Postado por - Heitor Montes

Lamentando desfalques, Enderson Moreira aponta questão ofensiva como maior problema do Bahia

Nesta terça-feira (26), o Bahia empatou em 0 a 0 com o Ceará, na Arena Fonte Nova, e se classificou à final da Copa do Nordeste. O técnico Enderson Moreira concedeu entrevista coletiva após a partida e reconheceu que a equipe não rendeu o esperado, mas valorizou a vaga na decisão.

Na partida desta terça, o Bahia teve muitos desfalques no ataque. Edigar Junio, Júnior Brumado e Kayke, lesionados, além do recém-contratado Gilberto, que não foi inscrito na competição. O treinador lamentou os desfalques:

Falar que está bom, acho que nunca vai estar bom para treinador nenhum, para torcedor nenhum. A gente quer sempre mais. Agora, não quero desmerecer a possibilidade de disputar uma final. Futebol é muito equilibrado. Vocês estão acompanhando a Copa do Mundo. Hoje podíamos estar passando sem Argentina, sem Alemanha, equipes extremamente tradicionais. Futebol é muito igual. Não é do jeito que as pessoas pensam, que qualquer equipe vem, joga e faz o resultado. São jogos extremamente difíceis, complicados. A gente tem que saber jogar o jogo, ter tranquilidade. Estou chegando agora, não existe mágica no futebol. O que nos tira muito as possibilidades é o grande número de desfalques. Não é a forma que a gente gostaria de estar com a equipe, mas não posso ficar lamentando. Tem que enaltecer a equipe que disputou o jogo, correu, um confronto de 180 minutos conseguiu o triunfo fora de casa. É ter paciência. Hoje consegui fazer uma substituição no final por vontade. As duas outras foram por lesões. É ter paciência. Uma coincidência ruim de um setor nosso não ter alguns jogadores. No primeiro tempo, nossa equipe foi um pouquinho aquém. No segundo brigamos, lutamos, criamos situações. O mais importante, na minha concepção, é estar mais uma vez na final

Enderson Moreira disse acreditar que a principal deficiência da equipe está no setor ofensivo. Além disso, o treinador explicou porque não colocou Geovane Itinga, único centroavante disponível, na partida:

Para mim, o maior problema nosso é a questão ofensiva. A gente deixou de fazer um jogo melhor pela falta de peças. A gente tem o Itinga, que é um jogador jovem. Tenho muito cuidado para lançar um menino. Se lançar, e ele não der resposta positiva, pode condenar a trajetória dele no clube. A gente tem tentado ter tranquilidade. Agradeço muito ao nosso torcedor hoje. Vaiar ao final do jogo, não ficar satisfeito com o resultado é um direito que ele tem.

Na decisão, o Bahia irá enfrentar o vencedor do confronto entre ABC e Sampaio Corrêa, que se enfrentam nesta quinta-feira (28), em Natal. No jogo de ida, em São Luís, o Sampaio Corrêa venceu por 1 a 0. Enderson Moreira avaliou as duas equipes:

Agora é saber que os dois adversários são dificílimos. Não existe essa questão que estamos na Série A e eles em outra Série. Futebol não é assim. O entusiasmo no futebol é que uma equipe que tem menor condição pode vencer uma equipe com mais qualidade. Temos plena certeza disso. E temos que acreditar nisso também. Não existe preferência alguma. São duas equipes que foram merecedoras de chegar nessa posição. O que existe de nossa parte é muito respeito

Confira o que Enderson Moreira falou em entrevista coletiva

Exibição em casa
- Nada acontece por mágica. Tenho uma semana no clube. A cada dia que passa, a gente tem menos opção. Se avaliar as partidas anteriores, tem um setor... É coisa rara. Edigar Junio no departamento médico, Brumado, Kayke e o Gilberto, que não pode jogar. Você acha que a gente fica feliz em fazer esse tipo de improvisação? Não. Ninguém gosta. A gente tem uma série de situações que não são ideais, mas não tem como fazer. O que quero fazer, eu tenho na minha cabeça. Para muitos, jogar sempre bem é o objetivo e é o nosso objetivo também. Atuações, às vezes, a gente não consegue ter atuação fantástica. Mas tem que entender que são seres humanos. Temos que entender. A equipe do Ceará passou por dificuldade dentro de casa também. A gente tem que fazer o trabalho de cada dia. Sei muito bem onde quero chegar. E no tempo certo. Se for chegar onde quero no prazo pequeno, vou me frustrar e frustrar todo mundo. É questão de a gente ter tranquilidade para buscar o melhor desempenho.

Elogios ao Ceará
- Assim que terminou o jogo lá no Ceará, falei de uma forma muito enfática que o jogo aqui seria difícil. Talvez vocês tenham um outro tipo de pensamento, e eu respeito isso. A equipe do Ceará tem conseguido fazer bons jogos fora de casa. Se pegar as últimas apresentações, empataram com o Botafogo no Rio, perderam para o Atlético-MG no final. Pegamos uma equipe que tem feito boas atuações. Conquistamos essa vaga não foi de qualquer equipe. Equipe que tem qualidade, forma de jogar, ideia e que tem conseguido jogar muito bem fora de casa.

Por que não começou com Geovane Itinga?
- É um menino que a gente não tem certeza. Não posso pegar um menino do sub-17 e colocar no profissional. As mesmas pessoas que pendem para colocar vão xingar e podem acabar a carreira do menino. A gente tem que ter tranquilidade. [...]Sou um dos treinadores que mais lança jogadores em todo o Brasil. Sou oriundo da base. Lançar jogador não é uma tarefa fácil. Exige responsabilidade, e eu sou responsável. Esse menino que precisa muito da oportunidade pode não estar preparado hoje. Brumado é um jogador, Itinga é outro. Estou chegando agora, tenho informações, me informo com as pessoas que conhecem o atleta a mais tempo. Nas minhas equipes jogo com dois, três atacantes. Só que a gente não tem. Não posso inventar agora uma situação que não consigo. O que posso fazer? Sentar, chorar, lamentar? Não. Vou tentar alternativas, que nem sempre são as melhores, mas são as alternativas que a gente tem.

Chance de primeiro título com o Bahia
- Acho que é uma competição om grandes equipes, qualificadas. Talvez a principal competição regional de nosso país. É a competição que mais foi valorizada nesses últimos anos. Fico feliz de poder disputar essa final. Espero que a gente possa entregar mais essa conquista, mas com pés no chão.