Árbitros pedem fim de sorteios e direito de imagem em MP do Futebol
Em audiência pública no Congresso Nacional, Sandro Ricci defende repasse de recursos para a categoria: "Fundamental para garantir melhores condições de trabalho"
Convidada a participar das reuniões de discussão da MP do Futebol no Congresso Nacional, a Associação Nacional dos Árbitros (Anaf) defendeu nesta terça-feira que o texto inclua o pagamento de direitos de imagem aos profissionais da categoria. A instituição também pediu o fim dos sorteios de árbitros para as partidas, previsto na Lei Pelé.
Representante da arbitragem brasileira na última Copa do Mundo, Sandro Meira Ricci foi um dos participantes da audiência realizada em Brasília. Ao lado do presidente da Anaf, Marco Antônio Martins, ele afirmou que a destinação de parte dos direitos de transmissão dos jogos aos árbitros ajudaria a tornar mais profissional o trabalho.
- Acredito que isso seria fundamental para a gente profissionalizar e garantir melhores condições de trabalho para todos os árbitros. A gente tem os exemplos dos países da Europa, onde os árbitros recebem atualmente uma taxa de arbitragem mas também uma remuneração anual fixa. Então, acho que essa medida ajudaria que o árbitro de futebol no Brasil também receba essa remuneração adicional para se dedicar apenas à arbitragem. Seria um recurso para sua preparação, para seu sustento, para que pudesse pagar uma previdência privada, por exemplo, e não precisasse ter que se dividir com outras atividades. Hoje, a maioria dos nossos árbitros não consegue viver apenas da arbitragem - afirmou Ricci.
A ideia está proposta em uma emenda à MP apresentada pelo deputado Evandro Rogério Roman (PSD/PR), ex-árbitro de futebol. De acordo com o texto, seria repassado 5% do valor total arrecadado com os direitos de transmissão dos jogos para a entidade responsável por designar os árbitros, que distribuiria o montante igualmente entre os profissionais que atuassem no evento.
O presidente da Anaf, Marco Antônio Martins, ampliou a discussão e disse aos parlamentares que é preciso uma nova legislação que trouxesse independência para a arbitragem, seguindo o modelo vigente em boa parte dos países europeus. Atualmente, as comissões de árbitros no Brasil são vinculadas às federações e confederações.
- A arbitragem brasileira evoluiu, mas precisamos de um novo modelo. Um exemplo que temos está no futebol italiano, onde há uma entidade independente que escala os árbitros para o campeonato - afirmou Martins.
Audiência pública foi realizada no Senado para discutir a MP do Futebol (Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado)
Outro pedido dos árbitros aos parlamentares foi pela inclusão no texto da MP do Futebol de um artigo que acabasse com a necessidade de sorteio de árbitros para os eventos esportivos. Segundo a Anaf, o mecanismo de seleção dos profissionais para cada evento deveria ser estritamente técnico.
- A gente defende que o árbitro seja escalado por mérito. Assim como os jogadores são escalados por mérito pelos técnicos, a gente defende que com os árbitros também seja assim. Que a comissão de arbitragem ou o ente responsável tenha a liberdade para escolher os melhores árbitros para as partidas. Isso, hoje, infelizmente não acontece em razão da regra do sorteio - completou Sandro Ricci.
Na próxima semana, a comissão mista formada por deputados e senadores continuará a agenda de debates sobre a Medida Provisória. Ainda devem ser ouvidos representantes dos clubes das séries A, B, C e D, da CBF, do movimento Bom Senso. A comissão deve aprovar um relatório no fim de maio, que será encaminhado para votações nos plenários da Câmara e do Senado.