Postado por - Newton Duarte

Eleições 2014: Marcelo Sant'Ana, candidato

Entrevista com Marcelo Sant'Ana, último candidato à presidência do Bahia

O Bahia Notícias, com o jornalista Marcelo Sant'ana, o mais novo dentre os candidatos à presidência do Esporte Clube Bahia, encerra o ciclo de entrevistas com os sete candidatos concorrentes ao posto de mandatário do tricolor para os próximos três anos. Nesta conversa, Marcelo Sant'ana fala dos projetos voltados para divisão de base do clube, a importância do programa de sócios e a não permanência de grande parte dos atletas que formaram o elenco de 2014. O jornalista, diante dos temas polêmicos, confirmou o apoio do publicitário Sidônio Palmeira e rebateu ser detentor de rótulos ou ser representante de grupos políticos.

BN: Você, por ser o último, como avalia o período eleitoral? Surpreso?

Marcelo: Eu tenho trabalhado para construir uma campanha propositiva. O que está em debate é o melhor do Bahia, um clube que volte a lotar o estádio, que dê orgulho ao torcedor. Se tem candidatos interessados em debater meus apoios, sobre minha pessoa, pode dizer que são pessoas que pensam pequeno. Mas, eu entendo que isso prova a receptividade da minha candidatura com os sócios, diante do torcedor, e como estou sendo recebido por todos eles. Vejo isso como a consolidação do melhor projeto para o Esporte Clube Bahia.

BN: Sidônio faz parte da sua campanha para presidente do clube?

Marcelo: Conheci Sidônio jogando bola quando tinha 19 anos. Ele foi importante no processo democrático, pela sua boa articulação com pessoas ligadas ao governo. Entendo também que ele deixou o Bahia por um motivo óbvio, devido ao seu trabalho na campanha do candidato eleito ao governo. E, para mim, ele se resume ao apoio. Garanto que o apoio não é por troca de cargos ou outros interesses. Ele não terá participação na minha diretoria, não vai ter cargo e nem vai tomar decisões importantes. Ele me apoia como Rátis e Bobô apoiam. Ele, e essas pessoas, apoiam um projeto que devolverá ao torcedor um Bahia grande.

BN: Qual o perfil daqueles que farão parte da sua diretoria, caso seja eleito presidente?

Marcelo: Bahia não pode ser balcão de negócios. O Bahia tem que ser um clube gerido com profissionalismo. E, neste momento, os profissionais precisam ter disposição para fazer o Bahia grande, que consiga ter visão de gerenciamento com metas, objetivos, cobrança e foco. Tudo para que possa colaborar com os 11 atletas que estarão em campo.

BN: Pegar o Bahia na segunda divisão altera seu planejamento? E a parte financeira?

Marcelo: Meu grupo, se eleito, tem como grande objetivo aumentar, pelo menos, 10% ao ano do que hoje é recebido pelo Bahia, e pagar 5% das dívidas que o clube possui. O rebaixamento, por exemplo, não altera a cota de TV. Eu, que sou formado em marketing, não consigo entender, por exemplo, a principal marca do Nordeste não ter patrocínio master ou valorizar o espaço para que o clube seja atrativo para grandes empresas.

BN: Como enxerga a atual relação entre Bahia e sócios?

Marcelo: O sócio precisa se aproximar mais. Nossa maior fonte de renda é, sim, o plano de sócios. São 7 mil sócios que proporcionam ao Bahia cerca de 400 mil ao mês. Eu quero, na minha gestão, ter 20 mil adimplentes e colocar nos cofres cerca de 1 milhão por mês. Valor, inclusive, maior que o patrocínio a ser pago pela Caixa. Quero criar seis categorias de sócios, cada um com seu bônus, obrigações, mas todos com o direito incomum de votar.

BN: O sócio, então, não é bem tratado para você?

Marcelo: Queremos valorizar muito mais o sócio que, hoje, tem direito a meia=entrada. Queremos, ao lado deste benefício, agregar parceiros comerciais como posto de gasolina, redes de lanchonetes e empresas de alimentação para proporcionar descontos. O cinema, por exemplo, poderia ser importante neste pensamento de somar. Buscar um clube social para, a depender do plano de sócios, proporcionar lazer aos torcedores. O sócio do interior é mal tratado, pouco vê o Bahia, e não tem o voto a distância. Não entendo também que o Bahia não tenha lojas em outras cidades, que não faça treinos abertos quando joga lá, ou não levar um ônibus com produtos oficiais. Não compreendo, outra coisa: não buscar relação com prefeituras de cidades menores em dia de jogos. Precisamos nos aproximar mais do sócio.

BN: E à Arena Fonte Nova. O que fazer para melhorar essa relação?

Marcelo: Existem dois pontos: comercial e emocional. Eu, quando comento sobre isso, gosto de citar o mercado europeu que vem dando certo. Hoje, por exemplo, 30% da receita dos clubes corresponde ao que acontece no dia do jogo, o famosa match day. Para o Bahia, ganhar 10 milhões da Fonte Nova por ano, dos 60 milhões do orçamento total do clube, dá em torno de 15% apenas. Está evidente que é um número muito pequeno. O Bahia precisa ter um loja oficial na Fonte Nova, até um museu lá dentro. Isso, em contrapartida, aumenta a questão do estacionamento para eles. Sem falar nos outros parceiros da Fonte Nova envolvendo a venda de bebida e comida. Outros parceiros também ficariam satisfeitos com o conteúdo do estádio.

BN: E sua 'briga' com Ednaldo Rodrigues. Como, se eleito, esta relação?

Marcelo: O desgaste, acredito eu, foi por defender a importância da Copa do Nordeste. Eu critico à federação como faria com qualquer outra se morasse em outro local. Critico o modelo, e não o dirigente. Eu queria o Nordestão com duas divisões, enquanto o estadual seria para dar acesso ao regional. Uma maneira de não criar esse abismo no Baiano com o Bahia, ganhando 60 milhões, contra um time com 800 mil de orçamento anual. Entendo, caso eleito, que necessito ter uma relação de extremo respeito com ele na função de presidente da entidade. Não temos que lidar com questões pessoaís, e sim institucionais. A legalidade, conforme estatuto da FBF, não tem o que discutir. Mas, eu entendo que pela questão democrática seria interessante ter uma mudança de comando. O futebol baiano, recentemente, caiu no ranking geral das federações e não conseguiu colocar outros times em divisões melhores.

BN: Se eleito, no dia da votação, vai fazer promessas ou anunciar novidades?

Marcelo: Eu só vou dar qualquer notícia ao sócio quando for verdadeira, quando se tornar um fato. Factóides, notícias mentirosas, já tem gente trabalhando desta maneira durante a campanha. E o torcedor não merece isso. Eu, enquanto candidato, não posso assinar contratos formais pelo Bahia. Mas, neste caso, posso assinar termos de compromisso com valor jurídico, e se necessário eles serão divulgados.

BN: Procede que, enquanto candidato, já procurou César Sampaio (diretor) e Claudinei Oliveira (técnico)?

Marcelo: César Sampaio foi procurado pela minha equipe, mas ele disse que está satisfeito no Joinville, além de ter compromisso até o final do ano. É um profissional do meu interesse, no qual respeito o trabalho, mas também entendo que ele tem o poder total de decisão sobre seu futuro. Quanto a Claudinei, que renovou com o Atlético-PR, se não fosse isso seria procurado por mim. Trabalhou com três gerações do Santos, conquistou títulos e como profissional conduziu o Santos muito bem depois da venda de Neymar, deixando o time na 8ª posição. E neste ano fez bom trabalho no Atlético-PR revelando bons jogadores. São pessoas que mostram os perfis que desejo ter no Bahia.

BN: E quanto a formação do elenco. O que pretende fazer? Renovação total?

Marcelo: O elenco do Bahia e o departamento de futebol foram incompetentes durante toda temporada. Dos que estão indo embora eu acredito que 95% não mereça ficar no Bahia devido ao rendimento não satisfatório, apesar do título baiano.

BN: E a condução dos dois CT's?

Marcelo: Eu, inclusive, diferentemente dos outros, não sou aproveitador. Quero ser justo e honesto com os demais. Por isso, quando se trata deste assunto, eu acredito que foi uma coisa boa desta diretoria. O Fazendão precisa ser usado pelo profissional e júnior, enquanto a Cidade Triclor ser usada como projeto de excelência para divisão de base. E, para manter a CT, o Bahia precisa de uma certidão para ter projetos que poderiam viabilizar verbas federais como aconteceu com o São Paulo, por exemplo, em Cotia. Temos que buscar a iniciativa privada ao vender naming rights, lutar para ter uma base com patrocinador diferente e viabilizar o custo da estrutura. Sem falar na busca pela parceria com Camaçari e Dias D'Ávila, prefeituras próximas ao local, com projetos sociais.

BN: Você fala muito na base. Será seu foco principal?

Marcelo: Eu, se eleito, quero destinar entre 8 e 10% do nosso orçamento para ser usado na divisão de base, sem falar nos valores que não estão dentro do orçamento. Por exemplo, se Talisca for vendido para outro país, a verba que entrar para o clube por ser formador tem que ser destinado apenas para formação de outros atletas. Outro ponto é destinar 10% do valor recebido através do programa de sócios para formação de atletas. O Bahia precisa criar o ídolo em casa.

BN: Você faria parte da diretoria, se derrotado, dos outros candidatos?

Marcelo: Provavelmente não. Os outros candidatos, hoje, estão passando da conta, em alguns momentos agressivos à minha candidatura. Candidatura no qual muita gente está se aproximando, com pessoas que querem respirar o ambiente do Bahia depois da época das trevas. Eu entendo, diante deste cenário, que seria contraditório me chamar para fazer parte da diretoria. Enxergo pessoas preocupadas com interesses pessoais, vencer a qualquer custo e esquecendo do bem do Bahia.

BN: Você é o candidato da 'continuidade'?

Marcelo: Eu não me preocupo com os termos. Eu sou um candidato independente, e digo isso com tranquilidade. Não sou filiado a Revolução Tricolor, ao Simplesmente Bahia, ou a qualquer outrp grupo político. Quem tem dúvida de como eu sou, por exemplo, pode rever minhas colunas no Correio* e saber o que penso do Bahia, de como poderia ajudar o clube crescer e dar felicidade ao torcedor. Só uma pessoa da atual diretoria me apoia e garanto que ela não terá cargo, ou poder para decidir algo diretamente.  Não me preocupo com rótulos, apenas com os sócios. Não sou o candidato rebaixeiro, como dizem nas redes sociais, muito menos o corjeiro. Não tenho ninguém da época das trevas ao meo lado, me apoiando, nem ninguém que queira fazer do Bahia balcão de negócios.

BN: O que foi preciso fazer para Pedro Henriques, seu sub, desistir da candidatura para compor chapa ao seu lado?

Marcelo: Foi uma conversa natural através de um entendimento entre os dois lados. Eu, como imprensa, sempre busquei dar espaço aos grupos que queriam o bem do Bahia, então já tinha essa proximidade natural. Durante este período, no qual estou participando, entrei em contato com ele, e também com outras pessoas interessadas em devolver um clube que nasceu para vencer. Houve, assim, uma decisão dele dentro do grupo Revolução Tricolor de abrir mão para facilitar o entendimento, após compreender que minha figura poderia agregar mais e fazer um trabalho mais consistente.

BN: Por quê o sócio do Bahia deve votar em Marcelo Sant'Ana?

Marcelo: O torcedor tem uma opção que não apresenta velhas práticas, sem vicios, e que não vai fazer do clube um balcão de negócios. Ele vai ter uma diretoria com pessoas qualificadas, altamente profissionais, em que a juventude vai nos dar força e capacidade de olhar o Bahia de 2015 e planejar o Bahia de 2030. Não olhamos o Bahia pelo retrovisor, como um clube pequeno. Quem votar em mim vai respeitar os jogadores igualmente os funcionários, em um clube que represente o torcedor. Tenho o compromisso de tornar o Bahia um clube melhor gerido, com 11 jogadores que nos dê motivo de orgulho, que resgate o amor por essas três cores. Quem tem compromisso com o Bahia mais forte e grande vai concluir que a candidatura de Marcelo Sant'Ana é o melhor.