Postado por - Newton Duarte

'Corra que a polícia vem aí': Confederação Brasileira de Futsal será investigada por desvio de dinheiro

Denúncias de desvio de dinheiro fazem futsal virar caso de polícia

Ginásio do time de futsal do Corinthians, no Parque São Jorge

A cúpula da Confederação Brasileira de Futsal - CBFS - será investigada nos próximos dias por um caso de desvio de dinheiro através de empresa fantasma. A reportagem do ESPN.com.br teve acesso a documentos que na próxima segunda-feira serão entregues juntamente com uma queixa crime à Polícia Civil, à Polícia Federal e ao Ministério Público.

O então vice presidente de competições da entidade e hoje presidente da Confederação, Renan Menezes, e Louise Bedê, atual vice de administração, receberam durante 2013 parcelas de R$ 10 mil por meio da ARFE, firma de "produção e logística de eventos" de propriedade de Armando Gondin, genro de Aécio de Borba, ex-mandatário da CBFS.

As parcelas de "gratificação pecuniária prevista no estatuto da CBFS" (segundo consta no recibo assinado por Renan Menezes) seriam mensais segundo a acusação e, como demonstram os documentos obtidos pelo ESPN.com.br, chegaram também à conta corrente da esposa de Renan, Edineide Menezes, que nunca foi funcionária da CBFS.

Comprovante de pagamento a Renan Menezes pela empresa Arfe

Comprovante de pagamento a Renan Menezes pela Arfe - Reprodução

Comprovante de pagamento a Edileide Menezes, esposa de Renan Menezes, pela empresa Arfe

Comprovante de pagamento a Edileide Menezes, esposa de Renan Menezes - Reprodução

Documentos comprovam pagamento  a membros da Confederação Brasileira de Futsal através da empresa ARFE

Documento comprova pagamento a Louise Bedê - Divulgação

Aécio Borba renunciou ao cargo em junho deste ano, depois de ter as contas da Confederação rejeitadas e ser acusado de nepotismo.

Auditoria realizada no primeiro semestre de 2014 apontou que cerca de R$ 3 milhões foram gastos em 2013 pela CBFS com serviços não identificados. E que a ARFE ainda emprestou R$ 2,5 milhões à parceira, em março de 2014.

Vale ressaltar que a receita da CBFS em 2013 chegou a cerca de R$ 32 milhões por meio de contratos de patrocínio com empresas públicas como Banco do Brasil e Correios. O Banco do Brasil não renovou o vínculo com a seleção de futsal, mas os Correios mantêm em sua página na internet informações sobre a parceria.

Esq à dir: Renan Menezes, Aécio da Borba, Vicente Piazza, ex-vice-presidência geral da CBFS e Louise Bedê - Viviane Sobral/CBFS

Ouvido pela reportagem, Renan Menezes alegou a respeito dos repasses de R$ 10 mil: "Devem ter sido pagamentos referentes ao período que integrei o comitê da liga nacional, ficou definido que tanto o comitê como a direção que integrava a liga recebiam pagamento. Não houve ilegalidade, essas denúncias são denúncias levianas da oposição."

Já sobre a informação de que sua esposa recebeu dinheiro da Confederação em 2013, o presidente da CBFS explicou: "Pode ter ocorrido de eu ter dado o numero da conta da minha esposa, mas não tem nenhum documento assinado por ela, se tivesse, tudo bem."

O motivo de pagamentos serem feito pela ARFE Renan não soube esclarecer. Ele afirma ter rompido vínculo com a empresa ainda antes de assumir a presidência. "Quem tem que dizer é o ex-presidente ou a própria empresa, mas toda movimentação financeira [da Confederação] era feita pela ARFE. O que posso dizer é que desliguei qualquer vínculo com a empresa, toda ligação familiar foi desligada."

O ESPN.com.br tentou contato com Aécio de Borba até o momento da publicação desta matéria, mas não foi atendido.

Em participação no programa 'Bola da Vez' da ESPN Brasil, no começo de abril, o jogador Falcão protestou contra a entidade então comandada por Aécio de Borba desde 1979, ano da fundação da CBFS: "No ano passado entraram R$ 30 milhões e não vimos benefício nenhum para a Liga Futsal e os atletas. Tem jogador que emitiu nota e até agora não viu o dinheiro. Os patrocinadores, então, não querem nem ouvir falar de futsal"

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