Romário critica decisão da CBF contra atrasos salariais: “É um deboche”
O ex-atacante Romário não ficou convencido com a proposta aprovada no conselho técnico da Confederação Brasileira de Futebol, na segunda-feira, contra os atrasos salariais dos clubes a partir deste Campeonato Brasileiro.
O senador afirmou que, apesar de parecer “excelente”, a medida deve ser vista com cuidado. “Não acreditem na boa vontade da CBF”, escreveu o ex-jogador em suas páginas das redes sociais, classificando o caso como um “deboche”.
A confederação anunciou sua medida na segunda, alegando que a proposta foi aprovada por unanimidade no conselho, no qual estavam presentes os presidentes dos 20 clubes da Série A e das respectivas federações.
Romário não acredita em boa vontade da CBF na proposta para punir clubes devedores - Fernando Dantas/Gazeta Press
Porém, de acordo com o Baixinho, a CBF sempre foi contra a punição aos clubes endividados em proposta debatida no Congresso Nacional. Por isso, o senador alega que, “sem uma lei definitiva, no prazo de dois anos, a entidade poderá retirar do texto o fair play financeiro. E tudo voltar a ser como era antes”.
Confira abaixo o comunicado de Romário na íntegra:
Muitos devem estar se perguntando por que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aprovou de “uma hora para outra” o fair play financeiro já para o Campeonato Brasileiro de 2015. As regras propostas por eles, na última segunda-feira, irão retirar pontos dos clubes que tiverem dívidas trabalhistas. A medida parece excelente, mas qualquer medida moralizadora vinda dos atuais gestores da entidade devem ser vistas com suspeição. Logo, não acreditem na boa vontade da CBF.
O que eles estão fazendo não passa de um deboche. Explico. Há mais de um ano, debatemos no Congresso Nacional uma medida para resolver o endividamento dos clubes brasileiros. Atolados em dívidas, causadas por má gestão, os clubes brasileiros estão à beira da falência. Logo, o futebol do Brasil também. O problema é que se o Governo apenas anistiar ou refinanciar as dívidas dos clubes, sem contrapartidas que exijam transparência e boa gestão, eles estarão endividados em poucos anos novamente. Uma das principais exigências para o parcelamento das dívidas é que os clubes estejam adimplentes para participar de competições. O não pagamento de dívidas trabalhistas ou das parcelas com o Governo acarretaria em perda de pontos ou até mesmo no rebaixamento de série. A CBF sempre foi contra e trabalhou enquanto pode, por debaixo dos panos, para que no texto da Câmara não constasse este item.
Mas o Governo está para enviar uma Medida Provisória para o Congresso Nacional sobre o assunto. Até onde fui informado, o fair play financeiro já consta no texto da MP. Aí é que está o pulo do gato. Sem saída, a CBF dá sua cartada final para evitar que o texto vire lei. Ao se antecipar, eles podem alegar que já implementaram as medidas, por isso elas não precisariam ser aprovadas no Congresso.
Sem uma lei definitiva, no prazo de dois anos, a entidade poderá retirar do texto o fair play financeiro. E tudo voltar a ser como era antes. É ou não é um deboche?