Postado por - Newton Duarte

Estudo aponta o quanto os clubes estão gastando acima da sua capacidade

Estudo aponta o quanto os clubes estão gastando acima da sua capacidade

A Pluri Consultoria apresentou estudo onde aponta o quanto os clubes estão gastando acima da sua capacidade de pagamento.

Investimentos errados, despesas desnecessárias estão demonstradas neste estudo.

Confira na íntegra:

Despesas dos clubes estão 22% maior que a sua capacidade de pagamento

Que os clubes Brasileiros gastam mais do que arrecadam, qualquer torcedor está cansado de saber, afinal é essa prática continuada que levou a um acúmulo de prejuízos de R$ 1,83 bilhão para os 29 maiores clubes ao longo dos últimos 7 anos, e a um endividamento líquido recorde de R$ 6,1 bilhões. Este relatório busca dimensionar o quanto os clubes estão gastando acima da sua capacidade de pagamento, aquele limite de gastos que deveria ser respeitado caso fossem geridos de maneira mais adequada.

Para efeito da análise consideramos que, para manter as contas equilibradas, os clubes não deveriam apresentar as crônicas perdas anuais (linha 1 da tabela abaixo), além de gerar um excedente mínimo que permitisse a amortização de seu brutal endividamento líquido ao longo do tempo, da ordem de 4% ao ano (linha 3 da tabela), o que a grosso modo permitiria a sua liquidação em um horizonte de 25 anos. Não fomos tão exigentes a ponto de considerar a necessidade de se gerar um excedente que permita um nível mínimo de investimentos, condição necessária para evitar a redução da qualidade dos elencos ao longo do tempo, situação que vem ocorrendo com a maioria dos clubes Brasileiros nos últimos anos.

A soma desses 2 elementos aparece na linha 4 da tabela abaixo, o que chamamos de “Excedente de despesas”, valor que atingiu R$ 689 milhões em 2013, recorde na história dos clubes Brasileiros, acumulando R$ 2,1 bilhões nos últimos 7 anos. Ou seja, para caber dentro do seu bolso, os clubes deveriam cortar R$ 689 milhões em despesas.

Uma outra forma de equilibrar as contas seria via aumento de receitas. Porém, para gerar os R$ 689 milhões necessários para ajustar suas contas, os clubes precisariam elevar seus faturamentos em pelo menos 20% (linha 9), não considerando aí os efeitos dos impostos.

O gráfico a seguir mostra que gastar acima do que podem é uma prática usual dos clubes Brasileiros, a despeito do forte aumento de receitas, de 341% entre 2006 e 2013. Ao longo dos últimos 7 anos a média de despesas acima da capacidade de pagamento dos clubes foi de 18%, ficando abaixo deste número somente em 2012, ano em que houveram receitas patrimoniais extraordinárias em 3 clubes (Palmeiras, Grêmio e Atlético-PR), o que distorceu positivamente os resultados.

Agora vamos supor que o corte necessário para equilibrar as contas dos clubes (R$ 689 milhões) fosse feito somente sobre as despesas com o futebol, afinal sabemos que gastar com folhas de pagamento acima do suportável é a causa principal dos prejuízos recorrentes dos clubes e de seu elevado endividamento. Neste caso o corte de gastos seria ainda maior, de 26% do total (linha 12), o que equivaleria a dizer que as despesas com o futebol estariam 36% acima do que os clubes realmente poderiam arcar (linha 13).

É importante ressaltar, porém, que os resultados não são lineares, eles representam o conjunto dos principais times Brasileiros. Há, porém, casos de clubes que apresentam situação razoavelmente equilibrada, mas esses raros clubes constituem exceções num ambiente altamente problemático. Nos baseamos nos balanços do período 2006-2013 dos 29 clubes de maior faturamento do País. São eles: América MG, Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Avaí, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Criciúma, Cruzeiro, Figueirense, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Guarani, Internacional, Joinville, Náutico, Palmeiras, Paraná Clube, Ponte Preta, Portuguesa, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Sport, Vasco e Vitória.