Postado por - Newton Duarte

'Eu também caí': Apesar do 2014 incrível, Talisca diz que foi rebaixado junto com o Bahia

Apesar do 2014 incrível, Talisca diz que foi rebaixado junto com o Bahia: ‘Eu também caí’

'Sinto saudade de todo mundo, pois fui embora, mas a Bahia não saiu de mim. Nem o Bahia nem a Bahia', diz jogador

Talisca lamente queda do Bahia, mas comemora o início espetacular na Europa e convocação - (Foto: Mauro Akin Nassor)

Campeão baiano com direito a gol contra o Vitória na final, destaque nas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro, convocado para a Seleção Brasileira e vice-artilheiro do Campeonato Português. Anderson Talisca é só sorrisos quando fala em 2014. Revelado no Bahia, clube cujas cores defendeu até junho, o meia  trocou o tricolor baiano pelo Benfica, chegou a Portugal mostrando muita qualidade e alcançou sucesso internacional.

Com os dias contados para a virada do calendário, Talisca aproveitou a volta à Bahia, onde passa as festas de fim de ano com a família, e concedeu uma entrevista exclusiva ao CORREIO. Orientado para tal, ele preferiu não falar sobre a rotina no clube português nem sobre o termo da negociação que o tirou do Bahia, mas reforçou no papo a saudade da terra natal, expectativas para 2015 e a decepção com o rebaixamento do clube do qual se sentiu parte da campanha.

Cinco meses depois da sua chegada a Lisboa, ainda sente muita saudade da Bahia?

Sinto saudade de todo mundo, pois fui embora, mas a Bahia não saiu de mim. Nem o Bahia nem a Bahia. Tenho muito carinho pelo clube e pela cidade onde morei por muito tempo (Salvador), daqui saí para vários lugares, mas sempre voltava.

O que mais te faz sentir saudade daqui?

Em qualquer lugar que eu estiver e a minha família não estiver comigo, eu vou sentir muita falta. Sinto saudade da comida baiana também, apesar de ter me adaptado rápido à comida de lá. Mas a cozinha baiana é única.

Qual foi a maior diferença que encontrou em Portugal?

O comportamento das pessoas e os lugares são muito diferentes. Estrutura das cidades, as ruas, o clima também é diferente, mas dei sorte de chegar lá no Verão. Eu acho que o português é um pouco mais reservado do que o brasileiro, mas não tive problemas. Foram todos muito receptivos.

Sentiu muita diferença entre o Campeonato Português e o Campeonato Brasileiro?

Foi muito diferente, pois o futebol europeu é mais dinâmico que o brasileiro, o estilo de jogo é mais agressivo, mas graças a Deus não tive muita dificuldade para me adaptar. Cheguei em um momento bom.

Como foi que a torcida passou a ver o jogador Anderson Talisca depois de algumas partidas?

Lá em Portugal, toda a torcida confia no meu potencial. Cheguei a ficar seis jogos sem fazer gols, mas sempre estou ajudando a minha equipe.

Você falou que o Bahia não saiu de você. Quais são as suas maiores lembranças do clube?

São duas: o gol contra o Cruzeiro no Mineirão, em 2013, (que garantiu a permanência do tricolor na primeira divisão naquele ano) e o gol contra o Vitória no jogo de ida da final do Campeonato Baiano. Aquele foi um momento que jamais esquecerei. Independente dos Ba-Vis das rodadas normais eu ter jogado bem, mas não ter feito gols, o Ba-Vi da final, quando fiz o gol, ficou marcado. Foi meu primeiro gol no clássico.

Como foi a sensação de ver o Bahia rebaixado à 2ª divisão?

Foi um pouco difícil, pois acompanhei de longe os acontecimentos. Eu não estava esperando isso, pois quando saí, o Bahia estava na primeira divisão e uma posição melhor. Eu esperava ver um Bahia mais forte no segundo turno, com chances de garantir uma vaga na Sul-Americana, só que as coisas não aconteceram como eu imaginava. A equipe não teve um bom desempenho e por fim aconteceu essa infelicidade, que me deixou muito triste.

Sentiu que escapou de um pesadelo, por não estar presente na queda do Bahia?

Não sinto que escapei, eu sinto como se eu tivesse caído junto com o Bahia, pois, mesmo já jogando pelo Benfica, eu ainda me sentia parte do Bahia. Às vezes, eu ainda recebia os e-mails do clube e sempre mantive contato com os meus colegas, acompanhava os jogos, analisava as partidas e isso me fez sentir parte do Bahia o tempo todo, por isso me sinto culpado de certa forma.

Manteve contato com quais ex-companheiros de equipe durante esse período?

Eu mantive contato com todo o elenco, pois todos têm um carinho muito grande por mim, todos sempre me trataram bem no convívio diário, todos me respeitavam e eu respeitava a todos da mesma forma até porque naquele elenco havia jogadores que eram meu ídolos, como Titi, Fahel, Lomba, caras que cresceram no futebol e vi o que eles representam dentro do time. Fiquei muito triste. Eu não  imaginava o rebaixamento, pois o grupo do Bahia é um grupo forte, dedicado, trabalhador, mas o que tem que acontecer acontece.

Depois de ter sido convocado para a seleção sub-20 em 2013, você foi chamado por Dunga para atuar na Seleção principal neste ano. Quais são suas expectativas para as próximas convocações?

A expectativa é sempre fazer meu melhor e ajudar o Benfica a se destacar para que meu trabalho seja reconhecido e a chamada para a Seleção aconteça. É o sonho de qualquer jogador. Qualquer criança que está crescendo tem o sonho de jogar pela Seleção Brasileira, ter essa chance é a realização de um sonho para mim.

Qual o balanço que faz do ano de 2014?

De 2014 eu faço um balanço muito positivo, me sinto muito feliz por tudo que conquistei e quero agradecer a Deus em primeiro lugar por tudo o que aconteceu, até porque sem ele eu não seria nada. No geral foi um ano muito importante, pois me dediquei ao máximo, cresci no mundo do futebol, como jogador e como pessoa. Eu penso em 2014 com as alegrias e conquistas e quero entrar no ano de 2015 na mesma pegada, com muitas coisas boas.