele precisava carregar bandejas no restaurante da cidade. Aos 15 anos, Robson precisou trabalhar para ajudar no orçamento da família.

- Eu trabalhava bastante até. Entrava no estabelecimento às 17h e saia apenas às 5h da madrugada. 12 horas de trabalho sem descanso. Mas até que era um trabalho maneiro. Como lavrador, eu acordava bem cedo para ajudar meu pai e meu irmão mais velho. Era cansativo e nós não tínhamos vida fácil. Foi realmente uma fase de dificuldades - disse o jogador, de férias no Espírito Santo.

O empurrão para continuar sonhando com o futebol partiu do pai, um dos maiores incentivadores. Treinando em uma escolinha da região, Robson chamou a atenção de um diretor do Cruzeiro ao fazer um teste, mas que depois o levaria para o Bahia. A partir daí, Robson deixou a cidade de pouco mais de 14 mil habitantes onde crescera para tentar a sorte na equipe baiana.

As conquistas seguintes mostraram que o então diretor, agora no Bahia, tinha razão em apostar no zagueiro. Como um verdadeiro guerreiro, o capixaba amadureceu e foi conquistando seu espaço . Aos 19 anos, foi emprestado ao Kawasaki Frontale, do Japão, onde ficou em terceiro lugar no Campeonato Japonês e ajudou a classificar a equipe para a Copa da Ásia.

- A experiência de jogar no Japão foi muito interessante. A torcida comemorou nossa classificação para a Copa da Ásia como se tivessem conquistado um título. Foram sete meses jogando pelo Kawasaki Frontale e consegui aprender bastante - falou.

Robson; Bahia (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)

Robson participou de 30 jogos na campanha do Bahia na Série B (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)

Mas 2015 reservava vários motivos para comemorar. Robson conquistou a confiança da torcida e virou referência. A única coisa que deixa o zagueiro magoado foi não ter conseguido devolver o clube para a Série A do Campeonato Brasileiro.

- Olha, meu ano foi excelente. Consegui ter uma boa sequência de jogos pelo Bahia. De 38 rodadas da Série B, participei de 30 jogos. Além disso, fui campeão baiano, disputei Copa do Nordeste, Copa Sul-americana e Copa do Brasil. Lamento apenas não ter conseguido colocar o time na Série A - avalia.

Ainda mais experiente, Robson tem tudo para ajudar o Bahia no próximo ano a voltar à elite do futebol brasileiro e, se depender das características do personagem, ele vai trabalhar bastante para isso.