Com nome e talento do pai, Jeanzinho faz estreia no clássico com aplausos da torcida
Apesar de ter seguido os passos do pai dentro de campo, Jeanzinho não faz o mesmo fora dele. Os dois são brigados
Jeanzinho em ação: sai do gol com confiança, sobe mais alto que todos e fica com a bola. Aos 19 anos, mostra firmeza no Ba-Vi (Foto: Betto Jr.)
Ele herdou o nome, o talento e a personalidade do pai, ídolo do Bahia na década de 90. Provou isso no primeiro Ba-Vi como goleiro profissional, ontem, no Barradão. Jeanzinho estreou no clássico aos 19 anos. O quarto jogo dele com a camisa tricolor vai ficar pra sempre na memória. “Foi emocionante e vou levar pro resto da vida”, vibrou, após o apito final.
Sofreu um gol, mas garantiu o empate por 1x1 no minuto final do jogo, quando fez uma ponte e defendeu a cobrança de falta do veterano Jorge Wagner. “Dei uma resposta para aqueles que não acreditaram no meu trabalho”, desabafou o jogador revelado na base do Bahia. O recado é principalmente para o pai, que declarou publicamente que ele não estava preparado para assumir o gol tricolor. “Fiquei muito chateado, é meu pai, falar aquilo lá de mim. Mas procurei não ficar me martirizando”.
Apesar de ter seguido os passos do pai dentro de campo, Jeanzinho não faz o mesmo fora dele. Os dois são brigados. “Já procurei ele várias vezes, mas ele não fala comigo. Deixa lá, o tempo cura tudo. Eu não guardo mágoa. É meu pai e quando quiser vir falar comigo, eu falo com ele”, revela, sem expor o motivo da briga. “São coisas pessoais”, resume o atleta, que não gosta nem de ter o estilo de jogo comparado ao do pai. “É totalmente diferente”.
Depois do apito final, Jeanzinho curte os aplausos da torcida do Bahia; clássico marcante (Foto: Betto Jr.)
Em tempos de laços de sangue fragilizados, Jeanzinho ganhou um paizão no Fazendão. Foi o técnico Sérgio Soares quem promoveu a estreia dele no time profissional, dia 18 de fevereiro, no triunfo por 2x1 contra o Globo, pela Copa do Nordeste. “Sérgio é uma pessoa que eu vou levar para o resto da minha vida. Foi o primeiro treinador que me colocou pra jogar, deu a cara a tapa aqui no Ba-Vi e serei eternamente grato a ele”, reconhece o atleta.
O professor devolve o carinho: “Jean me mostrou que a gente estava certo na manutenção de um garoto no jogo como o de hoje (ontem). É um atleta que a gente confia bastante”, avaliou o técnico Sérgio Soares após o clássico. Jeanzinho também recebeu elogios dos adversários. “Ele é um grande goleiro e tem potencial”, disse o atacante Neto Baiano. “Escutei o pai dele falando e não concordo. O menino tem que jogar mesmo. Para o cara chegar em um patamar, tem que ser testado”, completa. No primeiro teste, ele passou.