Postado por - Newton Duarte

Fórmula Indy: GP de Brasília é cancelado; MP diz que contratos 'lesam cofres públicos'

Prova da Fórmula Indy em Brasília é cancelada

Autódromo Nelson Piquet, em Brasília, que deveria receber a prova em março - Foto: Antonio Araújo/UOL

A prova da Fórmula Indy que seria realizada em Brasília no dia 8 de março foi cancelada nesta quinta-feira (29). A Band informou que a Terracap, Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal, que contratou a emissora para realizar a etapa, cancelou unilateralmente a prova.

O cancelamento da prova foi informado à direção da Band na tarde desta quinta-feira (29). A emissora avisou que informará nos próximos dias como será feita a devolução do valor pago pelos ingressos. Por meio de nota, a Band afirmou que "lamenta essa atitude precipitada e vai seguir investindo na promoção do esporte e de grandes eventos". A Terracap ainda não se pronunciou sobre o caso.

A etapa abriria a temporada de 2015 da Fórmula Indy, e seria realizada no Autódromo Internacional Nelson Piquet, que receberia reformas para receber o evento. Os ingressos, que variavam de R$ 140 a R$ 300 (preço de inteira), dariam direito aos treinos livres da quinta-feira e sexta-feira. A expectativa era de que 30 mil torcedores comparecessem à prova.

Brasília seria a terceira cidade brasileira a receber uma etapa da Fórmula Indy. A categoria já foi realizada em São Paulo, entre 2010 e 2013, também com parceria da Band. Porém, a prefeitura de São Paulo não quis manter o vínculo em 2014. A Indy também foi realizada no Rio de Janeiro entre 1996 e 2000, no autódromo de Jacarepaguá.

De acordo com o site "Grande Prêmio", a corrida já tinha pelo menos cinco dos dez setores esgotados, além do lote promocional. A maior parte dos ingressos para a corrida em Brasília era mais cara do que os bilhetes para assistir a tradicional 500 Milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos.

Até o início da note desta quinta-feira, o site oficial da Fórmula Indy ainda indicava Brasília como sede da primeira etapa do ano. A segunda prova prevista no calendário é em São Petersburgo, nos Estados Unidos, em 29 de março.

MotoGP foi cancelada no ano passado

No ano passado, o autódromo de Brasília passou por uma situação semelhante com outra categoria internacional: a MotoGP, que está fora do país desde 2004. O governador do Distrito Federal à época, Agnelo Queiroz, anunciou em outubro de 2013 que seria realizada em abril do ano seguinte.

Três meses antes da prova, no entanto, o governo do Estado afirmou que as obras não seriam realizadas a tempo, e a corrida foi cancelada.

Contrato para realização da Indy "lesa cofres públicos", diz MP

Foto: AP Photo/Darron Cummings

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT) informou, nesta quinta-feira (29), que o contrato para realização da etapa da Fórmula Indy em Brasília, no próximo 8 de março, é repleto de irregularidades e "lesivo aos cofres públicos".

O contrato entre a Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal) e o Grupo Bandeirantes, promotor da Indy no Brasil, foi firmado na gestão de Agnelo Queiroz (PT), encerrada no último dia de 2014 - o atual governador é Rodrigo Rollemberg (PSB). Foi anunciado hoje o cancelamento do evento.

O GDF segue uma recomendação do próprio MP-DFT. Há uma semana, o Ministério Público expediu uma recomendação para que os presidentes da Terracap e Novacap, empresas do governo local responsáveis pelas obras no Autódromo Internacional Nelson Piquet, para não "licitar, realizar, autorizar, empenhar, liquidar, reconhecer ou pagar quaisquer despesas" relacionadas com a reforma do autódromo.

O MP-DFT levou em consideração a situação financeira da capital federal, que decretou estado de emergência na gestão da saúde pública, além de não pagar férias e 13º salário de boa parte dos servidores, e outros compromissos.

O primeiro edital de licitação para obra no autódromo, feito na gestão Agnelo, girava em torno de R$ 300 milhões. Mas foi suspenso pela Justiça por conter irregularidades.

Em dezembro, o UOL Esporte  revelou que o rompimento do contrato entre Indy e o Distrito Federal implicaria em uma multa de US$ 70 milhões (cerca de R$ 185 milhões).

O GDF não se pronunciou sobre o cancelamento da prova.