Postado por - Heitor Montes

Desiludido, Tiago chegou a largar o futebol e deu volta por cima após Atlético-MG

Para manter a liderança do Brasileiro, o Corinthians terá como principal desafio passar pelo Bahia e sua retaguarda nesta quinta-feira, às 19h30 (de Brasília), na Arena.

Terceiro melhor zagueiro no prêmio Bola de Prata ESPN Sportingbet (média de 5,76), Tiago Pagnussat é o principal pilar defensivo tricolor. Ele será o responsável por tentar barrar os comandados de Fábio Carille.

Hoje em alta, com contrato de empréstimo renovado até o fim da temporada e consultas de Flamengo e outros, o defensor de 27 anos, enfim, consegue uma sequência maior na Série A. Com passaporte italiano, agora vislumbra até mesmo uma transferência para o exterior. Não era assim no início de sua carreira, quando chegou a deixar as chuteiras de lado e se afastar do futebol.

"Eu sou do interior do Paraná. Comecei com 14 anos na base do Inter. Depois fui ao Criciúma e me profissionalizei. Sempre fui zagueiro. Acho que pela natureza (risos). Ou era zagueiro ou goleiro, não tinha outra opção pela minha altura (1.90 m). Minha família é muito alta também. Meus treinadores escolheram para que eu fosse para essa posição", conta ao ESPN.com.br.

"Joguei o Catarinense e a equipe não foi bem. Eu perdi espaço no time e fui emprestado para o Vila Aurora, do Mato Grosso. Foram cinco meses sem receber, morando numa casa com 15 jogadores. Uma situação bem precária que me fez rescindir com o Criciúma. Pedi para ir embora não queria mais jogar futebol", prossegue.

Tiago retornou para a casa de sua família e estava decidido a seguir outro rumo.

"Foi uma dificuldade tremenda, me desiludi do futebol. Pedi minha rescisão para ir embora e fiquei dois meses em casa. A saudade bateu forte. Eu fiquei em casa treinando sem saber o que fazer. Tinha 20 anos e não sabia o que fazer da vida, tinha me dedicado a vida toda ao futebol. Depois de algum tempo, vim ao Caxias e retomei a carreira de jogador", afirma.

Tiago ao lado de Pratto na concentração do Atlético-MG (Foto: Reprodução) Tiago e Luis Felipe (atualmente no Santos) no Caxias (Foto: Reprodução)

O xerife tricolor fechou um acordo curto e teve de mostrar serviço para garantir a sua sobrevida nos gramados.

"Era agosto ou setembro (de 2011), um contrato de três meses e precisava dar minha vida para ficar no Caxias. Fui bem e renovei por mais um ano. De degrau em degrau, fui subindo. Meu empresário (Sandro Zardo na época) me indicou ao Caxias e fui para jogar no time B, que jogava a Copa RS porque a equipe principal disputava a Série C do Brasileiro. Mas como encarei como a oportunidade da minha carreira eu acabei me destacando e sendo promovido ao time de cima", lembra.

"Então, fui ao Caxias, passei pelo Guarani-SP por três meses e retornei ao Caxias. Depois, surgiu o Atlético-MG", completa.

Foi, então, que Tiago atravessou um momento delicado. O negócio foi intermediado por Juliano Dávila, que assumiria a sua carreira posteriormente. Um detalhe acabou causando controvérsia na Cidade do Galo: Dávila é genro de Levir Culpi, então comandante do clube. Foram diversas perguntas sobre eventual conflitos de interesses.

Tiago ao lado de Pratto na concentração do Atlético-MG (Foto: Reprodução)Tiago ao lado de Pratto na concentração do Atlético-MG (Foto: Reprodução)

"Saiu alguma conversa, mas não tinha nada a ver. Meu empresário na época (Zardo) nem era o Juliano. Foi o Juliano que fez a proposta para eu ir. Depois, acabei trabalhando com ele. Surgiram algumas coisas que me deixaram chateado", esclareceu.

"Poxa, a gente trabalha tanto para conseguir algo na vida, quando você consegue surgem conversas paralelas que não tem nada a ver. Mas isso não me atrapalhou em nada, estreei com dois gols nos dois primeiros jogos. Ficou para trás", acrescentou.

Ele desembarcou em Belo Horizonte na semana da despedida de Ronaldinho Gaúcho do clube, em 2014. "Foi um salto muito grande na minha carreira. Eu saí da Série C direto para o time campeão da Libertadores. A torcida é muito fanática, aprendi muito. Devo muito ao Atlético-MG, foi onde pude jogar Libertadores, Copa do Brasil e Série A", diz.

A chance de vir para o Bahia aconteceu através do técnico Guto Ferreira, que o conhecia de longa data.

No Fazendão, ele firmou inicialmente parceria com Jackson, um dos pontos altos na campanha do acesso na Série B de 2016. Com a virada da temporada, o ex-palmeirense se lesionou, abrindo espaço para nova dupla com Lucas Fonseca. Nada mudou: a zaga segue dando conta do recado.

Em um time que impressiona por sua organização e arrancou bem na Série A, Tiago trabalha com uma meta.

"Agradeço muito a confiança da diretoria e dos treinadores do Bahia. Vivo um momento muito feliz. É muito orgulho vestir essa camisa. Todo jogador quer essas regularidade, jogar um jogo atrás do outro. Isso aumenta nossa confiança e autoestima. Hoje me sinto muito feliz. Quero conquistar a melhor posição dos pontos corridos, colocar o Bahia entre os dez primeiros do Brasileiro", finaliza.

Em novela envolvendo diversas partes, o defensor teve seu contrato de emprésitmo recém-renovado até o fim de 2017.

Fonte: ESPN Brasil