Postado por - Newton Duarte

De questionado a herói: Zagueiro vive dia de estrela após triunfo em Ilhéus

Robson, do Bahia, vive dia de 'Robgol' após gols em Ilhéus

Após dois gols, Robson recebeu até assédio pelo interfone dos colegas do condomínio onde mora - Joá Souza | Ag. A Tarde

Em plena entrevista, o interfone da casa de Robson, do Bahia, começa a tocar insistentemente: "Deixa eu atender, senão não para", pede.

Ao levantar, porém, ele tira o fone do gancho e larga lá, pendurado pelo fio. "Não vai atender, não?", pergunta o repórter. "Que nada... Isso aí é gente do condomínio ligando para falar dos gols de ontem e pedir camisa", responde o zagueiro. "É assim todo dia. Se o time tá mal, ligam para dizer que tem que melhorar. Se tá bem, liga para elogiar e pedir camisa. Já me acostumei".

É assim a vida de jogador, ainda que a de um recém-saído da base, como é o caso de Robson. Aos 22 anos, ele marcou anteontem, sobre o Colo Colo, os dois gols decisivos do triunfo por 3 a 2: o último aos 49 minutos do 2º tempo.

A faceta é nova. Aqueles foram apenas o segundo e terceiro gols do defensor na carreira. Fato que, em parte, explica a comemoração efusiva do último: o zagueiro correu todo o campo, sem camisa e sem destino, até ser derrubado no chão pelos companheiros e cair no choro.

"Primeiro que não sou muito de fazer gol. Então, quando faço, boto pra fora mesmo", conta. "Mas também pelo jogo. A gente estava ganhando e tomou dois gols bestas no final, um deles de pênalti, no qual Jailson (de Freitas, árbitro) foi errado, e ainda contra mim... Se terminasse empatado, iam colocar a culpa em cima de mim. Fazendo o gol, consegui extravasar".

Sobre o erro do árbitro - na repetição dá para ver que o jogador do Colo Colo se atirou na área -, Robson conta que inicialmente não entendeu nada. "Pensei que ele tinha marcado recuo porque toquei apenas na bola", recorda. "Fiquei nervoso porque parecia que ele tinha apitado na má intenção. Mas já tinha sido marcado mesmo, então não ia perder tempo reclamando".

Volta à titularidade

Robson tem outro motivo para comemorar. Ele começou o ano como titular, mas perdeu a vaga para Éder nos três jogos anteriores ao de domingo. O zagueiro conta que aceitou bem o banco. "Eu me avalio bastante e não vejo que errei. A defesa teve falhas, mas foram erros que no dia a dia dá para corrigir", conta. "Mas o professor optou por me tirar, e isso faz parte. Me motivou a treinar mais. Respeito o Éder, mas ali é cada um brigando pelo seu espaço. Tive a chance de voltar e joguei bem".

Os gols, por sinal, saíram de um defeito confesso do zagueiro, que ele conta estar trabalhando para melhorar: "Ano passado fomos muito cobrados por tomar muitos gols de cabeça e fazer poucos. Então procurei aprimorar meu cabeceio. Até porque não tenho estatura avantajada (1,81 m), então preciso me desdobrar para compensar", afirma. "Nas férias treinei bastante isso e surtiu efeito".

Robson é natural de Itaguaçu, no Espírito Santo, mas vive no Bahia desde os 14 anos. "Na minha cidade eu jogava apenas nos campeonatos do município. Acabei descoberto por um olheiro do Bahia, que me trouxe para cá em 2009", conta. "Morei no alojamento do clube até 2013, quando fui jogar no Japão".

"Fui com 20 anos. nunca havia jogado como profissional. Mas joguei pouco por lá, apenas dois jogos. Porém, foi um aprendizado de vida muito grande", lembra.

Robson voltou ontem pela manhã para Salvador, junto com o grupo. Nesta terça-feira, 23, pela tarde, volta aos treinos em Pituaçu para o confronto de quinta, 25, contra o Confiança, pela Copa do Nordeste, na Fonte Nova.

Confira mais do bate-papo com o zagueiro Robson: