Postado por - Newton Duarte

Especialista explica chances de Kieza no julgamento no STJD nesta sexta(23)

Especialista diz que Kieza não corre riscos de suspensão

Kieza será julgado em quatro artigos pelo STJD

O atacante Kieza será julgado nesta sexta-feira, 23, a partir das 11h da Bahia, pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, pela expulsão no Ba-Vi do dia 3 de outubro. Denunciado em quatro artigos do código desportivo, ele está sujeito a uma suspensão até o fim da Série B, com todas as penas máximas e acumuladas.

A procuradoria do tribunal alega que o atleta infringiu dois artigos: o 250, por ter tocado com o braço esquerdo na bola - num lance de um gol posteriormente anulado -, cuja pena vai de um a três jogos; e o 258-A, por ter provocado o público ao tirar a camisa na comemoração do primeiro gol e exibido a blusa de  torcida organizada proibida de ir ao estádio, o que renderia suspensão de duas a seis partidas.

Kieza também será julgado com base nos artigos 258, inciso II, e 243-F, por ter ofendido a equipe de arbitragem no final do primeiro tempo e em entrevistas na saída do gramado. A emissoras de TV e rádio, ele declarou: "Isso aqui é uma vergonha. Vai tomar no c...". A pena correspondente é de uma a seis partidas por um e de quatro a seis pelo outro.

Para Fábio Cruz, advogado especializado no assunto, porém, o goleador já teria cumprido, com a expulsão, a pena cabível. "Por exemplo, pelo fato de ter tocado com a mão na bola e de ter tirado a camisa, ele já recebeu cartões amarelos por isso. O próprio árbitro aplicou a punição. Não cabe ao tribunal qualificá-la", disse.

Mesmo o fato de a blusa mostrada pertencer a uma torcida proibida não caracterizaria uma pena radical. "Foi uma decisão tomada entre o Ministério Público, a Polícia e as torcidas. Não envolveu o atleta, e ele não pode ser punido por isso. Também entendo que não usou para provocar o adversário, mas para comemorar com a sua torcida", opinou.

"Em suma, não vejo riscos de pegar penas maiores, a não ser pelo que tenha dito. De fato, as declarações contra a arbitragem têm sido punidas de forma bastante enfática pelo tribunal", considerou Cruz. "Uma coisa é ser expulso e falar algo ao árbitro. Outra é ele sair, ter tempo de esfriar a cabeça, voltar a campo no final do jogo e dizer alguma coisa ao juiz. Isso é um agravante que o tribunal costuma considerar".

Ainda que Kieza receba pena máxima, Cruz acredita que o Bahia terá artifícios: "Se ele pegar três jogos ou mais, o clube pode entrar com um efeito suspensivo,  e ele provavelmente só será julgado depois que a competição tiver terminado. Casos assim geralmente levam três ou quatro semanas".

Defesa

Kieza viajaria na noite desta sexta com o diretor jurídico do Bahia, Victor Ferraz, que pretende mostrar excesso de rigor do árbitro Leandro Vuaden na expulsão.

Para isso, apresentará vídeos de lances em que atletas tocaram a mão na bola e não foram expulsos. Para o caso da camisa da Bamor, o clube argumenta que o jogador não tinha conhecimento da proibição e quer mostrar que ele já usou a blusa da organizada em outros momentos.

A defesa sustentará que não houve ofensa ao árbitro. "O próprio Vuaden não relata ofensa na súmula. Se ele se sentisse assim, poderia ter relatado. Foi um desabafo. Kieza é o capitão, estava num clássico, acabou expulso no 1º tempo, e é natural do ser humano ficar aborrecido", argumentou Victor Ferraz.

Dupla Ba-Vi também será julgada neta sexta

Os dois times podem ser multados devido a tumulto entre torcedores no lounge da Fonte Nova no clássico. O Tricolor ainda será julgado por causa de copos atirados na direção do árbitro. A multa é de até R$ 100 mil por infração.