Postado por - Heitor Montes

Diego Cerri fala em entrevista: A expectativa é grande e a gente tem que manter o pé no chão

Às vésperas da estreia do Bahia na Série A, domingo (14), às 16h, contra o Atlético-PR, na Fonte Nova, o diretor de futebol Diego Cerri bateu um papo com o CORREIO e falou sobre o planejamento do clube, a política de pés no chão, saídas de jogadores, reforços e até sobre Fernandão.

Como acha que o Bahia deve agir no mercado contra clubes com maior poderio financeiro?

Hoje, o Bahia passa a ser um dos clubes com menor receita para contratação na Série A. Enquanto no ano passado era um dos dois mais ricos da Série B. Então existe uma mudança grande. E nesse contexto ainda tem a questão do Centro de Treinamento do Fazendão e o de Dias D’Ávila. Investimentos altos estão sendo feitos para recuperar a propriedade, o patrimônio, que é uma prioridade da gestão. Você vê que nós estamos justinhos, apertadinhos e agora no início da semana praticamente R$ 7 milhões foram colocados para o CT. Se o clube já tivesse todo organizado nisso, você pegava R$ 7 milhões daqui com esses sete meses mais ou menos de Campeonato Brasileiro, você teria quase R$ 1 milhão de folha a mais. Pô, daria pra fazer miséria na parte de contratação, tudo. Era capaz da gente ficar endeusado em relação a isso. Só que hoje a realidade é diferente. O Bahia paga em paralelo dívidas do passado. Já não tem mais o que teve ano passado, que era a luva da assinatura do contrato de televisão. É difícil para todo mundo se adequar a isso porque a expectativa é grande e a gente tem que manter o pé no chão.

Marcelo Barros (diretor financeiro) divulgou o orçamento e cerca de R$ 8 milhões estavam destinados para contratações. Já foi usado?

O orçamento inicial era um e quando surgiram todas essas demandas, a gente se reuniu e foi passada uma outra situação financeira, diferente. Então tem que saber se adequar a realidade do clube. Não adianta a gente ficar se lamentando. Temos convicção que vamos fazer um trabalho bacana com o que a gente tem. Sabemos que a Série A é muito forte. Mas a gente está buscando isso, jogadores que possam ‘performar’ em campo mais do que ter nome fora de campo.

Caso o Bahia vença o Nordestão, receberá cerca de R$ 1,5 milhão. Esse dinheiro já tem uso?

Isso ainda vai ser conversado, até porque essa premiação não vem toda para o clube, né? Tem uma série de coisas que uma parte já está comprometida. Tem premiação de atleta, uma série de coisas que, quando essa premiação entra no clube, é muito menos do que isso. Mas o que a gente conseguir canalizar para o futebol, vamos brigar um pouquinho para vir alguma coisa para cá. A gente sabe da necessidade e a ideia que venho batendo muito é que a gente precisa de mais algumas contratações, principalmente para o setor de ataque. Ao longo das primeiras rodadas estamos buscando peças no mercado, que tenham esse perfil de equipe que a gente montou, que se encaixem bem aqui, sem fazer loucura, mas sabendo que é necessário. Isso eu tenho deixado bem claro, que a gente precisa fortalecer um pouco mais o elenco também, pois o Campeonato Brasileiro se estende daqui até o final do ano.

Dos jogadores contratados no início do ano, há possibilidade de saída de alguns?

Os jogadores que não forem aproveitados, chega um ponto que eu, com um orçamento muito enxuto, não posso me dar ao luxo de deixar os que não forem ser aproveitados. Por exemplo, o Tinga estava aqui e não estava sendo aproveitado, emprestei ele para o Juventude. O Cajá estava com um aproveitamento aquém do que se esperava e era um salário muito alto para o clube. Fiz um acordo com ele e passei para Ponte Preta. Agora o Mário, atacante, está indo porque é jovem e precisa jogar. O Blanco foi muito bem no América-MG, mas ele precisava sair para jogar. Nem sempre é uma questão de salário. São jogadores do clube que precisam jogar, pegar uma experiência e voltar para atuar aqui.

Tive a informação de que Matheus Sales o procurou há cerca de 15 dias, pedindo para sair por não estar sendo muito utilizado? De fato isso ocorreu?

Não foi que pediu rescisão. Lógico que o atleta vem para cá e nutre uma esperança de jogar e eles têm que ter um pouco de paciência. Essa posição (volante) ficou uma das mais concorridas para jogar e aí tem que ter paciência, quem estiver melhor o treinador bota para jogar. É um setor que sabe que tem muita rotatividade, tem cartão amarelo, suspensão, lesão e às vezes acaba o treinador optando por dois, três, um, mas tem que ter os jogadores no elenco para ele utilizar quando achar necessário.

Maikon Leite chegou ao Bahia antes do carnaval e só atuou por 180 minutos em seis partidas. A sua não utilização é apenas uma questão técnica?

Essa questão do critério hoje em dia é estritamente técnico. Quando ele chegou, estava um pouco abaixo do nível dos que já estavam aqui, tanto que frisamos que seria feito um trabalho com ele. E aí dentro das opções que o Guto tem, hoje o Maikon Leite na visão dele não está entre as primeiras opções, por isso que ele não vem jogando, essa é que é a verdade. Ele vem treinando, entrou em alguns jogos, mas Guto não achou que deve colocar.

Luisinho está emprestado até o meio do ano. Tem possibilidade de retorno?

Ele tem uma estatística boa lá fora (Arábia Saudita) e na própria região em que ele vem atuando, tem alguma sondagem para que ele possa continuar lá. A gente tá discutindo o que será melhor para nós e atleta. Não há uma definição.

Acredita no retorno de Fernandão ainda este ano?

Eu mantive relação com o Fernandão me comunicando com ele sempre, ontem falei com ele. Vim para cá e fui almoçar com ele, chamei o presidente e o vice-Presidente para irem também. Foi a um treino nosso, é um cara que tem relacionamento dentro do clube. Ele é um apaixonado pelo clube, só que ele tem contrato no Fenerbahçe. Se o Fernandão quiser vir para cá, a gente tem que montar um projeto aqui para trazer ele de qualquer jeito. É um cara que ia agregar a parte técnica, enfim. Mas tem a realidade e ele tem contrato com o Fenerbahçe. Para você ter uma ideia, o Fenerbahçe teve uma proposta de 12 milhões de euros da China e não liberou. É complicado. Qualquer oportunidade que tiver, pego um avião na hora, vou para a Turquia para conversar com o presidente, abro qualquer tipo de parceria que o Bahia possa fazer como o Fenerbahçe. Então assim, a gente está disposto a conversar e muito flexível para qualquer tipo de projeto. Se houver 1% de oportunidade vou tentar, mas é difícil, né?

Fonte: Correio 24 Horas