Charles admite surpresa com goleada e destaca mística do Bahia no título
Auxiliar técnico diz que é mais difícil acompanhar decisões de longe, elogia a atuação do Tricolor contra o Conquista e lembra que principal objetivo do ano é a Série B
Quem é torcedor do Bahia aprende desde cedo a acreditar até o último minuto. Só quando a bola deixa de rolar é que a fé se esvai, ainda que teimosamente, como se houvesse alternativa para o sucesso. O auxiliar técnico Charles Fabian é íntimo dessa tal mística tricolor. Em 1988, ele marcou um gol aos 45 minutos do segundo tempo da partida contra o Corinthians, pela fase de grupos do Brasileirão, e ganhou o apelido de “Anjo 45”. Naquele ano, o time baiano seria campeão nacional pela segunda vez.
Hoje, Charles é auxiliar técnico do Bahia. E também testemunha de que a mística permanece intacta. No último domingo, o Tricolor goleou o Vitória da Conquista por 6 a 0, reverteu a vantagem de três gols do adversário e faturou o bicampeonato estadual. Charles admitiu surpresa com o placar elástico, apesar de ter confiança no título.
- Ninguém esperava 6 a 0. Acreditávamos no título, mas só um maluco colocaria 6 a 0 num bolão. Sabíamos das dificuldades, da qualidade do adversário, o emocional lá em cima. Em abril, foram 12 jogos, 12 decisões, 12 decisões em 33 dias. Não podíamos perder nenhum jogo, tínhamos que reverter resultados adversos, como foi contra o Juazeirense, o Nacional, o Ceará. Situações adversas que a gente tinha que superar na garra e na técnica – pontuou o auxiliar técnico tricolor em entrevista para a rádio CBN, de Salvador.
Charles ainda elogiou o desempenho do Bahia contra o Conquista. Para o auxiliar, o time teve uma “atuação de gala”, como há muito a torcida não via na Arena Fonte Nova.
- [O título] Premia a dedicação, o trabalho, a entrega dos jogadores. Todos sabem. Muita dificuldade, mudança de gestão, no futebol executivo, comissão, quase todo o elenco, valorização da base. Muitas mudanças em quatro meses. Mas tudo com muita consciência, pé no chão. Para que a gente pudesse hoje ser coroado com uma exibição de gala. Não lembro a última exibição de gala, consciente, com orgulho, foi um show de bola. Há muito tempo não se via um show de bola desse – comentou.
Ídolo do Bahia, Charles sabe bem qual a emoção de levantar uma taça depois de 90 minutos de correria em campo. Hoje auxiliar técnico, ele experimenta também o sabor e a ansiedade de quem assiste à conquista fora das quatro linhas, sem poder entrar para resolver quando a situação aperta. Entre as duas funções, ele admite: o papel de espectador é bem mais complicado que o de protagonista da partida.
- Nas quatro linhas, você sofre menos. Fora de campo, sofre muito. Infelizmente, a gente tem essas situações que às vezes extrapolam nosso sentimento, nossa vontade de vencer. Tudo foi feito com muita consciência, para que hoje pudesse chegar a esse primeiro objetivo. O objetivo principal está por vir. O título de hoje fortaleceu muito. A Série B vai começar no sábado – declarou Charles.
Ainda sobre a mística, Charles acha que o título baiano desta temporada ensina aos jogadores que não conheciam a história do Bahia a ter fé até o fim.
- A gente sabe que todo mundo, desde o presidente, Alexandre, Sérgio, que são nossos comandantes, todos sabem o que passaram para a gente, todos os jogadores sabem o que representa ser campeão. Quem nunca foi campeão foi hoje, sabe o que é vestir a camisa do Bahia. Sabe que muita situação parece impossível, mas aqui não tem impossível, tem emoção e luta – finalizou.