Postado por - Heitor Montes

Em boa fase, Allione comemora sequência pelo Bahia e projeta Brasileirão

O sotaque é carregado no espanhol. Algumas palavras ainda fogem do vocabulário, outras têm letras trocadas na pronúncia. Natural de Santa Fé, na Argentina, o meia Augustín Allione está prestes a completar três anos no Brasil. A comunicação, apesar dos pequenos desencontros, ocorre sem problemas. E dentro de campo o argentino se entende ainda melhor com os companheiros de time.

Contratado pelo Palmeiras em julho de 2014, Allione passou por três temporadas de altos e baixos. Gols pela Libertadores da América, banco de reservas na maior parte do tempo, expulsão e eliminação da Copa do Brasil. Tudo isso fez parte da trajetória do meia na equipe paulista. No início da atual temporada, a concorrência acirrada fez o argentino buscar um clube no qual pudesse jogar com mais regularidade. Assim aceitou a proposta do Bahia. Em cinco meses, disputou 15 jogos, marcou três gols, contribuiu com cinco assistências e se tornou peça fundamental no esquema tático montado por Guto Ferreira.

- Quando saí [do Palmeiras], disse que precisava de mais oportunidade. No Palmeiras, talvez, não teria essa chance. Eu era um dos poucos que continuava no elenco, mas sem tanto espaço. No Bahia, graças a Deus, encaixei bem, estou conseguindo essa sequência que queria. O ano começou agora, tem muito pela frente. Quero continuar assim para não perder espaço no time. Os companheiros que hoje estão na reserva treinam forte e aproveitam as chances que têm. Preciso continuar assim para não perder o espaço – disse Allione em entrevista ao GloboEsporte.com.

O meia argentino chegou ao Bahia com o objetivo de jogar. Mas, pouco tempo depois de se apresentar ao clube, sofreu um estiramento no quadril e precisou ficar longe dos gramados por aproximadamente um mês. Em março, Allione voltou a ficar à disposição e finalmente conseguiu emplacar a desejada sequência de partidas. E a presença do argentino no time foi fundamental para a classificação à final da Copa do Nordeste. Ele foi destaque nos Ba-Vi's das semifinais, e coroou as atuações com um belo gol no clássico disputado na Arena Fonte Nova.

- Eu comecei bem, depois machuquei. Quando voltei, demorou um pouquinho para voltar o bom futebol. Acho que, de umas quatro partidas para cá, consegui mostrar um belo futebol, e aquele gol no Ba-Vi meio que encerrou uma série de boas atuações. É uma linda lembrança, pelo momento. Só que agora tenho que olhar para frente e melhorar o que estou fazendo.

Juventude e Brasileirão

Com 22 anos, Allione divide com o goleiro Jean o posto de titular mais jovem da equipe do Bahia. A pouca idade não significa inexperiência. O argentino disputou as últimas três edições do Campeonato Brasileiro pelo Palmeiras, com direito ao título da competição na última temporada. Prestes a disputar mais uma Série A, o meia conta que não possui a mesma rodagem de jogadores mais velhos, mas conhece bem a competição que se aproxima.

- Não sei se sou um jogador experiente, como Hernane, Jackson, que já tem mais rodagem. Mas à medida que passam os anos, vamos pegando certa experiência. Comecei a jogar com 17 anos, tem cinco anos que jogo futebol. Então, a gente vai pegando conhecimento e experiência.

Campeão brasileiro em 2016, Allione sabe que o Bahia possui aspirações mais modestas em comparação ao Palmeiras. Ele destaca que a meta tricolor pode variar de acordo com a competição. Para tanto, é preciso disputar uma partida por vez e avaliar o que será possível no futuro. O Bahia estreia na Série A no domingo, às 16h (de Brasília), contra o Atlético-PR, na Arena Fonte Nova, em Salvador.

- A gente vai passo a passo, como diz o treinador. À medida que passa o campeonato, veremos para o que estamos preparados. Pouco a pouco, jogo a jogo, veremos quais são nossas expectativas.

Além do Campeonato Brasileiro, o Bahia também disputa nas próximas semanas a final da Copa do Nordeste. Os jogos contra o Sport estão marcados para os dias 17 e 24 deste mês. A equipe pernambucana vive bom momento na temporada. Além de finalista do estadual, o Rubro-Negro garantiu vaga na segunda fase da Copa Sul-Americana ao eliminar o Danúbio, do Uruguai, nos pênaltis.

- Vai ser difícil, mas estamos preparados. Sabíamos que, chegando na final, teríamos esse começo de Brasileiro apertado, com muitas viagens, muitas concentrações. Treinamos muito para esse momento, acho que vamos conseguir aproveitar. (...) Neste momento, temos a chance de ser campeões da Copa do Nordeste, título que o Bahia não conquista há 15 anos. É um título importante, que pretendemos ganhar. Não conseguimos o Baiano, que também seria importante, mas temos totais condições de conquistar esse título – diz Allione.

Ataque móvel

A lesão de Hernane, que sofreu uma fratura na tíbia nas semifinais da Copa do Nordeste, provocou uma mudança de comportamento no ataque do Bahia. Antes, o Brocador era a principal referência do setor ofensivo, que atuava mais estático. Com a escalação de Edigar Junio como jogador mais avançado, o Tricolor ganhou mobilidade na frente, com mudança constante de posições entre os atletas. A tática agrada Allione.

- Me sinto confortável, até porque Guto pede sempre para ter movimentação. No jogo, em vários momentos, apareço no meio, Régis pela beirada. A gente vai se movimentando. Me sinto à vontade por fora, mas se em algum momento, tiver que jogar por dentro, também jogo.

Allione atuou como titular nos últimos sete jogos do Bahia. Foi a primeira vez desde 2015 que o argentino conseguiu emplacar a série de partidas. E no que depender dele, a marca pode ser ampliada em breve, com direito a gols e assistências.

- Estou me sentindo bem, em uma forma física boa. No começo, não fiz a pré-temporada com o resto do grupo. Mas agora estou me sentindo bem, estou 100%, conseguindo aguentar os 90 minutos. Acho que tenho que trabalhar para ter essa sequência de jogos para ajudar meus companheiros. (...) Minha principal meta é conseguir ser titular o ano todo. Não tenho número [definido], mas pretendo fazer vários gols e assistências. Isso vai ajudar o time e também vai me ajudar. Prefiro o gol. Mas trabalho mais pela assistência, ser garçom. Mas qualquer um dos dois está bom - conclui.

Fonte: Globo Esporte