Neste sábado (9), Guilherme Bellintani foi eleito como novo presidente do Bahia com mais de 80% dos votos. Após o momento de euforia, o novo mandatário do Tricolor concedeu entrevista ao jornal Correio neste domingo (10) e falou sobre suas primeiras medidas como presidente.
Na entrevista, Bellintani falou sobre o que ele pretende manter e o que ele deve mudar na estrutura do clube. Falou também sobre a permanência de jogadores e confirmou a saída do lateral Eduardo. Além disso, não confirmou a situação do treinador Paulo Cézar Carpegiani para a próxima temporada
Confira a entrevista completa
CORREIO: Uma cena curiosa foi você ter ido até o centro do gramado da Fonte Nova falar ao telefone após vibrar com o resultado das urnas. Por que foi para lá e com quem estava falando?
Guilherme Bellintani: Eu estava falando com meus filhos, que por questões de logística mesmo acabaram não indo acompanhar a eleição lá na Fonte Nova. Fui para o meio do campo porque o sinal do meu celular estava ruim e lá consegui falar (risos).
C: Passada a eleição o torcedor quer falar sobre futebol. Como vai ser a sua estrutura diretiva?
GB: Para mim tá muito claro que a estrutura atual foi feita para um momento do clube. Era preciso criar um projeto de marketing para aquele momento, uma estrutura administrativo/financeira ara aquele momento e um modelo de futebol mais clássico, focado em um diretor que sozinho respondia por tudo sucesso e insucessos. Prevemos para o próximo ciclo uma mudança bem representativa. Dividimos o clube em sete eixos. Os três primeiros seriam os departamentos financeiro, jurídico e operações. Este último engloba operação nos jogos, Fazendão, etc.. Estão mais ligadas a cabeça gerencial, administrativo/financeiro clássica. Outros dois núcleos são marketing e gerência de inovação. Tem a parte do marketing tradicional, que eu chamo de analógico e a parte mais voltada para a inovação, que eu chamo de “negócio digital”. E mais dois ligados ao futebol que é base e futebol profissional. O diretor de futebol tende a cuidar dos dois núcleos com participação intensa na base. A parte do administrativo/financeiro e mercado, como chamam, podem ser tratados por um único diretor de planejamento. A gente pode trazer um diretor de planejamento e ter um geral, que alguns chamam de CEO. A gente pode deixar o geral ligado comigo e Vitor (Ferraz). O futebol vai ter o diretor próprio, mas a ideia é que venha outro abaixo, para gerenciar. Todos estes sete eixos, ou núcleos, terão seus respectivos gerentes. O objetivo é gastar menos com administrativo para gastar mais com futebol. Ter uma composição de diretoria macro comigo, Vitor, Cerri e mais uma pessoa e os gerentes. Na saída de Barros (Marcelo), eu posso não precisar de um novo diretor específico para isso. Já resolvi problemas orçamentários maiores. Eu tenho experiência de gestão e orçamento de empresa. Vai requerer a minha presença mais intensa.
C: Nessa nova gerência de inovação, você tem falado bastante da implementação de um novo aplicativo. Isso será uma das prioridades em paralelo ao futebol?
GB: O trabalho começa essa semana já. Tem o prazo de implementação. A ideia é soltar o aplicativo para começarem a baixar e a partir daí vamos facilitar ao torcedor a adesão ao plano de sócios, fazer ações por emoção como vender camisas com preços promocionais até 30 minutos após um triunfo, entre outras ações que pretendemos fazer a partir do aplicativo para nos aproximarmos cada vez mais do torcedor e aumentar, consequentemente e entendendo as necessidades deles, o número de sócios do clube.
C: Jorge Avancini e Diego Cerri permanecerão?
GB: Diego já decidimos pela permanência, mas mudando o perfil do futebol. Não vamos no modelo clássico que uma pessoa só faça as coisas. O diretor dura pouco nos clubes nesse modelo. Para isso, a principal novidade é a elevação do Dade (Departamento de Análise e Desempenho) como parte do processo. Sendo mais deliberativo do que consultivo. Tendo o poder de referendar ou não uma contratação. O Dade estará nas decisões relativas ao futebol, principalmente nas que envolvem contratações. Sobre Avancini, ainda vamos conversar diante do modelo que eu quero propor.
C: Acha que será preciso vender jogador para equilibrar as contas?
GB: Nosso orçamento ainda é deficitário. Existem duas alternativas: ou vendemos ou buscamos outra estratégia, outras receitas. Eu não tenho crenças que não tenhamos algum caminho para cobrir de outra forma. Agora, não vamos vender jogador por necessidade financeira urgente. Mas se chegar proposta boa para o clube, estamos dispostos a vender. O Bahia ainda não pode se dar ao luxo de recusar uma boa proposta.
C: Do time base que terminou a Série A, com quais jogadores você espera contar em 2018 e como estão as negociações para possíveis renovações?
GB: Vamos considerar os 11 que terminaram como titulares na reta final e incluir Régis, Juninho e Vinicius. São 11 mais três. Régis, Vinicius e Juninho que estavam habitualmente entrando e, talvez, Thiago Martins. Nós temos 15 atletas dessa base da reta final. Desses 15, oito tem contrato. Jean, Tiago e Lucas Fonseca, Capixaba, Juninho, Vinicius, Zé (Rafael) e Edigar. Dos outros sete, a gente já perdeu Renê. Se a gente cobrisse a proposta, seria o maior investimento da história do clube. Não só salário, pois ainda tinha luvas. Era inalcançável. Íamos colocar o ano a perder. Seria irresponsabilidade nossa. Tem outros seis. Um já avaliamos e informamos que não vai permanecer, o Eduardo. Entendemos que ele foi um profissional exemplar, mas o seu papel no clube estava cumprido e ele sai pela porta da frente. Os outros cinco vamos avaliar. Se conseguimos dois ou três dos cinco, concluímos que dos 15 que mais jogaram a gente mantém 10 ou 11. Como a gente complementa? Primeiro tem atletas que nos interessa permanecer, ascendendo da base. A restruturação se dá com contratação de jogadores mais tarimbados e também de jovens com nome não tão destacado, fruto desse trabalho do Dade. Edson já começamos a conversar, Mendoza também. Allione é mais difícil, apesar do atleta querer ficar. Mostramos interesse. Régis e Thiago Martins também temos interesse.
C: Qual o perfil de treinador que você pensa para o Bahia. Já definiu sobre a permanência ou não de Carpegiani? Guto Ferreira seria uma opção?
GB: Acho que o Bahia precisa de um treinador vencedor. Eu não sou do tipo que vou me orgulhar por lançar um treinador e ele ir bem. Não quero fazer experiências com técnico aqui no Bahia. Quero um treinador consolidado. Carpegiani tem esse perfil, Guto tem e há vários outros com esse perfil. Ainda vamos conversar com Carpegiani, que ainda é nosso treinador, cumpre contrato e também vamos conversar com mais uns dois ou três para depois definir essa questão.
C: Ao menos nos resultados, as categorias da divisão de base no Bahia não tiveram um bom desempenho. Acha que será preciso uma reformulação?
GB: Reestruturação completa, pelo que eu acredito, não pela questão dos resultados. Eu acho que o modelo é que está errado. Temos que dar capilaridade, num projeto sistemático. Apenas em Salvador ,já vamos ter uma reconfiguração. Vamos acompanhar também do lado de fora, monitorando, nas cidades de origem dos atletas. Ao invés de trazer logo para o clube, o que gera sempre um custo, vamos acompanhar esses jovens nas suas cidades, nos seus bairros. Assim como expliquei anteriormente, a base vai ser de responsabilidade da diretoria de futebol, mas contará também com um gerente. Um daqueles sete de cada eixo. Cada um dos sete núcleos vai ter o seu gerente. O gerente de futebol e gerente de base vão responder à diretoria e não mais ao diretor. A referência vai ser sempre ao departamento e não a uma pessoa.