"Não nos tornamos milionários", diz vice-presidente do Bahia
Pedro Henriques, vice-presidente do Bahia - Felipe Oliveira l EC Bahia
Nas últimas semanas, alguns assuntos tomaram conta dos bastidores do Tricolor: da suspeita em relação à regularidade do zagueiro Victor Ramos, do Vitória, no Estadual, ao destino dos R$ 40 milhões que o clube recebeu como prêmio por ter assinado contrato com o Esporte Interativo. Em entrevista, o vice-presidente do Bahia, Pedro Henriques, respondeu as questões.
Qual a posição do Bahia após o arquivamento do processo que apontava a escalação irregular de Victor Ramos?
Já nos posicionamos por nota oficial. Vamos evitar comentar mais sobre o assunto porque qualquer coisa que o Bahia fala acaba servindo como fonte para desviar do assunto maior. Vamos deixar cada órgão fazer seu trabalho e ver como tudo vai terminar.
O Bahia de fato ajudou o Flamengo de Guanambi com suporte jurídico no caso?
Não. Inclusive, quem fez essa afirmação, terá que responder por isso. Eu mesmo nunca conversei com ninguém do Guanambi, Marcelo nem conhece ninguém de lá. O Flamengo contratou um advogado deles, que eu nem conheço. O Bahia não tem nada a ver com a atuação do Guanambi no caso e não faz parte de qualquer desdobramento da ação.
Thiago Dantas, vice-presidente do Flamengo de Guanambi, declarou em entrevista que estava contando com ajuda do Bahia, especificamente de Vitor Ferraz (gerente jurídico).
Não soube disso e, sinceramente, me causa surpresa. Tenho trabalhado constantemente com Vitor e temos uma grande quantidade de demandas, posso te garantir que ele não fez qualquer tipo de trabalho para eles.
O presidente do Vitória declarou que, por ter supostamente se envolvido no caso, o Bahia estaria com medo do rival. Você também criticou Alexi Portela (ex-presidente do Leão) após o jogo de anteontem. Está ocorrendo um acirramento da rivalidade?
Foi muito inteligente o Vitória ter agido dessa forma, porque desviou o foco de uma situação judicial para se falar apenas de rivalidade. O que falei [sobre Portela] foi uma preocupação válida, eu realmente acredito que a arbitragem não foi boa. A reclamação que fiz foi para Alexi como presidente da Liga do Nordeste. Ele tem a obrigação de zelar pela idoneidade da liga.
O Bahia acredita que está sendo boicotado pela Rede Globo por conta do acordo com o Esporte Interativo?
O fato que deu repercussão maior foi o jogo contra o Bahia de Feira não ter sido transmitido em lugar nenhum. O que houve foi um pedido da Rede Bahia para que autorizássemos a transmissão para Salvador, o que não tem previsão no contrato. Não há motivo para aceitar vazamento de TV aberta para um jogo em casa, sendo que eles têm possibilidade de transmitir pelo pay per view. Nós temos uma relação que estamos tentando melhorar com a Fonte Nova, não podia transmitir um jogo que ia acabar prejudicando meu clube e também a relação com um parceiro.
A Globo chegou a se explicar por não ter transmitido o jogo nem no pay per view?
Sim. Disseram que a TV Bahia, quando não foi permitida a transmissão para a praça local, entendeu que não era viável produzir o jogo para o interior do estado. Daí, teriam avisado muito em cima da hora para o Premiere, que também não teve como produzir o jogo.
Alguns torcedores têm arquitetado um 'boicote' contra a Globo em represália ao suposto conflito com a emissora. Como vocês avaliam isso?
O torcedor precisa entender o seguinte: o Bahia assinou com o Esporte Interativo porque entendeu que foi a melhor proposta para TV aberta a partir de 2019. Isso não quer dizer que a gente quer guerra contra a Globo. Ela é parceira do clube, tem contrato conosco até 2018 e temos a intenção de renovar depois disso para a TV aberta e o pay per view.
O dinheiro da premiação pela assinatura do contrato já está na conta do clube? Já chegou a ser usado?
Já recebemos, sim, de forma integral, e fizemos alguns pagamentos com ele. Por exemplo, temos um acordo no Tribunal Regional do Trabalho que, de qualquer receita, temos que fazer o depósito de 7,5% para abater das dívidas históricas das questões trabalhistas.
Mas o dinheiro será investido no futebol, em reforços?
Também. Pretendemos trazer mais jogadores de qualidade, como Thiago Ribeiro. Tem gente que esperava que trouxéssemos mais jogadores para a Copa do Nordeste, mas não vamos trazer alguém só para dar resposta às críticas.
O Bahia usou o dinheiro para contratar Thiago Ribeiro?
Não precisamos fazer uso desse dinheiro. Thiago Ribeiro foi uma operação consideravelmente mais barata do que seria caso a gente tivesse comprado Kieza no início do ano, por exemplo. Foi uma operação bem mais suave do que se imagina, e que cabia no nosso orçamento inicial, ou seja, sem o acordo com o EI.
Como esse dinheiro vai ajudar na recuperação do patrimônio, como Cidade Tricolor e a manutenção do Fazendão?
Temos um contrato com a OAS que está sub judice. A gente não tem certeza da capacidade da OAS de cumprir esse acordo. Estamos negociando com a empresa e com a outra envolvida, a Planner, e vamos buscar um acordo com elas.
Como você encara a pressão da torcida para gastar esses R$ 40 milhões com reforços já para esse ano?
Natural. A torcida não tem a visão completa da gestão do clube. O Bahia hoje está equilibrado financeiramente, mas ainda há um longo caminho a percorrer. O fato de ter recebido as luvas não quer dizer que viramos um clube milionário. Quer dizer que o Bahia se capitalizou. Mas temos toda uma bagagem antiga para carregar.