Postado por - Newton Duarte

'Descobridor' de talentos pede assistência à jovens da base

Revelador de Lucas Silva e Bernard pede assistência social a jovens da base

O sonho de qualquer jovem jogador no Brasil é atuar no exterior e alcançar a independência financeira. Mas muitos, mesmo com imenso talento, batem e voltam, sem prolongar a carreira fora do País. Especialista em revelar jogadores, como Lucas Silva (Real Madrid, da Espanha) e Bernard (Shakhtar Donetsk, da Ucrânia), Diogo Giacomini defende a necessidade de um maior respaldo aos atletas na base para suportar mudanças de ambiente e cultura em uma futura transferência.

Ciente da tentação proporcionada pelas altas cifras oferecidas aos clubes brasileiros, o técnico – que retornou ao Cruzeiro em 2015 – defendeu, em conversa com a Gazeta Esportiva.Net, uma maior assistência social e psicológica não só aos garotos como às famílias, para que não se precipitem em uma eventual transação de mercado. “Pela forma com que o País educa suas crianças, e tendo em vista que a maior parte dos atletas vêm de origem humildade, essa adaptação à cultura e ao idioma dos países estrangeiros é difícil. Precisamos trabalhar melhor essa assistência social e psicológica da base para preparar os jovens”, disse o profissional, que também teve passagens na base de América-MG e Atlético-MG .

Desfrutando, atualmente, de seus primeiros momentos como atleta do Real Madrid, Lucas Silva foi descoberto por Diogo Giacomini em 2007, quando era apenas um garoto de 14 anos. Antes atuando na Agremiação Esportiva Ovel, clube amador de Goiânia, Lucas começou no Cruzeiro no infantil e, a partir daí, foi titular em todos os times de base até ser integrado ao profissional por Marcelo Oliveira.

“Em 2007 fui à escolinha em Goiás para ver uns jogadores e, entre os selecionados, estava o Lucas Silva. Ele chamou a atenção pelo posicionamento e pela capacidade técnica. Sempre jogou de cabeça erguida e chutou com os dois pés”, revelou o técnico, que chegou a enfrentar Lucas Silva quando comandava a base do Galo.

Com passagem pelo trio mineiro e pelo Verdão, Giacomini crê que clubes precisam dar mais respaldo aos garotos - Djalma Vassão/Gazeta Press

Questionado sobre a ida do volante ao Real Madrid, Giacomini vê com bons olhos o aprendizado que o jogador terá ao lado de grandes nomes do futebol mundial, mas projeta seu auge para daqui três anos. “Ele tem uma grande margem de evolução, vai atingir o ápice daqui dois ou três anos. Essa evolução no Real Madrid vai ser muito boa para ele. Pode participar mais do jogo ofensivo, porque na defesa já está bem seguro. Se ele conseguir equilibrar o jogo ofensivo e defensivo, vai crescer muito”, ponderou.

Ao migrar para o outro lado da força do futebol mineiro, Diogo acompanhou a evolução do atacante Bernard do sub-13 ao sub-17. Ao comentar suas lembranças, o treinador confessou que o talismã do Galo na conquista invicta da Copa Libertadores sofreu preconceito nas categorias inferiores do Atlético-MG por conta do aspecto físico. “Ele nunca gerou dúvidas na questão técnica, mas sempre ficou atrás no aspecto físico. Fui o primeiro treinador que apostou no Bernard, porque ele tinha muita restrição por ser pequeno e fraco. No sub-13 e sub-15 ele não atuou, só voltou a jogar no sub-17. Sempre compensou a falta de músculos com rapidez de raciocínio e habilidade”, declarou.

Se por um lado Lucas Silva causou furor na torcida e na imprensa espanhola em sua chegada a Madri, e mostrou bom entrosamento com os companheiros ao entrar em campo pela Liga dos Campeões (diante do Schalke 04) apenas 22 dias depois de sua apresentação oficial, o compatriota Bernard, protagonista da transação mais cara da história do Galo (R$ 77 milhões em 2013) vem sendo contestado pela torcida e pelo próprio treinador há algum tempo. Apesar de reconhecer suas qualidades dentro do campo, Mircea Lucescu já teve entraves com o brasileiro por questões disciplinares, na maior parte das vezes, relacionada aos atrasos nos treinos.