Postado por - Newton Duarte

Conceito e/ou humildade?

Conceito e/ou humildade?


Não sei vocês, mas a campanha tricolor nesse Campeonato Brasileiro tem me surpreendido demais. A essa altura da competição, com o elenco disponível e pelas apresentações indignas no Nordestão, no Baiano e na Copa do Brasil, achava que já estaria enfurnado na zona do rebaixamento. Exatamente por tudo isso, entendo algumas escolhas de Cristóvão Borges, que em outras circunstâncias me tirariam do sério. O estilo de jogo do Bahia está muito claro para mim. Congestiona a intermediária defensiva e, forçando as jogadas nos dois meias atacantes pelos lados, busca ser eficiente nas poucas chances criadas. O famoso “jogar no erro do adversário”.

Pelas faltas de opções ofensivas, Cristóvão, principalmente nas substituições durante os jogos, opta por encher o time de volantes. Fahel, Fabrício Lusa, Rafael Miranda e Diones estavam no banco contra o Goiás. Não entendi as razões do treinador não ter levado Potita, Freddy Adu e Ítalo Melo, ainda mais que agora se pode levar onze no banco. Pelo menos dois deles deveriam estar relacionados. Por mais que não se tenha confiança nesses jogadores, eles são especialistas nas funções ofensivas. Isso sem falar que os volantes reservas não enchem os olhos nem na deles. Cristóvão com certeza sabe das carências do elenco. Por isso vai sempre ficar a dúvida. Essa “volantização” do time nas alterações é conceito de jogo ou humildade no reconhecimento das deficiências? Talvez as duas opções.

Diante do Goiás, Cristóvão tentou dar mais qualidade e velocidade ao time. Colocou Marquinhos Gabriel no lugar de Rafael Miranda e recuou Anderson Talisca. Não é que tenha dado errado, mas aconteceu o que eu temia. Todo esse tempo jogando mais à frente transformou Talisca em outro jogador. O volante dinâmico da base, virou um meia preguiçoso na recomposição. A posição não exige muito poder de marcação, mas cobra dinâmica e velocidade para recompor o meio de campo e fazer as coberturas. Talisca não conseguiu ser eficiente em nenhuma dessas funções.

Com isso e, pelo perigoso atacante Walter empurrar os zagueiros tricolores para dentro da área, o Goiás conseguiu dominar a intermediária. O próprio Cristóvão reconheceu isso na coletiva pós-jogo. A entrada de Rafael Miranda organizou a compactação do time, mas fez perder o fator diferencial. Rafael só toca de lado e pouco avança. Por isso vale a insistência com Talisca mais recuado. Fora ele e Hélder, ninguém no elenco tem condições técnicas de fazer a função render ofensivamente também. É questão de treinamento e readaptação. Claro, também, menos pose e mais entrega.

Outra dificuldade ofensiva ocorreu pela partida ruim de Wallyson. Dedicado taticamente, parecia desconcentrado e sem perna na hora de atacar. É importante que ele acompanhe a subida do lateral, mas não pode ser o tempo todo. Acaba que não consegue se aproximar de Fernandão. Marquinhos Gabriel tem sido mais eficiente nisso. O adversário precisa se preocupar mais com Wallyson do que o contrário. Fernandão acaba muito isolado e o time sem opções ofensivas de aproximação. Dos laterais, apenas Madson apoia, contudo precisa urgentemente treinar cruzamentos. É péssimo nesse fundamento; o que acaba por “esconder” a solidez nas outras obrigações. Raul guarda muito bem o setor, mas não passa da intermediária. Precisa ser um pouco mais ousado.

Sábado começou a auditoria no tricolor. Já não era sem tempo! Espero que as coisas aconteçam com critério e velocidade. Existem muitas coisas obscuras e que precisam vir à tona. Transparência é uma ação obrigatória. Nem sei se isto está na pauta, mas é importante que seja analisado os contratos dos jogadores da base. Qual o critério utilizado pela diretoria destituída para repassar porcentagens dos garotos a empresários “amigos”? Quais os valores exatos da permuta do Fazendão e das transcons? Todos os contratos precisam ser revistos. A associação em massa tem orgulhados os tricolores. Sou um deles. E essa galera, dentro do clube, poderá cobrar a sonhada transparência e viver um clube democrático. Ser sócio é uma obrigação de todo tricolor!


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Fonte: Éder Ferrari – Bahia Notícias