Postado por - Newton Duarte

Em entrevista, Marcelo Sant'Ana solta o verbo e fala (quase) tudo

Marcelo Sant'Ana fala que esperava menos dívidas do Bahia

Presidente está há pouco mais de dois meses no cargo

Marcelo Sant’Ana, à direita, sucedeu Fernando Schmidt, à esquerda - (Foto: Flickr Oficial EC Bahia)

Marcelo Sant’Ana, atual presidente do Bahia, foi eleito no dia 13 de dezembro de 2014 e assumiu o mandato no mesmo mês, para ter um pouco mais de tempo para realizar o planejamento dos anos seguintes. Depois de pouco mais de dois meses de mandato, o Esporte Interativo entrou em contato com o mandatário tricolor para falar sobre as finanças do clube, as diferenças do que esperava para o que encontrou, contrato com a Fonte Nova, entre outros assuntos.

Confira abaixo as respostas dadas pelo presidente do Esquadrão de Aço:

Diferença entre a expectativa e realidade

O Bahia não tem tanta organização interna quanto deveria ter. É como se um organograma não tivesse sido bem implementado aqui, porque alguns setores se sobrepõem. Às vezes, funcionários diferentes exercem a mesma função e acabam deixando uma outra função descoberta. Isso porque não tem definido um organograma, principalmente na área administrativa. Na parte do futebol já é mais bem definido. Algumas áreas tinham sobreposição de funções. A parte das dívidas do Bahia também. Eu já sabia que o Bahia tinha muitas dívidas, mas é mais do que a gente esperava e constantemente aparece coisas novas: acordos extrajudiciais que o Bahia não honra; na justiça trabalhista também a gente para o acórdão. Mas os acordos extrajudiciais que as gestões anteriores fizeram e não honraram, as pessoas voltam a cobrar para tentar não entrar na justiça contra o clube. E é uma demanda muito grande.

Cotas de televisão

Em janeiro, a gente pagou o adiantamento de 2011, para se ter uma ideia. Aí a gente vê o nível da desorganização. Porque como é que em 2015 eu estou pagando o adiantamento de 2011 ainda. Esse era o nível de antecipação de receita que fazia dentro do clube. Esse ano, de televisão, a gente tem adiantado cerca de R$ 5 a 6 milhões, que a gente vai deixar de receber neste ano.

Outras fontes de renda

A gente tem as questões de licenciamento, franquia. Mas é claro que o programa de sócios, que a gente está buscando organizar e estruturar, é a principal fonte de receita do Bahia. Isso é inegável. E é uma receita que não depende do mercado, de avaliar o Bahia, de mim, de ter um retorno tão grande sobre o investimento. É a gente diretamente com o nosso sócio. O torcedor é o cliente, que já é identificado à marca, mas a gente tem que mostrar os benefícios que ele pode dar ao clube, tanto financeira quanto emocionalmente. O quanto que o clube vai crescer por conta do sócio do Bahia. Claro que tem a questão do patrocínio, que a gente tem que ampliar. O Bahia, hoje, não tem um patrocínio master, na manga. Então são receitas que a gente tem que criar dentro do clube.

Dívida com a BWA

A gente ainda não foi notificado sobre isso. A BWA sinalizou para o setor administrativo do Bahia que existe uma dívida, mas eu não sei qual é o valor da dívida. Agora, se existir uma dívida com a BWA, que eu não sei se existe, é mais um reflexo da administração irresponsável que o Bahia teve até 2013. Isso vai configurando essa série de dívidas que vai tendo, processos e como a justiça da Bahia foi correta ao ter destituído o presidente Marcelo Guimarães Filho. Porque a BWA era parceira do Bahia até 2011, 2012. Porque, com a Fonte Nova, a BWA já não é mais parceira do clube. Então, se você pegar a administração Schmidt, não é da gestão dele, isso é anterior a ele. O adiantamento de janeiro de 2011, quem fez foi o destituído também (MGF). Então isso reforça a irresponsabilidade que o Bahia era gerido.

Venda de Pará

A gente entendeu que era o melhor para o Bahia. Financeiramente ajudou o Bahia, de maneira pontual, mas o modelo em que a negociação foi feito, a gente entende que é benéfica ao clube. Aí a gente teve um ganho financeiro, um ganho técnico com outro atleta, apesar de posições diferentes. E o Bahia ainda tem um percentual do atleta. Caso aconteça uma venda futura, o Bahia tem um percentual ainda.

Cidade Tricolor

Juridicamente, ainda têm coisas a serem resolvidas, ainda existem pendências. Parte da negociação que envolve a Cidade Tricolor foi refeita pelo presidente Fernando Schmidt e ela prevê que o Bahia faça o pagamento através de Transcons. E essa negociação com Transcons ainda está pendente com a prefeitura de Salvador. Então eu prefiro, enquanto não se resolvem essas pendências burocráticas, não falar muito a fundo sobre a Cidade Tricolor. Mas eu já visitei o lugar, já conheci, para a gente também conseguir se posicionar melhor quando for o momento. Mas, internamente, a gente tem avaliado o equipamento, qual seria o custo de manutenção desses equipamentos, outros tipos de receita.

Outra contratações

No momento, não. A não ser que a gente tenha algum problema de ordem médica, a gente não tem a pretensão, pelo menos até março, abril de fazer qualquer contratação. A gente acredita nesse grupo que foi montado, que é um grupo qualificado para essas duas competições que a gente tem no início do ano (Campeonato Baiano e Copa do Nordeste). Mas vamos seguir com o planejamento e, se a gente achar necessário, vamos disputar a Série B, com dinheiro em caixa, e um grupo mais bem montado. Depende da resposta que esse elenco atual está dando, depende da resposta desse início de temporada. A gente espera que esse grupo consiga cumprir com as nossas expectativas.

Renovação com Bruno Paulista e Rômulo

Houve sondagens pelo Bruno Paulista. Não chegou a ter proposta oficial e formalizada para o Bahia. Empresários perguntam se negocia o atleta. Alguns clubes perguntam se tem alguém para negociar, se tem alguém para emprestar. Mas a gente optou por renovar com esses dois atletas, por entender que eles já tinham passado para o profissional, eles mereciam uma valorização, pelo o que demonstraram no ano passado e têm demonstrado nesse início de ano e, para proteger o clube, na cláusula de rescisão dos dois atletas.

Contrato com a Fonte Nova

O contrato do Bahia com a Arena era de dois anos, podendo ser renovado automaticamente por mais três. O segundo ano do contrato expira agora em abril. Em setembro do ano passado, a diretoria anterior sinalizou que queria modificações deste contrato e pediram para que a renovação automática não acontecesse. Isso era um direito que tanto o clube, quanto a Arena, tinham. Se uma das duas partes notificasse a outra num período de seis meses, a renovação automática não aconteceria. Como a diretoria anterior notificou, essa renovação não vai ser automática. Então o contrato termina agora em abril e a gente tem discutido e tentado chegar a um entendimento entre o Bahia e o consórcio. Eu acredito que a gente vá chegar a um acordo. Agora, como toda negociação, a Fonte Nova busca o melhor para ela, assim como o clube busca o melhor para ele, é normal. As informações que a gente tem da Fonte Nova são positivas, em relação à diretoria anterior. Por exemplo, o dinheiro que o Bahia teria que receber da Fonte Nova já foi adiantado. Ou seja, a gente não vai receber nada.

Receita do Bahia

Eu posso te dizer que se você somar as antecipações de televisão e da Arena Fonte Nova, dá entre 8 e 9 milhões de reais. Ou seja, o Bahia vai deixar de receber por ter recebido adiantado. Quanto à receita que o Bahia tem, eu ainda não posso dizer por que ele tem que passar pelo conselho.

Nota Luis Peres @BahiaClub: “E se o Jornalista Marcelo Sant’Ana fosse o Presidente do Bahia...” – Próximo texto a ser publicado telo site torcidabahia.com.