Postado por - Heitor Montes

Guto Ferreira nega atleta irregular e fala sobre momento decisivo: Hora da onça beber água

Guto Ferreira diz que trabalha com meta de três triunfos e um empate para garantir Tricolor na Série A e diz que “parte oculta do futebol” não cabe a ele

Falta pouco. Daqui a 19 dias, o torcedor do Bahia saberá o destino de seu clube: Série A ou Série B em 2017? Faltam apenas quatro jogos para a conclusão da Segundona para que o final seja selado e a próxima temporada, definida. É neste momento que a torcida prende a respiração, gruda o olho na tabela e apura os dotes matemáticos para analisar todas as probabilidades, os caminhos que podem levar a equipe para este ou aquele desfecho. E, dentro do clube, não é muito diferente.

O técnico Guto Ferreira é o primeiro a sacar a calculadora e traçar metas para a reta final do Brasileiro. Na tarde desta segunda-feira, antes do treino realizado na Arena Fonte Nova, o treinador concedeu entrevista coletiva e destacou as probabilidades para o encerramento da competição. Segundo ele, são necessários três triunfos e um empate nestes últimos quatro jogos para que o lugar do Bahia seja assegurado na Primeira Divisão de 2017.

Mais do que nunca, temos quatro partidas para sacramentar essa campanha de segundo turno. Se a gente conseguir sacramentar essa campanha do segundo turno, a gente vai conseguir atingir o que a gente busca, que é o acesso. São quatro jogos, onde alguns têm, teoricamente, jogos mais difíceis; outros têm, teoricamente, jogos mais fáceis. Teoria não entra em campo. O que manda é 90 minutos. E, cada 90 minutos, é uma guerra. E, a cada guerra, nós temos que sair vencedores. Eu calculo jogo a jogo, mas calculo que, com 66 pontos, obrigatoriamente, o Bahia subiria. Com 65, calculo que ainda exista possibilidades de algum tipo de coisa... [...] Para a gente entrar 100% hoje, são três vitórias e um empate. Três vitórias pode acontecer, dependendo das rodadas, dessa e da próxima. CRB ainda está correndo, pode chegar a 64 pontos. E o Luverdense pode chegar a 62. Tem uma chance pequena, mas, para ele chegar a 62, tem que brecar o Vasco. Tem uma série de situações correndo ali, que agora é o campeonato da matemática. Hoje, na nossa cabeça, são três vitórias e um empate. É assim que a gente trabalha. [...] Se a gente fizer, nesses quatro últimos jogos, um repertório de resultados semelhantes aos últimos cinco, fatalmente estaremos na Série A

Mas não são apenas os números os responsáveis pelo destino tricolor. Os reais protagonistas dessa saga estão dentro de campo – e com eles Guto Ferreira não precisa se preocupar. O treinador aproveitou para destacar o comprometimento dos atletas e decretou: chegou a hora que todos esperavam.

Se os caras não estiverem focados agora, vão estar quando? Mais do que nunca, agora é a hora do “vamos ver”... Podemos usar várias gírias, é a hora “de a onça beber água”... Não costumo usar o “tudo ou nada”, então é a hora do “tudo ou tudo”. É a hora que o jogador gosta. Tem que estar à disposição. Se nós batalhamos tanto até agora pelo momento do nós para que o “nós” nos conduzisse até esse momento, não é agora que eu vou permitir ou que o grupo vai permitir o “eu” imperar sobre o trabalho. Então todo mundo tem que se preparar da melhor maneira possível e estar disponível para, dentro da administração do grupo, o que a gente precisar os jogadores fazerem o melhor. Você vê que o Luiz Antônio saiu da equipe, entrou no decorrer da partida e acabou sendo deslocado, em determinado momento, para a lateral. Isso aí é espírito de grupo. Se o cara não estivesse junto, focado, tivesse qualquer tipo de situação adversa em relação à escolha que eu fiz para a aquela partida, ele não teria se dedicado, não teria se entregado, se não tivesse profissionalismo, se não estivesse comprometido com o grupo. E, assim como ele, outros tantos. Para cada jogo, a gente pode precisar de um guerreiro diferente. E, mais importante, o espírito que impera no nosso trabalho, é bastante demonstrado a cada gol que o Bahia faz nas comemorações, quase sempre são em grupo. Eles têm o prazer de comemorar juntos. Quem está fora entra, e quem está fora faz questão de vir para que a equipe toda possa comemorar junto. Essa energia é muito importante. E mais importante ainda é a energia que vem vindo das arquibancadas

Com números a favor, profissionalismo e 66 pontos, o final do Bahia será dos mais felizes. Nos últimos dias, no entanto, rumores têm ecoado pelo mundo do futebol dando conta de uma suposta irregularidade que poderia colocar o ano do clube baiano a perder: a utilização de um atleta irregular. O nome do suposto jogador não chegou a ser confirmado em meio aos boatos, mas Wesley Natã foi um dos citados no meio do zum-zum-zum.

Questionado sobre o assunto, Guto Ferreira classifica o rumor como “parte oculta do futebol” e garante que o que lhe cabe, que é o que ocorre nas quatro linhas, está sendo feito da melhor forma possível.

Não sei de onde o Wesley Natã está irregular. Toda hora surge um nome diferente. Esse jogo de bastidor não ocorre só nos bastidores, ocorre de uma série de maneiras diferentes. Mas essa parte oculta do futebol não cabe a mim, cabe lá dentro do campo. Dentro do campo, a gente vem procurando fazer o melhor serviço possível, o melhor trabalho possível. Graças ao desempenho desses meninos aí, que, a cada dia, procuram fazer o melhor.

Wesley Natã teve o nome citado em meio a rumores de atuação irregular (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação) Wesley Natã teve o nome citado em meio a rumores de atuação irregular (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)

O Bahia entra em campo nesta terça-feira, às 20h30 (horário de Salvador), na Arena Fonte Nova, pela 35ª rodada da Série B. Com 56 pontos, o Tricolor é o quarto colocado a tabela. O adversário amarga a lanterna, com 27 pontos. Os ingressos para a partida estão à venda.

Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Guto Ferreira.

O CAMINHO DO ACESSO

Acho que o Bahia só vai conseguir se mantiver o que está fazendo. Jayme, a cada jogo, faz um trabalho fantástico com a equipe, sobre as estatísticas, os números, as comparações. E o Bahia, neste momento, é a equipe que tem a melhor sequência, com quatro vitórias e um empate nos últimos cinco jogos. É o crescimento de uma equipe que hoje tem um dos melhores ataques da competição, está entre os três, uma das melhores defesas, o melhor saldo de gols. No segundo turno, está com uma das melhores campanhas. Então uma série de coisas mostram a evolução do Bahia.

MUDAR O ESQUEMA OU FORTALECER O PADRÃO?

A cada variação tática que você provoca, dependendo da situação, você vai procurar muito mais uma situação de mudança... E essa mudança pode gerar um resultado, mas ela pode não gerar esse resultado, porque, se você está vindo de 20 partidas pelo menos jogando dentro de um padrão, e aí você, de uma hora para outra, muda a mecânica, você tem que se adaptar a essa mecânica. Ela pode dar certo ou errado. É um risco. Você trabalha dentro desse risco ou em cima do aprimoramento do sistema, onde a individualidade do jogador e o conjunto, estando de uma maneira mais qualificada pela repetição, passa a ter um rendimento ainda maior. Você pega as maiores equipes do mundo, elas não mudam o sistema... Elas qualificam um padrão. E, dentro do padrão, pela qualificação, os jogadores acabam, individualmente, eles apareçam de uma maneira que faz com que o coletivo dá estabilidade, e o individual gera o desequilíbrio. O mudar o sistema simplesmente buscando desequilibrar o adversário vai depender muito da situação. Pode ser que mude uma ou outra coisa em algum momento, que a postura naquele momento tem que ser um pouco mais ou menos. Mas não coisas acentuadas. Porque são coisas que sejam de mais fácil adaptação e que o grupo já tenha feito coisas parecidas. Você mudar demais pode gerar situações de a equipe se perder na estrutura que você montou. Treinamento é uma coisa. Quando vai para o jogo, é outra coisa. São enfrentamentos, existe toda a parte emocional envolvida no meio...

Fonte: Globo Esporte