Postado por - Newton Duarte

Gigante de Aço: Um título em 12 passos

Gigante de Aço: na rota da taça, Bahia dribla dúvidas e cresce contra o rival

Tricolor começa com derrota, mas se ajusta ao longo do Baianão, se agiganta nos clássicos contra o Vitória e, no fim, comemora o 45º título estadual da sua história

Há clubes que já nascem com o ‘peso’ da grandeza. Com a obrigação do sucesso. Fundado no verão de 1931, o Bahia foi criado sob o slogan de ‘Nascido para Vencer’. E quem nasce com tal missão já nasce gigante. E assim foi o Bahia no Campeonato Baiano de 2014. O Tricolor largou mal, driblou a desconfiança da torcida e, nos momentos certos, sempre diante do seu maior rival, fez-se um gigante. O Bahia fez-se Golias, mas sem dar chance ao Vitória, rival de enorme grandeza, que nada tinha da pequenez de Davi.

O título baiano coroa um momento distinto na história do clube. Em meio ao processo de refundação que vive, o Bahia se transformou fora de campo para responder nas quatro linhas. Questionado por parte da imprensa e da torcida após um começo ruim de temporada, com eliminação precoce na Copa do Nordeste e partidas ruins no Baianão, Marquinhos Santos ganhou o aval da diretoria, que assumiu a responsabilidade e descartou qualquer possibilidade de demissão.

Fahel marca o primeiro gol do Bahia no Ba-Vi decisivo do Baianão

Como gigante que é, o Bahia soube administrar o golpe inicial da derrota na estreia para o Galícia, rival e gigante de outros tempos no futebol baiano. Depois disso, o time entrou nos trilhos. E, quando o bom futebol não aparecia, era o resultado final que fazia a diferença. Assim, o Tricolor chegou à decisão do Baiano sem voltar a perder.

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Para ficar com a taça, o Bahia entrou em campo em doze oportunidades. Foram sete vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O aproveitamento tricolor na competição foi de 69,4%. A artilharia do campeão baiano foi variada. Os artilheiros do time foram Talisca e Fahel, com quatro gols cada um. Rahyner e Lincoln marcaram em duas ocasiões. Além deles, Titi, Pittoni, Wangler, Galhardo, Branquinho, Marcão e Jeam balançaram as redes para o campeão baiano.

01 - DIA RUIM

No dia 9 de fevereiro, o Bahia começou a campanha do seu 45º título estadual. E com derrota. Na reedição do Clássico das Cores, que não acontecia desde 1999, o Tricolor sucumbiu diante do Galícia, o Demolidor de Campeões, e perdeu por 2 a 1. O gol foi marcado por Rhayner, em uma tarde de pouco futebol do time de Marquinhos Santos. Aos menos, ficou a esperança de que cair diante do Demolidor de Campeões fosse a possibilidade de, dois meses depois, levantar a taça. E no final, a máxima se manteve.

02 - NA CONTA DO GRINGO

O Bahia entrou em campo no dia 13 de fevereiro, em Pituaçu, carregando nos ombros, o peso dos fracassos ocorridos nos dias anteriores: eliminação precoce da Copa do Nordeste e derrota na estreia para o Galícia. Com pouco apoio nas arquibancadas de Pituaçu, uma vez que, apesar de visitante, o Tricolor jogava em Salvador, o Bahia jogou pouco, mas o suficiente para vencer a primeira no estadual. E os três pontos ficaram na conta do paraguaio Wilson Pittoni: Bahia 1 a 0.

03 - VAIAS NA FONTE

No dia 19 de fevereiro, o Bahia enfrentou o Vitória da Conquista. A data marcava a comemoração pelos 25 anos da conquista do título do bicampeonato nacional, contra o Internacional em 1988. Em duelo comemorativo, os campeões entraram em campo na partida preliminar para enfrentar o Colorado daquela época. Triunfo dos campeões por 1 a 0, mas, na partida que valia algo, pouca inspiração e um gol salvador marcador por Wangler nos minutos finais. Desta forma, o Bahia empatou em 1 a 1 com o Conquista e saiu de campo sob vaias.

04 - TUDO IGUAL

No dia 23 de fevereiro, o Bahia encontrou com o maior rival, o Vitória, no estádio de Pituaçu. O primeiro clássico do ano foi marcado pelo reencontro. Amigos de longa data e parceiros por muito tempo, os técnicos Marquinhos Santos e Ney Franco se encontram pela primeira vez em lados opostos na Bahia - e segunda na carreira. O clássico mostrou que, apesar das críticas, o time de Marquinhos ainda estava em evolução e demonstrou força diante de um adversário qualificado. O resultado do jogo foi 1 a 1. O gol do Tricolor foi marcado por Fahel.

05 - DEVOLVEU

Um gigante sabe aguardar o momento certo de dar o troco. Depois de começar o campeonato perdendo para o Galícia, o Bahia reencontro o seu algoz. Desta vez no estádio de Pituaçu. E então foi o momento de devolver ao rival a derrota da primeira rodada. Bahia 2 a 1. Os gols foram marcados por Galhardo e Talisca, num golaço no melhor estilo Ronaldinho Gaúcho. A partida marcou a melhor exibição do time sobre comando de Marquinhos Santos.

06 - GIGANTE RELÂMPAGO

Ser gigante é usar do tamanho para surpreender e mostrar que também pode ser veloz. Com um gol aos dez segundos, o Bahia abriu caminho para derrotar a Jacuipense, no dia 9 de março, na Fonte Nova, tento anotado por Branquinho. Ainda no primeiro tempo, Titi voltou a colocar o Bahia na frente e deu números finais ao jogo: 2 a 1 para o Tricolor.

07 - TALISHOW

Durante toda a campanha do Bahia no estadual, sempre que o Tricolor precisou, Anderson Talisca apareceu. Numa das partidas mais difíceis do Esquadrão na competição, o meia apareceu e, com duas cobranças de falta perfeitas, comandou a vitória do Tricolor sobre o Vitória da Conquista, por 3 a 2, no estádio Lomanto Júnior, em Conquista. Marcão fechou a conta.

08 - O LEPO LEPO

No dia 23 de março, o Bahia entrou em campo para mais uma vez exibir gigantismo. Em um Ba-Vi que valia pouco, o Tricolor fez valer muito e bateu o Rubro-Negro por 2 a 0. Os gols foram marcados por Rhayner e Lincoln. O jogo foi equilibrado, mas, mais uma vez, o Bahia usou seu poder de decisão para ficar com os três pontos e avançar com moral para a fase final. O jogo ficou marcado por um show da torcida tricolor, que nas arquibancadas fez do 'Lepo Lepo', um hino.

09 - GAROTADA RESOLVE

Na partida de ida das semifinais do Campeonato Baiano, o Bahia sofreu para voltar a Salvador sem perder a vantagem que tinha. E foram os meninos da base que resolveram a situação. Depois de começar atrás no marcador, o Bahia conseguiu o empate com Jeam, que aproveitou o rebote de uma falta cobrada por Anderson Talisca, principal jogador tricolor em campo. Com o placar de 1 a 1, o Esquadrão voltou para Salvador com o direito de jogar por um empate para chegar até a decisão do Campeonato Baiano.

10 - FAHEL CARIMBA

No jogo de volta contra o Serrano, o Bahia não jogou bem e até sofreu na defesa. A equipe do interior fez a sua exibição de gala, na base do tudo ou nada. O Tricolor se segurou atrás e foi letal no ataque. Com um gol de Fahel, o Tricolor liquidou a fatura e venceu por 1 a 0. A partida ficou marcada pela homenagem do Tricolor aos 54 anos da conquista do primeiro título nacional do Bahia, a Taça Brasil, em 1959.

11- FILME REPETIDO, VANTAGEM INVERTIDA

O primeiro Ba-Vi decisivo foi decidido nos erros. E gigantes erram pouco. O Vitória errou apenas duas vezes. Mas gigantes sabem aproveitar o erro do rival. Em duas falhas do sistema defensivo do Vitória, o Bahia marcou duas vezes e repetiu o filme do Ba-Vi de 23 de março. Só que, desta vez, o resultado teve um diferencial. O Bahia inverteu a vantagem que era do rival. Com o triunfo por 2 a 0, com gols de Talisca e Fahel, o Bahia ganhou o direito de poder até perder para ficar com o seu 45º título estadual.

12 - 45 VEZES BAHIA!

O segundo Ba-Vi decisivo teve contornos dramáticos. Apesar de confusões dentro e fora de campo, o Bahia manteve o foco e não se amedrontou diante de um Vitória que começou o duelo partindo para cima. Se esperavam um Tricolor recuado, surpreenderam-se. Foi no equilíbrio entre defesa e ataque que o Esquadrão foi para o intervalo com o título em mãos: 2 a 0, gols de Fahel e Lincoln. No segundo tempo, um pressão rubro-negra e o empate: 2 a 2 em Pituaçu. Empate no placar eletrônico e troféu nas mãos do capitão Marcelo Lomba, que, como um gigante, surgiu no meio da massa de jogadores para levantar aos céus a lembrança brilhante e palpável da grandeza tricolor.


Fonte: GE.COM

Foto: Fernando Amorim/Futura Press