Postado por - Newton Duarte

Comentaristas avaliam eliminação do Bahia

Reincidente: comentaristas avaliam eliminação do Bahia no Nordestão


Marcelo Sant'Ana, do jornal Correio*, Jorge Allan e Darino Sena, comentaristas da TV Bahia, repercutem o fiasco do Bahia na Copa do Nordeste pelo 2º ano consecutivo


Mudou o presidente, mudou a direção, mudaram o técnico e alguns jogadores, porém, dentro de campo, o ‘novo Bahia’ começou o ano amargando as mesmas frustrações de 2013. Pelo segundo ano consecutivo, o Tricolor cai na primeira fase e é eliminado de maneira precoce da Copa do Nordeste. O triunfo sobre o CSA na última rodada da competição regional não foi suficiente para levar a equipe às quartas de final, pois o Santa Cruz também venceu e ficou com a segunda vaga do Grupo B. Os alagoanos, líderes da chave, também passaram.

As duas últimas campanhas do Bahia no Nordestão são muito parecidas. Neste ano, o time terminou a primeira fase como 3º do seu grupo, com 10 pontos ganhos, à frente apenas do Vitória da Conquista. Foram três vitórias (duas contra o Conquista e uma contra o CSA), um empate (Santa Cruz) e duas derrotas (CSA e Santa Cruz). Foram sete gols marcados e oito sofridos, saldo negativo de um.

Em 2013, o Tricolor também fechou a fase de classificação na 3ª posição, só que com oito pontos, atrás de ABC e Ceará, e à frente apenas do Itabaiana. Em seis jogos disputados, a equipe comandada pelo então técnico Jorginho venceu duas vezes (Itabaiana e Ceará), empatou duas (ABC e Itabaiana) e perdeu outras duas (Itabaiana e Ceará). Foram seis gols marcados e oito sofridos, saldo negativo de dois.

Dois anos, dois elencos distintos. No ano passado, os reforços apresentados pelo ex-presidente Marcelo Guimarães Filho para o Nordestão foram Brinner, Thuram, Pablo, Magal e Toró. Em 2014, já na gestão de Fernando Schmidt, chegaram nomes como Rhayner, Branquinho, Wilson Pittoni e os irmão Maxi e Emanuel Biancucchi. Dentro de campo, no entanto, os resultados foram os mesmos.

Como explicar, então, o fiasco do Bahia pelo segundo ano consecutivo? Para o técnico Marquinhos Santos, o grande vilão é o calendário do futebol brasileiro. Na opinião do treinador, os nove dias de pré-temporada foram insuficientes para implantar a sua filosofia de trabalho. O resultado disso é que a equipe precisou ser acertada ao longo da competição. Alguns atletas, como Hélder, Maxi Biancucchi e Wilson Pittoni estrearam apenas na terceira rodada. Outros, como Branquinho e Anderson Talisca, demoraram a adquirir ritmo de jogo.

Mas, afinal, só a pré-temporada é suficiente para explicar o mau desempenho dentro de campo? E agora, com um maior tempo livre, é possível ajeitar a casa e conquistar o título baiano? Foi para responder a essas perguntas que o GloboEsporte.com reuniu um time de comentaristas no dia seguinte à eliminação do Tricolor. Marcelo Sant’Ana, do jornal Correio*, Jorge Allan e Darino Sena, da TV Bahia, foram os escolhidos para discorrer sobre o assunto.

Confira abaixo as avaliações de cada um.

Jorge Allan

Jorge Allan, comentarista da TV Bahia e do SporTV

- No ano passado, o clube estava desorganizado. Foi mantida uma base que vinha se arrastando há três anos. Dizia-se que a base era boa, mas não era. Esse ano, é diferente. Foram muitas mudanças. Mudou a administração, os jogadores e o técnico, e não houve tempo para arrumar o time. Teve também um pouco de falta de sorte, de logo na estreia perder daquele jeito para o CSA [goleada por 4 a 1]. Todos os times do grupo do Bahia começaram a se preparar a mais tempo. Quando não se tem jogadores que façam a diferença, isso conta. Se você for analisar, a maioria dos times da Série A se deram mal contra times menores. Mas, o grande problema do Bahia foi empatar em casa com o Santa Cruz. A boa notícia é que o time mostrou progresso nessa reta final. Contra o Santa Cruz [partida da volta, em Pernambuco], o time já foi melhor. Teve aquele problema de tomar um gol no início e ter um homem expulso, mas jogou bem. Agora é lógico que faltam opções. O Bahia precisa de um meia e um centroavante.

- O Bahia vai entrar com essa vantagem. Vai descansar e, ao mesmo tempo, terá tempo para se preparar. Eu acho que esse será o grande teste do técnico Marquinhos Santos e do seu elenco.

Marcelo Sant’Ana

Marcelo Sant'Ana é jornalista do jornal Correio*

- O principal motivo da eliminação foi a má montagem do elenco para esse ano. Ano passado, o Bahia passou por intervenção, por uma crise política. Mas, mesmo assim, o departamento de futebol tem trabalhado mal. O elenco tem excesso de jogadores de beirada, mas não tem um centroavante ou um meia. O sistema defensivo é o mesmo do ano passado. Dos sete jogadores da linha defensiva, cinco eram do ano passado, e não eram de confiança. E olhe que o Bahia já contratou 15 jogadores. Dos 15, quatro são aproveitados. Esse é o principal erro. O Bahia é o time na região que tem maior orçamento, mesmo com dificuldades financeiras. O mínimo que se espera é que tenha habilidade para contratar. O calendário é ruim, mas é ruim também para o Santa Cruz, que disputou a Série C e também teve um período de treino pequeno. CSA e Vitória da Conquista, que tiveram um período maior, disputam a Série D ou não têm divisão. A justificativa do Bahia não me convence. 

- O Baiano não é parâmetro de avaliação. Não tem como descobrir se o jogador tem qualidade. Tem como descobrir se ele é ruim. Desde que a Copa do Nordeste voltou a ser disputada, no ano passado, Feirense e Conquista, representantes do interior, não conseguiram ganhar uma partida sequer. Os clubes do interior baiano tem zero vitória na competição. Isso mostra a fragilidade que é o Campeonato Baiano. Desde a criação da Série D, não teve equipes do interior na Série C. Então, é um campeonato que não permite fazer avaliações concretas. O fiasco no Nordestão prejudica na avaliação para o Brasileiro, porque é onde se permite trabalhar melhor as peças. Nesse ponto, nem a Copa do Brasil ajuda, porque a primeira fase só será disputada em março, e o Brasileiro já é em abril. E os adversários, que são separados por índice técnico, são teoricamente mais fáceis. Há um desnível técnico. O Nordeste seria o campeonato de melhor avaliação. É um campeonato que reúne mais condições para avaliar.

Darino Sena

Comentarista Darino Sena - Bahia x Vasco (Foto: Reprodução / SporTV)

Darino Sena, comentarista da TV Bahia e do SporTV

- O Bahia pecou nos momentos chaves contra os adversários diretos. Naquele jogo contra o CSA e, principalmente, nos dois jogos contra o Santa Cruz. Não teve competência para segurar a vitória no jogo de ida e teve aquele descontrole no jogo final, quando tomou um gol e perdeu um homem com menos de dez minutos. Esse fator acabou sendo determinante. Em termos técnico e tático, o time oscilou demais; não conseguiu regularidade. Houve muitos problemas defensivos, principalmente na bola aérea. Acho que faltou um padrão de jogo. Marquinhos até conseguiu definir o time na Copa do Nordeste, mas não conseguiu manter o nível de atuação nos jogos. O melhor jogo foi contra o Conquista em casa, mas, nos outros jogos, o time não conseguiu manter. Faltou também uma referência na área. O Bahia contratou muitos jogadores, mas tem uma carência básica. Não tinha homem de referência, nem titular nem no banco de reserva. Marquinhos improvisou Talisca, mas a gente sabe que não é a dele. E outra: o Bahia sabia que ia entrar defasado fisicamente. Então, poderia ter mesclado o time no começo, como o Vitória fez. Se era a justificativa, por que não se pensou em mesclar?

- Obrigação de ganhar o Baiano o Bahia tem sempre. Tem que, pelo menos, disputar com o Vitória. Só que não vai ser fácil. O Vitória tem base montada, foi 5º colocado no Campeonato Brasileiro de 2013. O time não tem oscilado, mas com certeza vai evoluir e mostrar o seu futebol. Assim como o Bahia tem obrigação de ganhar o Baiano, tinha também a obrigação de se classificar na Copa do Nordeste, em uma chave que tinha o CSA e o Vitória da Conquista. O Bahia tinha que, pelo menos, conseguir uma das duas vagas. É um discurso óbvio esse de Marquinhos Santos de que tem que ganhar o Baiano. Agora, é obrigação também já entrar no campeonato mostrando uma evolução técnica e tática. Não vai ter mais desculpas. Já foram seis jogos e, agora, o time terá um descanso semanal. Acabaram-se as desculpas do Bahia. 


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Fonte: GE.COM

Foto: UTB - Reprodução SporTV e Arquivo pessoal