Postado por - Newton Duarte

Fala, Professor! Doriva concede a 1ª entrevista como Técnico do Esquadrão

Tática, Lomba e base: Doriva concede 1ª entrevista como técnico do Bahia

Técnico vê Kieza como peça indispensável para 2016, destaca importância de bola parada, fala sobre a temporada 2015 e avaliação de elenco para o próximo ano

Doriva falou sobre ano de 2015, quando treinou o São Paulo (Foto: Leandro Martins/Framephoto/Estadão Conteúdo)

A espera acabou. Após um mês de expectativa, o Bahia anunciou na manhã desta quarta-feira a contratação de Doriva. E não foi preciso aguardar muito para ouvir as primeiras palavras do novo técnico tricolor. No início desta noite, ele participou do programa de rádio oficial do clube. Falou sobre tática, aproveitamento de bolas paradas, o desejo de contar com Marcelo Lomba em 2016 e o aproveitamento dos atletas formados nas categorias de base.

Doriva afirmou que pretende manter no Bahia uma filosofia de jogo ofensiva. Nesta temporada, a equipe marcou 106 gols, entre Campeonato Baiano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Sul-Americana e Série B do Campeonato Brasileiro. Para repetir a veia artilheira, o técnico enxerga a bola parada como uma arma importante.

Gosto de futebol bem jogado, que proponha jogo, que o time tome a iniciativa sempre".

Doriva

- Sem dúvida. A bola parada é uma variante que o futebol proporciona, e temos que estar preparados para defender bem e surpreender os adversários. Gosto de futebol bem jogado, que proponha jogo, que o time tome a iniciativa sempre. Temos que criar essa mentalidade dentro do Bahia. Clube grande, de tradição imensa. Tem que ser um time que joga. Toma a iniciativa. Isso faz parte do meu trabalho e é minha ideia. Ter uma equipe equilibrada, que joga futebol atrativo e, principalmente, vença – disse o treinador ao Programa do Esquadrão.

O técnico também falou sobre as etapas para assinar com o Bahia. As primeiras informações do interesse tricolor surgiram no último fim de semana. Na terça-feira, Doriva recebeu o presidente tricolor, Marcelo Sant’Ana, em Teresópolis, Rio de Janeiro, para assinar contrato.

- Foi em alguns dias que a gente estava conversando e alinhando pensamentos. Estavam me apresentando o projeto. O presidente veio até Teresópolis. Estou envolvido no curso da CBF, me qualificando. Chegamos a um denominador comum. Muito feliz por participar de um desafio como esse. Fiquei feliz de conhecer o presidente, que é jovem, arrojado. O futebol precisa de gente nova. Desafio que abraço de corpo e alma para conseguir fazer um grande trabalho à frente do Bahia.

Confira outros assuntos abordados por Doriva:

ACERTO COM O BAHIA

- Uma grande alegria, uma grande satisfação poder estar à frente de um clube dessa grandeza. Bahia é bicampeão brasileiro. Clube grande, clube de Série A. Para mim está sendo uma alegria, um desafio, fazer de tudo para que o clube possa voltar para a Série A.

KIEZA

- O Kieza é um grande jogador. Ídolo do torcedor baiano. Jogador que faz a diferença. Goleador. Indispensável para nós. Conversamos com o presidente, e ele vai fazer de tudo para que o Kieza permaneça.

TÁTICA

- Eu gosto de jogar nesse sistema [4-2-3-1]. Mas não engesso a equipe para jogar sempre dessa maneira. Às vezes tem que alterar. Mas não altero tanto. Faço 4-2-3-1 para 4-1-4-1. As equipes que dirijo são equipes que participam bastante do jogo, têm entusiasmo e são muito compactadas ofensivamente e defensivamente.

MARCELO LOMBA

- O Lomba é um grande goleiro, grande pessoa, profissional excelente. Estamos na expectativa. A partir do momento que assinei contrato, minha torcida é para que fique. Grande goleiro e líder no elenco. Tive a oportunidade de conhecê-lo em Campinas. Relacionamento bacana. Pude aproveitá-lo da melhor maneira possível. Se trata de um grande goleiro.

CONVERSA COM SANT’ANA

- A gente conversou um pouco sobre o clube. Me apresentou basicamente o clube. Falamos sobre os projetos, desafios e com certeza sobre nomes. Vou estar em Salvador na segunda-feira para a gente sentar e alinhar os pensamentos com o Nei Pandolfo. Para que a gente possa correr na frente. Buscar atletas que consideramos ideais para nosso trabalho.

ELENCO

- Tenho olhado com cautela para a gente entender bem aquilo que temos na mão, os atletas que podemos contar, que são indispensáveis, para não errar. Momento de planejar bem a temporada. Temos objetivos claros. Queremos um time forte para buscar os objetivos.

TEMPORADA 2015

- Acho que estava em momento muito bom no Vasco, confiante, fazendo um bom trabalho, e estávamos na terceira rodada da Série A, três empates, a equipe tinha bom rendimento. Na sequência, os resultados não aconteceram. A equipe perdeu força, os reforços não tinham condições de estrear, no consenso decidimos sair. Tive o convite do Grêmio, não aceitei, entendi que estava bem no Vasco. Saí porque as coisas não caminharam como esperava. Na Ponte, as coisas aconteceram e recebi o convite de trabalhar no São Paulo. Sempre muito atrativo. Meu objetivo na Ponte era manter na Série A. Estávamos muito próximos desse objetivo. Faltavam quatro pontos e muitos jogos pela frente. Estava cômodo para tomar uma decisão. Conversei com a diretoria, oportunidade única de trabalhar no São Paulo. Entendia o momento político conturbado, mas não imaginava que o desfecho iria ser dessa forma. O presidente saiu, que havia feito o convite para mim, e saiu o gerente de futebol. E depois trocou toda a diretoria. Foi uma questão política, de não ter sido eles que me levaram, resolveram fazer a mudança. O que me motivou a sair da Ponte foi a identificação com o clube. Tenho história no São Paulo. Projetava isso para a minha carreira. As coisas não aconteceram como queria, mas serviu de aprendizado, amadurecimento. Tirei lições que me tornaram melhor.

BASE

- Sem dúvida. Importante isso. O futebol baiano sempre foi uma mãe, gerou muitos craques para o futebol brasileiro. O Bahia tem essa metodologia. Utiliza muitos jovens. Gosto de trabalhar com jovens, está com sede, ambição vontade de vencer na vida. Você desafia e ele busca objetivos por estar com ambição de crescer. Sem dúvida vou olhar com muito carinho para esses jovens que temos na casa.

FUTEBOL NO NORDESTE

- A bem da verdade não trabalhei diretamente no futebol nordestino. Joguei muitas vezes contra clubes do Nordeste. Mas sei que a característica de futebol ofensivo, o público empurra muito. O torcedor do Bahia comparece. Teve recorde de público na Série B. O torcedor vai continuar nos empurrando. Fundamental para fazer um Bahia vitorioso. Que seja uma cultura permanente. Que as gerações que estão vindo encontrem um Bahia vitorioso e perpetuem isso por muitos anos.

CAMPEONATO BAIANO

- A gente sabe que o campeonato estadual é importante, vamos buscar o tricampeonato. Mas a gente sabe que esse período tem que ser usado para avaliar o elenco, fazer ajustes. Se a gente detectar que precisa trazer peças, vamos fazer isso para fortalecer a equipe e fazer uma temporada brilhante, vitoriosa que culmine com os títulos que podemos alcançar e o acesso. Nosso desafio é fazer com que o Bahia vença e retorne para a Série A o mais rápido possível.

ESTILO DO CAMISA 10

- Gosto de jogar com meia, que o meia tenha mobilidade, condutor de bola, que faça o deslocamento profundo. Não gosto de meia estático, prefiro o jogador voluntarioso, que trabalha em movimentação.