Postado por - Heitor Montes

Guto Ferreira comemora título da Copa do Nordeste: Sabor especial

Durante todo o primeiro semestre deste ano, o Bahia deixou claro onde estava o seu foco. A conquista da Copa do Nordeste foi tratada como prioridade pelo Tricolor, e o treinador Guto Ferreira não escondeu a alegria após o triunfo que garantiu a taça. Com gol de Edigar Junio ainda no primeiro tempo, o Esquadrão venceu o Sport por 1 a 0, na Arena Fonte Nova, na noite desta quarta-feira, e ficou com o título regional.

Na entrevista coletiva ao final do jogo, ao lado da esposa e da taça do Nordestão, Guto falou sobre o planejamento da diretoria, a campanha do Bahia, problemas de lesão de atletas e a participação de grande parte do elenco durante os jogos disputados no primeiro semestre do ano.

- Régis foi artilheiro [do Nordestão, com seis gols]. O Bahia levou quase tudo na competição. Também planejamos ganhar o Baiano. Perdemos por detalhes. Mas a Copa do Nordeste tem sabor especial. Valeu a pena, desde o planejamento em dezembro. Cada virgula, cada detalhe do projeto. [...] Chegar como a gente chegou, com a equipe correndo muito. Tivemos contusão por traumas, isso mostra que a equipe está bem no aspecto físico. Conseguimos administrar duas competições, chegar bem e vencer a principal. No final, o caminho que traçamos estava correto. Valeu a pena cada detalhe que fizemos. Acertamos, erramos. Não fizemos tudo 100% certo, ninguém é perfeito. Mas acertamos mais que erramos. Isso que vale – avaliou Guto.

O Tricolor chegou ao título com 100% de aproveitamento na Fonte Nova. Em Salvador, foram 13 gols marcados e nenhum sofrido. A equipe também termina a Copa do Nordeste com o artilheiro da competição: o meia Régis fica com o prêmio depois de marcar seis gols no caminho até a taça. A conquista regional foi apontada por Guto como título mais importante de sua carreira.

- Certeza [é o título mais importante]. Acho que, para a época, eu como treinador de base, os principais títulos do país, nós ganhamos. Títulos estaduais, nacionais, internacionais das mais variadas categorias. Chegamos a dirigir a seleção gaúcha, que viajou para o Uruguai para executar um período de treinos e jogos-treinos. Ganhamos dois jogos na fase preparatória, e o Uruguai chegou em terceiro na Copa do Mundo. Tinha Fórlan, Carine, Sorondo. Tinham vários jogadores destaques internacionais. A seleção gaúcha tinha Diogo Rincón, Paulo Cesar, que fez carreira no Criciúma, Adriano Chuva, Felipe. Acho que minha carreira, em termos de base, chegou a um patamar grande. Na função de auxiliar, só não ganhei Brasileiro e Copa do Brasil. Ganhei Libertadores, Sul-Americano. Fui vice da Copa do Brasil. Hoje na carreira de treinador, 2017 marca. De 2012 pra cá, minha carreira sempre tem um ponto marcante. 2012 e 2013 campeão do interior de São Paulo. 2014 vice brasileiro da Série B. 2015, campeão do interior, 2016 campeão catarinense. Com certeza esse é meu título mais importante com uma equipe profissional - disse o treinador.

A festa de Guto, no entanto, tem data marcada para terminar. No próximo domingo, o Bahia encara o Botafogo, às 19h (horário de Brasília), no estádio Nilton Santos, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Atualmente, o Tricolor ocupa a 7ª posição na tabela, com três pontos ganhos.

Confira abaixo outro trechos da entrevista de Guto Ferreira após a conquista da Copa do Nordeste:

Esposa e família
- Não lembro quem me perguntou quem eu teria ao meu lado na hora de comemorar. Está respondido. Meus filhos, por questão de escola, não puderam vir. [...] Tivemos a relação, ela sempre me acompanhou, meus filhos nasceram em Porto Alegre, onde ficamos mais tempo. Quando saí do Inter, em 2011, fixamos em minha cidade. Até 2015, os clubes em que trabalhei eram próximos, o que dava a oportunidade de estar duas vezes na semana em casa. Completou agora dois anos de ausência grande em casa, e com os filhos na adolescência. Quem segura tudo é ela, e ainda acha tempo de vir me ver quando meu trabalho impede de ir até lá. Ela no telefone, presente, é meu apoio. Junto com meus filhos, minha mãe, a família dela, que é fantástica. É minha ancora, meu porto seguro. Tudo que a gente faz é por eles.

Taça
- É pesado, né? É o símbolo de uma competição importante, que o Bahia colocou como principal, se planejou para conseguir essa conquista. Está presente aqui, veio para chancelar esse trabalho, um título de uma região forte no futebol. É uma competição importante. Conseguir o título, para um clube como o Bahia, depois de 15 anos, não tem preço. Principalmente dentro de casa, poder ofertar, fazer feliz uma torcida que merece muito mais, apaixonada, joga junto. Vem e não mede esforços para estar fazendo o que fez hoje. A festa foi maravilhosa.

Agradecimentos
- Só tenho a agradecer cada um que acreditou no nosso trabalho, cada funcionário, cada torcedor na rua, os que vieram para o estádio. É um momento especial. Como o Marcelo [Sant’Ana] falou, comemorar hoje, um pouco amanhã, e domingo tem mais, não vale mais nada. Ficou para a sala de troféu. Vamos, que o campeonato mais importante já estamos jogando.

O gigante acordou
- Espero que o torcedor possa entender o trabalho que vem sendo feito. Não é pelo Guto. É pela direção, pelos funcionários, comprometidos com o futuro do Bahia. Espero que entendam essa situação. Agradeço aqueles que se associaram. O Bahia é bicampeão brasileiro. Antes de entrar, o Feijão e o Anderson colocaram para o grupo que era necessário acordar esse gigante. O Bahia, com títulos, fica muito grande, a torcida se inflama, a força é muito grande. Só tem um jeito de acordar o gigante, não é só jogadores fazerem a parte deles, mas oferecer condições melhores de trabalho, e time mais forte demanda quadro associativo grande, demanda a cultura mudar e o torcedor se associar, fazer parte do processo. Inter, Flamengo, Palmeiras, Sport têm mais de 35 mil sócios. O mercado é muito difícil, a competição para trazer jogadores... Jogadores estão vindo por acreditar na grandeza do Bahia e na seriedade da administração. Outros, na hora do vamos ver, acabam pedindo um pouco a mais. Jogadores que têm condições de ser assim, deixam de vir. Trabalhamos com plantel mais enxuto, temos que achar solução, e vem cobrança. O principal existe no nosso grupo, entrega, comprometimento. Onde existe vibração, comprometimento, sempre vai existir algum tipo de sucesso. Se pequeno ou grande, não sei. Com o tempo, se constrói. Quanto mais tempo esse grupo ficar junto, amadurecer, mais vai ter condições de conquistar coisas importantes.

Campanha e rodízio
- Oportunizamos todos, sem exceção. Todos estiveram dentro de campo. Mais alguns, que, por contusão, ficaram fora. Outros, tipo o Juninho Capixaba, que jogaram mas atuam pelo Sub-20. Único jogador que não esteve jogando foi o Deijair, terceiro goleiro. Tivemos, no ano, uma faixa de trinta jogadores utilizados, isso é fantástico. Não é só o fato de colocar cada um. O revezamento que fizemos, com calendário difícil, jogos quarta e domingo, não tinha tempo de treino, conseguimos treinar. Demos consistência para uma equipe que teve a melhor defesa, melhor ataque e, eleitos por vocês, alguns destaques da competição.

Edigar Junio
- O Edigar só saiu da equipe por contusão. E a contusão abriu espaço para alguns jogadores jogarem mais do que estariam jogando. Que bom que citou o Henarne, eu cito o Jackson, peças importantes dentro da trajetória. Infelizmente, não engrossaram o caldo na final, não fortaleceram a equipe. Quem trabalha com grupo e busca fazer a todos importantes dentro da estrutura... O Matheus Peixoto jogou 10 minutos no Ba-Vi, e foi muito importante. Não tinha o Gustavo, o Edigar cansou, segurou a defesa do Vitória, quase fez gol, ajudou demais. Assim como ele, muitos outros. O Edigar não foge da regra. O que ele vem fazendo, para mim, não é novidade. É um menino fantástico, jogador de muita qualidade, habilidade. Conforme sobe nível de confiança, sobe a qualidade de jogo. Que alegria ver ele marcar um gol importante e marcar a história do clube.

Reforços
- A direção sabe, tem buscado, não é o fato de jogador chegar amanhã para fazer a diferença no domingo. Se acontecer, ótimo. Se não acontecer, não é culpa dele. Demora um pouco para entrar no processo, dar respostas. Enquanto não temos esse tipo de solução, vamos ter dificuldade no movimento do plantel. Sempre pode faltar alguma coisa, espero que não falte entrega dentro de campo.

Time para domingo
- Amanhã acabou a comemoração. Acabou tudo. É descansar, o desgaste foi medonho. Procurar colocar o que tem de melhor, fazer um jogo inteligente e buscar algum tipo de solução. Passou Botafogo, passou sequência de jogos, temos uma semana para assentar a casa e voltar com uma pegada melhor, diferente, não vai ter efeito rebote de jogo quarta e domingo. Nos momentos que tiver para descansar, vamos descansar, nos momentos que vamos jogar, vamos jogar nas mesmas condições de equipes que não jogaram.

Fonte: Globo Esporte