Copa do Nordeste quer R$ 20 mi em patrocínios e 2ª vaga na Sul-Americana
Tome o Bahia, vice-campeão da Copa do Nordeste, como exemplo. Em seis partidas, o clube teve receita líquida de R$ 694 mil com bilheterias – com prejuízos nas três primeiras e lucros nas três últimas. A premiação somou R$ 1,5 milhão. A receita que os tricolores baianos tiveram na competição, portanto, chegou a R$ 2,2 milhões. Sem que houvesse despesa, pois transporte, arbitragem e outros custos ficam por conta da Liga do Nordeste. O Bahia entrou só para ganhar dinheiro. Esta é a beleza da liga nordestina, que para 2016 sonha com R$ 20 milhões em patrocínios e mais uma vaga na Copa Sul-Americana.
Atualmente a liga fatura cerca de R$ 15 milhões por ano com patrocínios. Desse dinheiro, 10% vão para as federações dos nove estados – elas também ficam com 10% da receita bruta com bilheterias, como acontece em todo jogo no futebol brasileiro. Depois saem também transporte, arbitragem e demais gastos gerados pela participação dos clubes na competição. Despesas administrativas são baixíssimas, pois não há sede, não há cartolas a sustentar e há uma única funcionária. Por isso R$ 12,3 milhões são distribuídos aos times como premiação: R$ 365 mil por clube na primeira fase, R$ 250 mil na segunda, R$ 275 mil na terceira, R$ 400 mil ao vice-campeão e R$ 1,5 milhão ao campeão.
A receita adicional da Copa do Nordeste entra sem matar os Estaduais. O Bahia ainda vai disputar neste domingo o título do Campeonato Baiano com o Vitória da Conquista, com possibilidade de ganhar nele mais bilheterias, mais premiações. Isso foi possível porque o Estadual foi reduzido para abrir espaço. Se Paulista e Carioca exigem 19 datas cada um, o Baiano requer 12, da fase de grupos à final.
– As distâncias entre as cidades são grandes. Se a equipe joga quarta e domingo, não tem plantel que aguente. Nem o torcedor tem condições de desembolsar para assistir aos jogos duas vezes por semana. O clube joga duas competições, até três, porque a Copa do Brasil é paralela, e consegue conciliar sem problemas, sem ter que jogar com time misto em um jogo e principal no outro. No futuro não vai haver Estaduais longos – diz Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF) ao blog.
O dirigente fez esse discurso a presidentes de outras federações na quarta-feira, antes da decisão entre Ceará e Bahia. Alguns creem que a Copa do Nordeste mata os Estaduais.
– Eu acho o contrário, porque eles dão acesso à Copa do Nordeste. Tivemos o Vitória, que não chegou à semifinal no Baiano e está fora da Copa do Nordeste de 2016. Náutico e CSA, também. Eles vão ter que se fortalecer para o Estadual no próximo ano para não ficar de fora da Copa do Nordeste, que dá receita – argumenta o presidente da FBF, que nesta edição conseguiu colocar Piauí e Maranhão “de volta no Nordeste”. Até então, no mapa geográfico da CBF, os dois estados faziam parte do Norte.
Agora a Liga do Nordeste quer usar o sucesso em público (recorde da temporada com 63.399 pagantes na final) e mídia (transmissão na TV aberta pela feita pela Globo e na fechada pelo Esporte Interativo) para aumentar as cifras. A meta, diz Rodrigues, é chegar a R$ 20 milhões em patrocínios na edição de 2016 e conseguir mais uma vaga na Copa Sul-Americana, pedido que ele pretende levar à CBF. Se isso valesse já em 2015, o Bahia, derrotado pelo Ceará na decisão, teria vaga na competição continental, o que lhe daria mais alguma receita com bilheterias e prêmios e a chance de disputar outro título.