Postado por - Newton Duarte

Diferente, só que igual: Diretoria do Bahia sonega documentos e informações ao Conselho Fiscal

Diretoria do Bahia sonega documentos e informações ao Conselho Fiscal

O parecer do Conselho Fiscal sobre a prestação de contas do Bahia no exercício 2013 evidencia os erros da atual diretoria tão combatidos em gestões anteriores. O Galáticos Online teve acesso com exclusividade ao relatório que avalia as três gestões do clube naquele ano, de Marcelo Guimarães Filho, do interventor Carlos Rátis e de Fernando Schimdt.

A torcida tricolor, que acompanhou as polêmicas que rondaram a aprovação ou desaprovação das contas da atual diretoria, não sonhavam, até aqui, com a falta de controle e de transparência dos gastos que ocorreram nessa gestão.

Trechos do documento evidenciam ao torcedor que o discurso da atual diretoria não coincide com a boa prática que se espera de um clube que se diz democrático. Em um dos trechos do parecer, o Conselho Fiscal justifica a aprovação das contas da atual gestão com ressalvas.

“Parecer pela APROVAÇÃO COM RESSALVAS das contas do período, em função dos seguintes aspectos:

a) Pela adequação GERAL da prestação apresentada, apesar das observações da auditoria e deste Conselho Fiscal;

b) PELO NÃO SANEAMENTO INTEGRAL das AUSÊNCIAS E ERROS DE CONTROLE, PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS e CONTÁBEIS com SITUAÇÕES PREJUDICIAIS existentes anteriormente e já identificados”.

Somente esse trecho seria suficiente para o torcedor observar que a atual Diretoria não fez a adequação geral que foi indicada pela auditoria externa e também pelo Conselho Fiscal, além de não terem saneado integralmente os erros do passado, inclusive contábeis. Porém, uma das situações que mais chamou a atenção no relatório reside no registro de que o Esporte Clube Bahia não possui Fluxo de Caixa por Regime de Caixa, ou seja: não houve controle do dinheiro que entrou e que saiu do caixa do Bahia no ano de 2013. Leia o texto:

"O Conselho Fiscal constatou que durante o exercício de 2013 não foi feito o registro do fluxo de caixa por regime de caixa em nenhuma das três gestões. Trata-se do registro diário de todos os recebimentos e pagamentos realizados pelo clube, classificados por contas ou centros de custo. CUMPRE ESCLARECER QUE SEM ESSE DOCUMENTO NÃO É POSSÍVEL MONITORAR AS BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO". Eis aí, portanto, um atestado da má gestão da atual diretoria conferido pelo Conselho Fiscal.

No relatório, ainda fica evidenciado que os membros do Conselho fazem comparações entre a atual gestão e a do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho. "Não há como garantir, por exemplo, a não ocorrência de práticas como o pagamento de contas astronômicas em restaurantes, como ocorreu na gestão do Sr. Marcelo Guimarães Filho", diz outro trecho.

Já em outro texto, os conselheiros afirmam que a atual diretoria precisa de mais transparência. "Consideramos que esse é um requisito primário para aprimorar o princípio da transparência adotado pela gestão do Sr. Fernando Schmidt. Caso contrário, o clube ficará a mercê dos seus gestores e o Conselho Fiscal não estará municiado de informações precisas para desempenhar o seu devido papel. Houve demora e falta de esclarecimentos sobre a ausência de informações, o que, na opinião dos conselheiros fiscais, poderia indicar certa indiferença ou não priorização da direção (personificada na diretoria administrativo-financeira, canal de comunicação para as solicitações deste conselho) em atender aos pedidos de acesso ao acervo de documentos e informações do clube, conforme ficará explicitado ao final deste parecer".

Portanto, torcedores, a discussão sobre a nomenclatura “com ressalvas” ou “sem ressalvas” não é mera formalidade. É preciso apurar, em profundidade, porque a Diretoria não entregou todos os documentos solicitados pelo conselho fiscal, porque demorou de prestar informações e, especialmente, porque não possui Fluxo de Caixa por Regime de Caixa. O relatório completo do parecer do Conselho Fiscal pode ser lido abaixo.

PARECER - PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXERCÍCIO 2013.