Postado por - Newton Duarte

Fernando Schmidt diz que faltou profissionalismo na gestão do Bahia

Fernando Schmidt diz que faltou profissionalismo na gestão do Bahia

Em entrevista ao jornalista Darino Sena, no Jornal da Manhã, presidente do Tricolor reconhece erros cometidos durante seu mandato no clube

O presidente do Bahia, Fernando Schmidt, reconheceu aquele que deve ter sido o principal erro de sua gestão. Durante entrevista ao jornalista Darino Sena, veiculada pelo Jornal da Manhã desta quinta-feira, o dirigente disse que faltou planejamento e profissionalismo na gestão do Tricolor. Segundo ele, isso pode ter sido a causa das contratações erradas, trocas de comando no departamento de futebol e mudanças no cargo de treinador. Ele ainda assumiu a culpa pela queda para a Segunda Divisão.

- Faltou planejamento e eu diria mais: faltou profissionalismo. Faltou profissionalismo na gestão do Esporte Clube Bahia. Não estou dizendo que as pessoas fizeram isso de proposito ou para prejudicar o Bahia. Não. Boas intenções e etc, porém, muitas vezes no afã de acertar acaba-se produzindo erros - declarou o dirigente.

Fernando Schmidt foi eleito em setembro do ano passado para um mandato tampão na presidência do Bahia. Ele ficará no cargo somente até os próximos dias, já que uma nova eleição será realizada neste sábado e seis candidatos disputa a vaga.

Durante a conversa, Schmidt disse que se arrependeu de não ter efetivado Charles Fabian antes da contratação de Gilson Kleina, explicou a negociação de Anderson Talisca e disse que propôs um grupo para fazer um projeto de viabilidade do Fazendão e ser entregue ao novo presidente. Por sim, reconheceu:

- Faltou critério para contratar. Ou seja, a ansiedade na contratação induziu, muitas vezes, a erro na contratação.

Confira abaixo os temas abordados durante a entrevista

01

CULPA PELO REBAIXAMENTO

- No final, sim (é do presidente). Quem assina contratos, quem traz jogadores, quem dispensa jogadores, quem traz o número de opiniões para si é o presidente. Então o presidente é o responsável.

02

QUATRO DIRETORES DE FUTEBOL

- Faltou planejamento e eu diria mais: faltou profissionalismo. Faltou profissionalismo na gestão do Esporte Clube Bahia. Não estou dizendo que as pessoas fizeram isso de proposito ou para prejudicar o Bahia. Não. Boas intenções e etc, porém, muitas vezes no afã de acertar acaba-se produzindo erros. Nossa campanha foi em cima de um tripé: democracia, transparência e profissionalismo. Mas em momento nenhum em procurei entregar o clube nas condições que eu recebi. Ou seja, zero em caixa, zero em patrimônio, praticamente zero em sócios e zero em credibilidade.

03

ERROS NO COMANDO TÉCNICO

- Eu acho que o problema não era mandar o Marquinhos Santos embora. O problema é que, naquela ocasião, nós deveríamos ter efetivado Charles e não mexer mais em Charles, tornando-o treinador do Bahia até o final do Brasileiro.

04

ERRO AO CONTRATAR KLEINA?

- Eu acho que sim.

05

NEGOCIAÇÃO DE TALISCA

- O presidente do Benfica me telefone dizendo que queria Talisca e Talisca queria sair do Bahia. Talisca me procurou dizendo: “Presidente, essa é a minha chance. Eu não quero esperar o final do Campeonato Brasileiro porque eu não sei se eu vou ter o sucesso que, nesse momento, eu sinto que posso ter fora daqui. Nesta ocasião eu disse: “Tudo bem, Talisca. Antes de tomar qualquer decisão vamos verificar como estão os direitos econômicos, quem detém os direitos econômicos sobre você”. E quatro empresas detinham os direitos econômicos. Fechada a conta, tinha 140%. Ou nós inventemos uma matemática nova no Bahia ou então não tinha explicação. Quando se verificou, nós não tínhamos inventado matemática nova nenhuma. Os 40% eram 0%, que era a parte que sobrava ao Esporte Clube Bahia. E os outros 100% eram divididos entre quatro empresas. Eu disse: “Talisca, você quer ir, você acha que é a sua chance, não pode esperar. Eu só assino o seu contrato se as outras quatro empresas ou empresários abrirem mão de 50% daquilo que têm direito em favor do Esporte Clube Bahia para, então, nós podermos pensar em te liberar”. Não demorou 24 horas e os quatro empresários abriram mão.

06

FALTOU PARTICIPAÇÃO NO DEPARTAMENTO DE FUTEBOL?

- Não acho que estive ausente em momento nenhum. A gestão compartilhada não significa gestão negligente. Talvez tenha demorado de tomar algumas decisões e me arrependo por isso. Peço desculpas, inclusive, à nação tricolor pela demorar em tomar essas decisões.

07

CASO ROMAGNOLI

- Acho que entrou muito o fato sorte. Quando se pensou em trazer o Romagnoli, a situação do San Lorenzo era uma. Quando ele ficou de vir - e nós tínhamos colocado uma cláusula penal para a hipótese dele desistir...fizemos um acordo para que ele pudesse pagar metade. A gente fala em Romagnoli, mas poderíamos falar em vários jogadores que tiveram excelente desempenho fora do Bahia e aqui não renderam o que se esperava.

08

FALTOU CRITÉRIO PARA CONTRATAR?

- Faltou critério para contratar. Ou seja, a ansiedade na contratação induziu, muitas vezes, a erro na contratação.

09

CUSTOS DO FAZENDÃO E CIDADE TRICOLOR

- Eu fiz questão de, no dia em que renegociamos e tornamos pública essa permuta, de dizer que estava nomeando naquele momento um grupo de trabalho para apresentar, como sugestão ao próximo presidente, um plano de auto sustentabilidade do Fazendão.

- Eu tive a oportunidade de, no início do mandato, conhecer as instalações do São Paulo, visitar Cotia e verificar que dinheiro tem. No mercado. Tanto privado quanto Federal. Em Cotia, o São Paulo colocou R$ 47 bilhões. Como ele colocou isso? Porque tinham CND, o certificado negativo de débito, e, em segundo lugar, porque tinha projetos para fazer.

10

HERANÇA TRICOLOR

- Deixo um clube com patrimônio, com algum dinheiro em caixa, com um número de sócios que poderia ser maior se nós tivéssemos continuado na Primeira Divisão, com uma série de projetos no sentido de patrocínios em andamento e, sobretudo, com uma certeza de que mantidas as condições reais do Bahia de dirigir esse time de futebol, nós teremos em 2015 condições de fazer um planejamento capaz de trazer o Bahia de volta para a Primeira Divisão e de lá nunca mais sair. Essa e a minha aposta. Por isso que quero, tão logo seja eleito o sucessor, o mais rapidamente possível passar a presidência para ele para que ele tenha tempo de fazer o planejamento de 2015 como o Bahia e a torcida tricolor merecem.