Postado por - Newton Duarte

Grupo da Morte: Que os 'grandes' se matem! Costa Rica classificada; Raio X e o Gol

Sí se puede: Costa Rica vence a Itália e se classifica no grupo da morte

Empurrados pela torcida, Ticos fazem grande partida na Arena PE, anulam Pirlo e garantem vaga para as oitavas. Azzurra tenta empate contra Uruguai

Os gritos de “Sí se puede” (Sim, podemos) funcionaram como um mantra. Uma espécie de sonho, um desejo enorme de vencer e conquistar algo que, para os outros, soava como impossível. Se o Grupo D é da morte, problema dos campeões mundiais, próximos de um vexame histórico – a Inglaterra está eliminada. A vitória por 1 a 0 sobre ninguém menos que a tetracampeã Itália leva a Costa Rica para as oitavas de final pela segunda vez na história da Copa do Mundo e coloca fogo na última rodada. Teve até “olé”. Sim, eles conseguiram.

O triunfo sobre o Uruguai na estreia deixou de ser uma surpresa. No embalo de uma torcida que brotou de todos os cantos da Arena Pernambuco, a Costa Rica voltou a jogar bem e foi quase impecável na marcação que anulou Pirlo. Bryan Ruiz marcou de cabeça no fim do primeiro tempo, logo depois de o árbitro ignorar um pênalti claro de Chiellini em Campbell.

Balotelli, que pediu um beijo da Rainha Elizabeth se marcasse e salvasse a Inglaterra da eliminação, pagou com a língua. Sem vencer os dois primeiros jogos de um Mundial desde 1990, a Itália poderia sair de campo praticamente classificada se não fosse o pé torto de seu principal goleador. Foram três chances claras desperdiçadas, todas na etapa inicial. Os europeus também fraquejaram diante dos quase 30 graus. A FIFA ignorou os pedidos e não permitiu a parada técnica.

A terceira rodada será como uma decisão. Itália e Uruguai se enfrentam, terça-feira, às 13h, na Arena das Dunas, em Natal. A Azzurra joga pelo empate por ter zero gol de saldo contra um negativo da Celeste. Quem vencer, avança. A Costa Rica, no mesmo dia e horário, cumpre tabela contra a Inglaterra, no Mineirão.

Jogadores costarriquenhos em êxtase comemoram o gol de Ruiz

Para a Costa Rica, calor só da torcida

Esqueça o calor, a umidade e qualquer outro componente que possa atrapalhar o desempenho de um time de futebol. A Costa Rica ignorou a todos. Correu como se espera de um time tecnicamente inferior, mas que vê nos 90 minutos seguintes uma chance, talvez, única de fazer história e se classificar no Grupo da Morte. O desvio de cabeça de Borges, quase marcando no início, inflamou ainda mais a torcida, maioria nas arquibancadas, com os gritos de “Sí se puede” (Sim, podemos). E eles puderam.

Balotelli abusa de perder oportunidades claras de gol

A Itália sofreu uma barbaridade com a marcação avançada dos rivais. A Costa Rica fez o básico: adiantou seus jogadores para travar a saída de bola de Pirlo e correu por todos os lados, todos os cantos, impedindo a Azzurra de acionar seu craque e chegar ao campo de ataque. De Rossi, Chiellini e Barzagli cansaram de tocar a bola sem saber o que fazer com ela. Campbell estava ali, pronto para assustar de novo.

Manter o ritmo frenético de marcação, porém, seria impossível com os quase 30 graus da Arena Pernambuco. Foi aí que a Itália começou a jogar. Pirlo ganhou espaço e fez a equipe crescer. Só faltou Balotelli jogar. O herói da estreia acumulou gols perdidos, chances claras: de voleio quase na pequena área, de cobertura cara a cara, chutando livre da entrada da área...E os italianos cansaram.

A Costa Rica conseguiu um fôlego extra nos minutos finais. Suficiente para ficar em vantagem no placar. Antes, jogadores e torcedores costarriquenhos foram à loucura. Campbell arrancou e foi derrubado por Chiellini na área. Pênalti claro não marcado pelo árbitro chileno Enrique Osses. Logo depois, aos 44, o gol. Díaz cruzou da esquerda, a defesa italiana parou e Ruiz desviou. A bola ainda bateu no travessão antes de entrar.

Bryan Ruiz só cumprimenta Buffon para fazer o gol da vitória costarriquenha em Recife

Segundo tempo é vez de Navas brilhar

Cesare Prandelli abandonou o esquema 4-1-4-1 e mandou a campo uma formação mais ofensiva no segundo tempo. O meia-atacante Antonio Cassano ocupou o lugar de Thiago Motta e fez a Azzurra acabar com a morosidade da etapa inicial. Navas, porém, apareceu. Um dos ídolos da Costa Rica, o goleiro salvou em chutes de longe de Darmian e Pirlo.

A empolgação azul acabou gradativamente Os Ticos rapidamente acertaram a marcação sobre Cassano e Balotelli e impediram novas jogadas de perigo. Prandelli mudou de novo para tentar abrir a defesa rival. Colocou o baixinho Insigne para correr pela esquerda. Depois, escalou Cerci pela direita. De nada adiantou.

Nas arquibancadas, os costarriquenhos se dividiam entre os gritos de “olé” e o “Sí se puede”. Era como se uma parte já sentisse a vitória próxima, e a outra não quisesse qualquer sinal de menosprezo diante de um adversário tão tradicional. Jorge Luis Pinto também trocou, colocando Cubero, Ureña e Brenes para reforçar a marcação e encontrar um contra-ataque mortal.

A Itália parecia conformada com o resultado. Não pressionou como se esperava, talvez não tivesse pernas para isso. Insigne ainda apareceu na entrada da área, mas mandou a bola nas nuvens. Brenes, nos descontos, ainda arrancou um "uuuhh" da torcida com um chute colocado, que passou raspando. Era o que faltava para a festa costarriquenha começar em Pernambuco.

Balotelli decepcionado e festa da Costa Rica, classificada para as oitavas de final do Mundial


Itália 0 x 1 Costa Rica

Copa do Mundo – Grupo D


Local: Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata-PE

Data: 20 de junho de 2014, sexta-feira

Horário: 13 horas (de Brasília)

Árbitro: Enrique Osses-CHI

Assistentes: Carlos Astroza-CHI e Sergio Roman-CHI

Cartões amarelos: Itália: Balotelli; Costa Rica: Cubero

Gol: Costa Rica: Bryan Ruiz 44’ 1º T

Itália: Buffon; Abate, Chiellini, Barzagli e Darmian; De Rossi, Thiago Motta (Cassano), Pirlo, Marchisio (Cerci) e Candreva (Insigne); Balotelli

Técnico: Cesare Prandelli

Costa Rica: Navas; Umaña, Duarte e Giancarlo González; Gamboa, Borges, Tejeda (Cubero), Crístian Bolaños, Junior Díaz e Bryan Ruiz (Brenes); Joel Campbell (Ureña)

Técnico: Jorge Luís Pinto

O CARA

Giancarlo González

Foram muitos os ataques (ou as tentativas de ataque) da Itália. Como a Azzurra não conseguiu ir bem nas jogadas pelo meio e na troca de passes, tentou o jogo aéreo e os lançamentos longos. González, atuando no meio da linha de cinco defensores, se consagrou. Fez quatro desarmes e seis interceptações no jogo. Sem precisar ser fantástico – até porque o ataque italiano ajudou muito -, o zagueiro foi eficiente e não deu espaços. E o time saiu de campo sem ser vazado.

O GOL

44’/1T: GOL DA COSTA RICA!

Descida pela esquerda de Júnior Díaz, perfeito na cabeça de Bryan Ruiz, que cabeceou na trave, a bola bateu dentro e o árbitro imediatamente deu gol.

A TÁTICA

Italia x Costa Rica

Italia x Costa Rica

A Itália foi no 4-1-4-1 para a partida, apostando em um meio-campo recheado de gente que sabe jogar para municiar Balotelli e controlar a partida, como fez no primeiro jogo, contra a Inglaterra. A ideia, em parte, começou a ser aplicada, mas longe de ter a mesma eficiência. A Costa Rica também apostou em um esquema parecido com o primeiro jogo, e novamente teve sucesso. Conseguiu dificultar a vida dos italianos, ao mesmo tempo que saia muito rápido para o campo de ataque.

A ESTATÍSTICA

493

Número de passes da seleção italiana na partida. Os costarriquenhos trocaram 288 passes. A Itália foi um tubarão sem dentes contra a Costa Rica, tentando morder uma presa sem matá-la. Mastigou, mastigou, mastigou a bola, mas depois a cuspiu.

Atuações: Bolaños e Bryan Ruiz são destaques; Balotelli pouco aparece

Meias da Costa Rica brilham na partida e dão trabalho à zaga italiana. Camisa 9 da Itália se esforça, mas desperdiça oportunidades e vê adversário vencer por 1 a 0

Header Costa Rica (Foto: Infoesporte)

KEYLOR NAVAS - GOLEIRO

Bem quando foi requisitado, Navas não foi intimidado por Balotelli:

NOTA: 6,5

CRISTIAN GAMBOA - LATERAL DIREITO

Conseguiu conter os avanços Darmian, mas não apareceu no setor ofensivo. Muito pela postura tática da equipe, que apostava em transições e saídas rápidas pelo meio de campo. <b>

NOTA: 6,5

OSCAR DUARTE - ZAGUEIRO

Nos primeiros minutos conseguiu levar a melhor sobre Balotelli, mas acabou sendo superado pelo

NOTA: 7

GIANCARLO GONZÁLEZ - ZAGUEIRO

Marcando em linha, teve dificuldades para acompanhar Balotelli, mas na disputa um contra um acabou levando a melhor sobre o atacante<b>

NOTA: 6,5

UMAÑA - ZAGUEIRO

Firme na marcação, o zagueiro só foi surpreendido quando Pirlo resolveu chamar o jogo e acertar longos lançamentos para Mário Balotelli.

NOTA: 7

JUNIOR DIAZ - LATERAL ESQUERDO

Um dos jogadores mais efetivos do ataque costarriquenho, Diaz foi responsável direto pelo primeiro dos Ticos, ao colocar a bola na cabeça de Ruiz. Com atuação segura na defesa, ele não deu chances para que Abate apoiasse o ataque italiano.

NOTA: 7,5

CELSO BORGES - VOLANTE

Responsável por dar segurança ao sistema defensivo da Costa Rica, Borges não se intimidou diante de nomes como Pirlo e Marchisio. Exceto em lances esporádicos, ele conseguiu conter o ímpeto italiano.

NOTA: 7,5

YELTSIN TEJEDA - VOLANTE

Bem na marcação, Tejeda também foi decisivo nas transições da defesa para o ataque.<b>

NOTA: 6,5

CUBERO - VOLANTE

Com pouco tempo em campo, Cubero mostrou que a habilidade não era o forte da casa. Levou um cartão amarelo três minutos após entrar em campo, mas manteve o bom nível de marcação no meio de campo.

NOTA: 6

CHRISTIAN BOLAÑOS - MEIO-CAMPO

Principal nome durante todo o primeiro tempo, Bolaños conseguiu adiantou a marcação, deixando os volantes da Itália “perdidos” na saída de bola.

NOTA: 8

BRYAN RUYZ - MEIO-CAMPO

Rápido e muito habilidoso, Ruiz atormentou a zaga italiana até conseguir acertar uma linda cabeçada, no final da primeira etapa

NOTA: 7,5

CAMPBELL - ATACANTE

Voluntarioso e muito participativo, Campbell foi o pesadelo do zagueiro Chiellini, que não conseguiu segurar a sensação dos Ticos. No entanto, não conseguiu levar perigo ao gol de Buffon.

NOTA: 6,5

MARCO UREÑA - ATACANTE

Não teve a mesma movimentação de Campbel, a quem substituiu, mas conseguiu segurar a bola no ataque da Costa Rica.

NOTA: 6,5

RANDAL BRENES – ATACANTE

Teve pouco tempo em campo, fica sem nota.

Header Italia (Foto: Infoesporte)

BUFFON - GOLEIRO

Recuperado da lesão no tornozelo, Buffon pareceu ser atrapalhado pelo sol em algumas saídas de bola. No entanto, o goleiro mostrou porque é ídolo italiano e salvou a equipe em algumas oportunidades. Não teve culpa no gol de Ruiz.

NOTA 6,5

ABATE - LATERAL DIREITO

Peça nula no ataque italiano, Abate foi apagado durante toda a primeira etapa e ainda deixou um espaço enorme para que Diaz apoiasse o ataque costarriquenho.

NOTA: 4,5

BARZAGLI - ZAGUEIRO

Lento, Barzagli teve dificuldades para acompanhar o toque de bola dos adversários. Pareceu confuso com o seu parceiro de zaga, Chiellini.

NOTA: 5

CHIELLINI - ZAGUEIRO

Errou praticamente tudo o que tentou fazer no primeiro tempo. Falhou ao tentar sair com a bola duas vezes e teve que contar com a ajuda do árbitro, que não marcou pênalti dele sobre Campbell. Não satisfeito, deixou Ruiz livre de marcação no lance do gol da Costa Rica, quando pareceu ter sido plantado no gramado da Arena Pernambuco.

NOTA 3

DARMIAN - LATERAL-ESQUERDO

Tentou auxiliar o ataque italiano, mas não teve muito êxito durante o primeiro tempo. Na segunda etapa, melhorou com a entrada de Cassano, mas sofreu com a forte marcação do adversário.

NOTA: 5,5

DE ROSSI - VOLANTE

Com a Costa Rica marcando de forma adiantada, De Rossi teve dificuldades para entrar na partida. Sem espaços, o volante limitou-se a tentar impedir as investidas do meio de campo adversário, mas por várias vezes não conseguiu evitar as tabelas entre Bolaños e Ruiz.

NOTA: 5,5

PIRLO - VOLANTE

Melhor jogador da Itália durante a primeira etapa, Pirlo foi o responsável pela maior chance de gol da sua equipe, ao deixar Balotelli na cara do goleiro, aos 31 da primeira etapa. Com passes precisos, o jogador conseguiu superar a marcação costarriquenha, mas esbarrou na falta de produtividade dos companheiros.

NOTA: 6,5

THIAGO MOTTA - VOLANTE

O Ítalo-brasileiro não cumpriu sua função em campo: Destruir as jogadas da Costa Rica. Quando tentou ir ao ataque, também não foi efetivo e perdeu uma boa chance na primeira etapa. Acabou substituído por Cassano:

NOTA: 4,5

MARCHISIO - MEIO-CAMPO

Pouco produziu no ataque e não conseguiu ajudar Pirlo, que tentava construir jogadas no meio de campo. Foi substituído na segunda etapa.

Nota: 5

CANDREVA - MEIO-CAMPO

Apagado enquanto esteve em campo, Candreva praticamente não chamou a atenção dos torcedores que estavam na Arena Pernambuco ao deixar o gramado aos 11 da segunda etapa, para entrada de Insigne.

Nota: 5

BALOTELLI - ATACANTE

Voluntarioso, Balotelli até tentou criar jogadas, mas perdeu um gol incrível na primeira etapa. No segundo tempo, sem espaços, o jogador perdeu a paciência e acabou recebendo um cartão amarelo ao se desentender com Diaz.

NOTA: 5,5

CASSANO - ATACANTE

Melhorou a movimentação ofensiva da Itália, mas não conseguiu construir jogadas de gol.

NOTA: 6

INSIGNE - ATACANTE

Mais participativo que Candreva, Insigne conseguiu criar boas jogadas ofensivas, mas também foi vitima do bom posicionamento tático da Costa Rica

NOTA: 6

CERCI - ATACANTE

Melhor atacante da Itália desde que entrou em campo, Cerci deu volume de jogo ao time comandado por Prandelli e conseguiu criar boas jogadas pelo lado direito.

NOTA: 6,5


Fonte: Carlos Augusto Ferrari e Elton de Castro /GE.COM - Felipe Lobo/Trivela

Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press – Wagner Carmo/Gazeta - PressReuters e AP