De pedra a vidraça: Ex-jornalista assume a presidência do Bahia
Marcelo Sant’Ana era apenas repórter de um jornal baiano. Em um mês, virou presidente do maior clube do estado, adotou o terno, parou de beber e deixou de atender números desconhecidos
O novato Marcelo Sant‘Ana da redação à presidência | Crédito: Edson Ruiz
Em 17 de novembro, Marcelo Sant’Ana, então repórter especial do jornal Correio, se sentava com seu chefe para comunicar que sairia candidato nas eleições do maior clube de futebol do estado. Exatamente um mês depois, era aclamado presidente tricolor. Mais do que isso: deixava de ser pedra para se tornar vidraça. Foram 1.444 votos que, no espaço de um mês, mudaram a rotina do jornalista de 33 anos no desafo de resgatar o Bahia de mais um rebaixamento para a segunda divisão.
O mandatário mais jovem entre os 40 times que disputarão as séries A e B do Brasileiro em 2015 carrega um mantra. “Você vê equipe desorganizada ser campeã, mas raramente uma bem organizada, que paga em dia, honra fornecedores, cair”, afirma.
O Bahia ainda não se encaixa nessa categoria. Para reverter esse cenário, Sant’Ana conduz um quadro de cerca de 200 funcionários em meio a mudanças que chegam até ao seu visual. “Como sou novo, qualquer coisa que faça irão dizer que sou imaturo. Me rotularam até como almofadinha. Falaram que repórter não anda de gravata. Julgam a aparência. Sei que, com terno e blazer, o cara mais velho irá me respeitar. Não bebo mais álcool em público. Até aqui, foi apenas um copo, contado.”
Desde a posse, o primeiro presidente remunerado do país conheceu ainda o outro lado da moeda. Sempre crítico em suas colunas no Correio, ele teve de lidar com a insatisfação dos torcedores. “No fim das contas, a verdade do futebol é o campo”, diz.
Entre reuniões com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e encontros com empresários, Marcelo Sant’Ana deparou com uma nova realidade: virou fonte de informação dos veículos locais. “Ainda estranho essa relação com a imprensa. Não posso mais falar o que acho para eles. Tinha um estilo mais agressivo e agora tenho que ser até um pouco mais político, na acepção ruim da palavra.”
Detalhe: não atende número de telefones que não conhece. Para o desespero de ex-colegas