Postado por - Newton Duarte

Ex-Bahia, alvo do Barça, por falsas promessas e 'guerra' de 'agentes' o levaram ao desemprego

Ele foi alvo do Barça, mas falsas promessas e 'guerra' de agentes o levaram ao desemprego

Caio foi para jogar na elite portuguesa, mas acabou enganado - Divulgação

A cada ano, os empresários têm maior influência no futebol brasileiro e mundial, interferindo em negociações, descobrindo jogadores, sendo elogiados e também criticados por torcedores, familiares e dirigentes. Caio Ulises, atacante com passagens pela base de grandes clubes e pela equipe principal do Atlético-PR, teve sua carreira permeada pela influência dos agentes.

Contudo, sua história com empresários não é tão feliz como a de outros jogadores. Natural de Queimadas, na Bahia, o jogador foi descoberto e levado ao Esporte Clube Bahia com 13 anos. Logo seus gols e sua técnica começaram a chamar a atenção, e a "grande chance" apareceu em sua frente.

"Ocorreu de 2008 para 2009. Via que sempre parava um carro importado para assistir os treinos. Um dia acabou o treino, três caras me chamaram. Perguntaram se já tinha completado 16 anos e queria ir para a Espanha, jogar no Barcelona. Foram em casa, falaram com minha mãe, a intenção era levar minha mãe para lá também. Como ainda tinha 15 anos, me deixaram no Grêmio até fazer 16 anos. Mas minha mãe tinha assinado uma procuração com outro agente, que descobriu tudo e não deixou o negócio acontecer, me levando para o Santos," disse Caio ao ESPN.com.br

As conversas para jogar no Barcelona foram feitas com o olheiro do time espanhol, Pepe Costa e Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho. Com o cancelamento do negócio, Caio reiniciou sua carreira, novamente no Bahia. Mais uma vez, quando tudo parecia dar certo, houve mais um empecilho.

Ida ao profissional no Atlético-PR e furada em Portugal

Jogador subiu para os profissionais no Atlético-PR - Divulgação

Foram apenas sete meses no Bahia, e logo Caio Ulises se transferiu ao Atlético-PR. Aprovado de início, atuou na base, no time B e logo subiu ao time profissional, que na época era treinado por Vagner Mancini. A época, seu novo empresário viu uma chance no Vitória Guimarães, e o atacante partiu para Portugal.

Para convencer o jogador a deixar o Atlético-PR, seu agente o presenteou com um apartamento. Mas a janela de transferências da Europa tinha fechado, e o jogador acabou indo para o Naval, que seria uma ponte para um clube maior.

"O tempo foi passando, minha situação não era regularizada, eu cobrava e o pessoal do clube mão falava nada, só me diziam ‘que gajo aguniado, estamos a resolver'. Só depois de um tempo que soube que o Naval não poderia contratar estrangeiros, por conta de uma punição. Foram muitas mentiras, nunca vi igual", relatou o atleta.

Com medo de ser deportado, Caio procurou a União Portuguesa de Jogadores, contou sobre sua situação e acabou voltando ao Brasil. "Fui para ganhar dinheiro e deu tudo errado", resumiu

Dificuldades vêm da infância...e são combustível para o futuro

No Bahia, ele ganhou chuteira de Léo Moura, mas foi roubado - Divulgação

"Acho que essas adversidades fazem que você acabe virando homem". É assim que Caio Ulises encara suas idas e vindas no futebol. As dificuldades, contudo, não ocorreram apenas no esporte, e sim vêm desde a infância.

Em Queimadas, o jovem, que morava com sua tia, fugia de casa pelos fundos para poder jogar bola, tamanha era a paixão por futebol. Quando chegou ao Bahia, viveu as dificuldades que o time, apesar de ser um dos maiores do Brasil, vivia por estar na terceira divisão.

"Muitas vezes não tinha dinheiro para ir treinar. Pegava dois ônibus para ir, dois para voltar, não era fácil. Muitas vezes fui assaltado. Uma vez o Flamengo foi treinar lá, e depois do treino ganhei uma chuteira do Léo Moura. No mesmo dia, quando fui pegar o ônibus, levaram a chuteira e minha sandália, voltei para casa descalço", contou o atacante.

Agora Caio Ulises tem um novo agente - Eder Zuanazzi (empresário com boa influência na Inglaterra), e com ele busca recomeçar sua história e deslanchar na carreira. Pressão quando aparecer a nova chance? Não para quem já viveu tudo isso. "Pressão era subir ladeira que subia para voltar para casa todo dia, era sofrer assalto, ficar com medo de estar no meio de um tiroteio. Isso sim é pressão", finalizou o jovem.